Minha palavra
Carlos Wagner
Sou lavrador
meu sangue, linfa e saliva
tudo
produz palavras, extensão de mim
ela sai dúbia, sai certa
sai com marcas, medos e vacilos
busco o ponto certo
evito, às vezes derrotado
não violar ou violentar
evitar o mal entendido
mas, na corda bamba
nada está seguro
mágoas podem chover
das nuvens de meu céu íntimo
posso errar o alvo da intenção
confundir, não clarear
matar, quem sabe?
ou sarar...
Faço silêncio
e com o coração repleto
escolho, ou não
flechas ou flores
doces ou amargas poções
Na real, a vida é experimental
recolho dores ou flores
nas relações, aprendo
e posso passar
ou sofrer novas fases
Palavras são lavras de um canteiro
um cultivo a ser compreendido
não importa se escritas
ditas com a boca e a língua
se digitadas, ditadas, gestos e sinais
virtuais, virtuosas ou nocivas
susurradas, berradas ou cantadas
adocicadas ou envenenadas
sou responsável
pai e mãe delas
elos de mim mesmo
ricocheteando no espelho pra mim
de volta ao criador indefeso
ou incauto
no inevitável auto conhecer
pra ver no que tenho sido.
Carlos Wagner
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