domingo, março 15, 2020

Tudo tem que passar, necessariamente...


Uma reflexão sobre o fim das coisas


Em 2007, quando a Banda brasileira "Los Hermanos" acabou, da qual sou ainda muito fã, o Pedro Maia, meu sobrinho, me perguntou: "E aí, tá muito triste com o término do Los Hermanos? Cê tá de luto?

Respondi: Pra quem já viu e viveu o fim dos Beatles, isso é fichinha!

Mas, dá para fazer uma reflexão mais aprofundada sobre essa coisa de "perder" ídolos ou coisas importantes. Fui longe e pensei nos momentos em que pude sentir essa coisa da perda, da morte, do fim de namoros, da despedida de quem vai para longe.
 É claro que existem dores mais fortes do que outras, principalmente aquelas ligadas a perdas irreversíveis, como a morte por exemplo. E no meu caso, e de muitos de nós, particularmente, a partida súbita do Rogério, meu irmão, em 1983. Foi uma das primeiras de todas na minha casa. É muito dura a experiência da morte.
Porém, vivemos todo os dias a morte de alguma forma, na descontinuidade das coisas. Nós queremos que muitas coisas durem, principalmente aquelas que são boas, simpáticas e prazerosas. Talvez a nossa incapacidade de viver o presente nos leve a esse tipo de desencontro. Estamos de tal forma ligados ao passado, à experiência boa ou ruim, que deixamos de verificar com plenitude as coisas do "agora". Ficamos, quase sempre, ou querendo preservar o prazer, ou buscando evitar a dor já vivida e conhecida. Vivemos, então, agora, ligados no passado e projetando o futuro. Abdicamos do "agora".
É claro que o que foi bom, seria bom viver de novo. Mas para isso precisaríamos estar nas mesmas condições em que estávamos quando da vivência daquela experiência. Como isso é impossível, tudo será sempre novo, seremos sempre outros, e as experiências nunca se repetirão.
Deveríamos, portanto, estar prontos para o sempre novo, mesmo que eles se referissem a coisas do passado. Uma música, por exemplo, a cada momento que a escutamos, obtemos emoções novas, percepções novas, como se a lente que nos permite enxergar, sempre providenciasse novos olhares, porque assim o é.
Por isso, não importa se os Beatles acabaram, o Led Zeppelin, os Novos Baianos e, é claro, o Los Hermanos mesmo! O que importa é que a obra desses artistas está aí para apreciarmos, e já não pertencem a eles, e podemos ouvi-las sempre, ou não!
Finalmente, perceber o fluxo das coisas é perceber a morte e a vida, a todo momento. Um leite que entorna, um ónibus que perdemos, um objeto que alguém rouba ou que perdemos, uma derrota de um time amado. Uma criança que nasce, um olhar de flerte, uma amizade que se inicia, uma chuva que refresca. Lá e cá, há sempre fluxo, entradas e saídas.
Quero então, a propósito, encerrar este texto com uma parte de uma letra de uma música do Marcelo Camelo, Los Hermanos, que diz:
"Quem acha que perder é ser menor na vida, quem sempre quer vitória, esquece a gloria de chorar",
e também do Rodrigo Amarante,LH, "então, tentar prever, serviu pra eu me enganar". Também Lulu Santos e Nelson Mota, "nada do que foi, será, do jeito que já foi um dia", e é claro, George Harrison, com a explícita "All things must pass” , toda ela.
"Fecho com Mário Quintana, "Todas as coisas passarão, Eu passarinho”!!
Carlos wagner


sexta-feira, março 13, 2020

Sinais nos tempos de sempre.

Novos velhos tempos, novos velhos virus.
A alma pequena dos homens mais uma vez olha perplexa e pergunta angustiada:

e agora, pra onde ir, por onde escapar?
E o velho Sísifo mais uma vez carrega sua bola de pedra, e inevitável ele voltará ao ponto de partida. E ele não olha para outro objetivo a não ser acreditar que essa pedra um dia ficará presa no topo, e a ilusão de monte, topo e pedra, tempo e esforço o cega completamente.
É assim que somos, cegados pelas vizeiras de nossos cabrestros, só enxergamos na reta de nossos objetivos egóicos. E quando lhamos para nossas energias e capacidades, às vezes cremos estar fortes, às vezes sabemo-nos muito fracos, mas pensamos sempre como um robô: É isso memso, a vida é assim! Vou me esforçar mais na próxima tarefa, na próxima subida,  na próxima promessa, nas próximas resoluções.
Porém, a condição de Sísifo nunca é minimamente questionada, seguimos com a culpa de sermos preguiçosos e indolentes, ou iludidos de nossas forças de vontade .Mas, como . Sísifo é um Deus, ou um mito com poder, somos orgulhosos de nossa condião de seres superiores nessa mata de animais terrenos. Somos o Rei da selva, inóspita e desértica da vida humana.Pobres diabos.
E mais uma crise nos atola de preocuação e angústia.  E nossa prisão torturante forjada a tempo e espaço, e três em mim imensões, cujas medidas relativas se transformam em nossas medidas de consciência, de Eus de nós mesmos, de medo e de autoestima fragilizada.

Até quando e quantum?

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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