Amor?
Carlos Wagner
Amor?
Carlos Wagner
Amor?
Muitos dizem, "tudo o que você precisa é o Amor"...
nas sessões, nos consultórios, nos motéis, nas igrejas, nas baladas, e nas caridades honestas....
Ah, o Amor,
Cantado pelos poetas, desejado por todos,
implicando bons e maus...
mas...
Como defini-lo?
É sentimento?
Bem-querer,
gostar, desejar, simpatizar, agradar?
Amamos?
Eu Amo?
Não sei, certamente...!
Pode ser,
porém, falta-me ainda a sabedoria! Isso Eu sei!
Amo, o indefinido infinito impulso em mim,
"aquilo", o Tao, o mais profundo transcendente em mim,
aquele ponto, faísca,
de quê e de onde "nada sei",
aquela partícula absolutamente impessoal em mim,
absoluta e resoluta luta em mim contra o medíocre ocre e "Ogro" eu,
o "sentindo-se" existir em avanço lento no inesperado "Bem" maior de tudo,
mesmo que a sofrer revezes importantes, por ignorância pura.
Amo o Amor daquele Amor maior que me chama lá do nada ser,
do nada prender, do nada reter.
Amo a figura calada em mim,
Esfinge, semblante da "Rosa setupla",
chacra aberto em chagas, no coração,
a flor de que nada sei até então,
até o hoje desconhecido mim mesmo,
aguerrido e lutador,
na inconstância da minha identidade mais do que indefinida, apesar da certeza de que ela é sombreada por uma sabedoria de fundo.
Amo,
e temo não poder amar tanto que não seja capaz de mergulhar na harmonia das sete centenas de universos íntimos de alegrias certamente "não-egocêntricas",
não pessoalmente revestidas de prazeres de um "eu" burguês que sou,
desejoso de riquezas, honrarias e poderes...
Amo,
e devo aprender a não desejar possuir o objeto desse Amor,
pelo impossível dessa possibilidade,
pelo anacrônico e paradoxal desejo que nasce em mim de querer abarcar esse Amor não sensato, não pensado.
Somente posso buscar enxergar além das barreiras e limites dessa não-forma que é o Amor,
Chama que me chama, me grita,
fogo perigoso,
que queima os incautos incontidos ignaros,
chamuscados pelo que pensam, erradamente, seja o Amor uma meleca sentimental de místicas percepções prazerosas, tristes e/ou autocomplacente...
Sim, entendo,
o Amor nada tem de um "gostoso querer",
de sentimento e emoção,
é puro fogo queimando nas retortas da "alquimia" da alma,
da qual meu Ego, inadvertidamente, se aproximou sem os devidos cuidados, como um desajeitado curioso em algum laboratório a correr perigo!
O Amor pode queimar quem dele pensa fazer possessivo uso, usuário que quer se ver livre de suas auto criadas consequências e respostas, das quais quer se livrar,
lambadas da vara que volta sem cessar,
sem dúvida,
por dívidas de vidas.
Bater na porta do AMOR?
Disse o Mestre: "Bate, e se abrirá"!
Quem quer bater nessa porta?
Pois então que saiba como bate e porque bate,
pois a resposta do Amor sempre vem,
impessoalmente deliberada,
e será pessoalmente recebida,
com látego e surpresa.
Amo,
mas sei,
Só quero aprender como amar o AMOR.
3 comentários:
Gostei muito desse texto sobre a impossibilidade de se definir AMOR.
O que é? Quem pode responder sem ser ele mesmo o AMOR?
Aí está a chave...Como ser o AMOR?
Muito bo. Isso mesmo!
Muito bom...corrigindo...
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