quarta-feira, outubro 25, 2017

Amor?

Amor?
Carlos Wagner

Amor?

Muitos dizem, "tudo o que você precisa é o Amor"...

Todos querem o Amor,
nas sessões, nos consultórios, nos motéis, nas igrejas, nas baladas, e nas caridades honestas....
Ah, o Amor,
Cantado pelos poetas, desejado por todos, 
implicando bons e maus...
mas...
Como defini-lo?
É sentimento? 
Bem-querer, 
gostar, desejar, simpatizar, agradar?
Amamos?
Eu Amo? 
Não sei, certamente...!
Pode ser, 
porém, falta-me ainda a sabedoria! Isso Eu sei!
Amo, o indefinido infinito impulso em mim, 
"aquilo", o Tao, o mais profundo transcendente em mim, 
aquele ponto, faísca, 
de quê e de onde "nada sei", 
aquela partícula absolutamente impessoal em mim, 
absoluta e resoluta luta em mim contra o medíocre ocre e "Ogro" eu,
o "sentindo-se" existir em avanço lento no inesperado "Bem" maior de tudo, 
mesmo que a sofrer revezes importantes, por ignorância pura.
Amo o Amor daquele Amor maior que me chama lá do nada ser,
do nada prender, do nada reter.
Amo a figura calada em mim,
Esfinge, semblante da "Rosa setupla",
chacra aberto em chagas, no coração,  
a flor de que nada sei até então, 
até o hoje desconhecido mim mesmo, 
aguerrido e lutador, 
na inconstância da minha identidade mais do que indefinida, apesar da certeza de que ela é sombreada por uma sabedoria de fundo.
Amo, 
e temo não poder amar tanto que não seja capaz de mergulhar na harmonia das sete centenas de universos íntimos de alegrias certamente "não-egocêntricas",
não pessoalmente revestidas de prazeres de um "eu" burguês que sou, 
desejoso de riquezas, honrarias e poderes...
Amo, 
e devo aprender a não desejar possuir o objeto desse Amor, 
pelo impossível dessa possibilidade, 
pelo anacrônico e paradoxal desejo que nasce em mim de querer abarcar esse Amor não sensato, não pensado.
Somente posso buscar enxergar além das barreiras e limites dessa não-forma que é o Amor, 
Chama que me chama, me grita,
fogo perigoso, 
que queima os incautos incontidos ignaros, 
chamuscados pelo que pensam, erradamente, seja o Amor uma meleca sentimental de místicas percepções prazerosas, tristes e/ou autocomplacente...
Sim, entendo,
o Amor nada tem de um "gostoso querer", 
de sentimento e emoção, 
é puro fogo queimando nas retortas da "alquimia" da alma,
da qual meu Ego, inadvertidamente, se aproximou sem os devidos cuidados, como um desajeitado curioso em algum laboratório a correr perigo!
O Amor pode queimar quem dele pensa fazer possessivo uso, usuário que quer se ver livre de suas auto criadas consequências e respostas, das quais quer se livrar,
lambadas da vara que volta sem cessar, 
sem dúvida, 
por dívidas de vidas.
Bater na porta do AMOR? 
Disse o Mestre: "Bate, e se abrirá"!
Quem quer bater nessa porta?
Pois então que saiba como bate e porque bate, 
pois a resposta do Amor sempre vem, 
impessoalmente deliberada, 
e será pessoalmente recebida, 
com látego e surpresa. 
Amo, 
mas sei, 
Só quero aprender como amar o AMOR.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito desse texto sobre a impossibilidade de se definir AMOR.
O que é? Quem pode responder sem ser ele mesmo o AMOR?
Aí está a chave...Como ser o AMOR?

Coutinho Sagrada e campos disse...

Muito bo. Isso mesmo!

Coutinho Sagrada e campos disse...

Muito bom...corrigindo...

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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