quinta-feira, junho 25, 2015

Contos da Sagrada: Naqueles tempos...



Petrônio deixou seu depoimento...
Anima aí, galera!!!




CONTOS DA SAGRADA

(ou SAGRADOS CONTOS)
Petrônio


“Eram outros tempos?
Sim!
Mas estão esquecidos, anacronicamente desbotados.
Eramos outros?
Sim. Cheios de esperança, confiantes … e muito mais ingênuos!! broken!!
O que mudou?
Mudou tudo. É tudo outra coisa, distante daquilo que imaginamos….
E dai? O que virá?
Impossível prever! Só nos cabe perseverar, lutar….
É nossa saga:
Mudar tudo! O nosso mundo pessoal e o mundo exterior também.
E vamos seguir tentando … apesar dos percalços, dos retrocessos e das perdas.
Agora, de forma mais ponderada, e mais silenciosa.
O norte é o mesmo: mudar internamente. E o resto virá por acréscimo.
As vivências são inestimáveis …; é um aprendizado que não se perde e não tem fim...”

“No início, olhávamos pra frente, sempre.
No meio da jornada, muitas vezes já não se olhava detidamente, pois era preciso pressa.
Hoje, o que vemos realmente, objetivamente?”


Pra que, porquê registrar coisas do passado?
Falar do passado, por melhor que seja este passado, é uma forma de ficar preso.
E é preciso mudar, seguir em frente.
Outro risco considerável é falar de algo que não foi objetivamente observado, e tomar esta lembrança psicológica, incerta, imprecisa, como verdade.
Bom, isto é complexo. E não há uma resposta objetiva, simples para esta questão.
Assim, vamos deixar claro: tudo aqui é ficção, obra sem qualquer relação com a história e/ou com a verdade.
Eu mesmo não confio, absolutamente, em nada que escrevo. E espero, sinceramente, que todos tenham este senso crítico ao ler o que se segue.
Leiam com o ouvido atento, com os sentidos em alerta. Observem e questionem tudo. Se isto acontecer, já terá valido a pena.
Então, vamos lá!


NAQUELES TEMPOS ...
Petrônio

Idos de 1970 …
Rua Pitangui, entre ruas Coronel Júlio Pinto e Caldeira


Brant; entre Bicas e Genoveva de Souza, Belo Horizonte/MG. Esta era a nossa “Praia”: eramos os “donos”, em todos (quase todos) os sentidos!

Este espaço era nosso, dia e noite; às vezes, até bem tarde da noite... Havia um rodízio, muito dinâmico: turmas diferentes sucediam-se, aleatoriamente. Ecléticas, sem padrão de idade, sexo, etc... Jovens agrupadas naturalmente, pela vontade de estar juntos, de formar um bando … e quase tudo dava liga.

Se a “reunião” não fosse da mesma faixa etária, os mais novos compareciam para ouvir: ingerir, ruminar, digerir … O resultado, era sempre saboroso. Estimulava, excitava, preenchia.

Rolava todo tipo de conversa: tudo era permitido, nada era proibido. Este radicalismo avassalador, era uma marca. Não interessava se os mais novos estavam próximos, se as meninas ouviam, se era cedo ou tarde da noite, se alguém falava alto, se falava baixo … tudo, tudo mesmo, rolava abertamente.

Naqueles idos, tempos de ditadura militar Brasileira, de repressão e controle social, havia este espaço urbano, livre e democrático, para todo tipo de manifestação: uma benção!

Na simplicidade, na rua, sentados no meio-fio, havia tudo o que precisávamos: liberdade (garantida por Pais e Famílias de Bem), esporte (as peladas de rua, as corridas de carrinhos de rolimã, etc.), cultura (livros que passavam de mão em mão; filmes exibidos gratuitamente em BH; música, ouvida e tocada, de todos os estilos), debates e questionamentos sem fim (sobre religião, política, arte, etc...).

Esta pesquisa por conhecimento era um objetivo de todos (uns mais, outros menos): queríamos respostas, respostas para tudo. E o debate alimentava e fomentava... 

Rica e intensa era a nossa vida: o clube funcionava 24 horas por dia, sempre em atividade, pulsante, rebelde, vigoroso. E recebíamos visitantes, de todos os estilos, de diversos bairros, com diferentes visões e experiências de vida. Os que iam chegando, trazidos por amigos, às vezes, por amigos dos amigos, contribuíam com biodiversidade (o quê?); sim, com experiência de vida, experiências cambiadas naturalmente, espontaneamente.

E tínhamos pressa, muita pressa: queríamos viver tudo, a toda hora, intensamente …. Contraditoriamente, o tempo, essa aceleração que hoje fustiga e oprime, não exercia pressão sobre nossas vidas.

Era leve e tranquila a vida: a pressa era nossa! Não era do tempo sobre nós. Como isto acontecia, como ter pressa e não sentir o tempo contra nós? Não consigo entender, nem descrever, objetivamente: mistério muito além da minha compreensão...


Um comentário:

Coutinho Sagrada e campos disse...

Olha aí, vale postar fotos também. Por isso, quem tiver fotos desse tempo, vê se naõ amarra micharia não!!!!

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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