sexta-feira, dezembro 28, 2012

Flávio Gikovate
Muito esclarecido e esclarecedor.
Vale a pena assistir!

http://www.youtube.com/watch?v=l-gYMAE-KHc&NR=1&feature=endscreen

sexta-feira, dezembro 21, 2012

Cinema Secreto: Cinegnose: A necrospectiva do fim do mundo


Teorias do fim, teologia, religiões e escatologia...
Tudo isso num texto bem escrito e aberto...
Vamos lá!




Cinema Secreto: Cinegnose: A necrospectiva do fim do mundo

domingo, dezembro 16, 2012

Cântico de Natal


De Wellington Kalil
Querido Irmão Carlos Wagner, mais que poeta, que vem de lá onde a poesia é incrustada com as cores e as armas da pedra de jade, bem-aventurado das terras de Poetribulações, eu também te saúdo “com o olho dos poros da pele eletrizados “ que linda aliteração essa aí, e ninguém vê? Ninguém consegue ver o que o poeta diz, nem o que a poesia quer dizer: “bebendo do que se apresenta aos sentidos alertas/ Abertas passagens para o ser em crise...”, isso sim é cante barra pesada , a palo seco, como diria João Cabral de Melo Neto, eu toquei a palavra cortante como se fosse o êxtase de uma guitarra, e pensar que mal começamos a viver, e mal sabemos o que está “atrás de seu íntimo sentido”, gosto de ler o que você faz, gosto muito de dedilhar o desenho que suas cordas projetam, ainda que para isso se tenha que entender o “essencial domínio do meu eu assustado./ Um menino medroso”. Que bom podermos moldar o canto com o éter, misturar vento, fogo, terra  e a libido das águas, façamos enquanto é tempo, o quanto pudermos. Então, eu envio o meu cântico: 
CARTA DE NATAL-
Enfim distintos parceiros inesquecíveis amigos sedentos alcoólatras do impecável álcool da palavra e deste trânsito em que faço jus às bem traçadas linhas rebentos do punho matemático desta máquina que ora me assiste
Onde não se desatam dúvidas como nos meus sentimentais garranchos
Através do qual (punho matemático) aproveito para chapar os meus protestos de um Feliz Natal e Próspero Ano Novo como manda o figurino
Faço votos de que o tenhais desfrutado enquanto fruto de boas festas como se fosse carnaval ou um dia de clássico de futebol  
Informo-vos que logo voltaremos ao ângulo da realidade daqui a pouco a casa caiu
                        Fogos de artifício a dança crocante das especiarias na ampola pop dos lábios mesas amendoadas castanholas de beijos e abraços cobertura de sonhos e sorrisos doces assados dourados de dar água na boca serão cinzas cinzas e nada mais
                        Que nada sobreviverá ao buraco negro das vaidades restará talvez um enfadonho clip caseiro no eclipse total de coisa engavetada quiçá impossível de ver rever ouvir
Mas por favor não ignorem o que solenemente e do fundo da minha desconhecida alma eu deixei escapar como um Feliz Natal é que eu me entrego numa poção de cauim com enredo de benjoim onde sangra um rock’n’roll banhado em flechas com zanga de curare
Talhado no venerável alfanje de minha querida mãe Iansã mulher de Xangô
Era tudo o que eu queria era o presente que me redimia
Sinceramente, 
Wellington Kalil 

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Reflexão sobre o desânimo no Caminho


Reflexão sobre o desânimo no Caminho
Carlos Wagner

Quando bate uma natural cegueira e, por isso, um desânimo quanto à meta à nossa frente, é preciso ter calma.
Refletindo sobre a às vezes crueza da caminhada rumo à autorrealização, deparamo-nos com momentos de prostração e falta de ânimo. O mundo parece ser uma insensata esfera, um lugar sem sentido, sem beleza e sem ar. O caminho do autoconhecim
ento nem sempre nos agrada, pois revela nossa alma pequena, carente, sem o brilho da Luz verdadeira. Queremos um colo, ficamos inquietos e, muitas vezes, rebeldes com a natureza de nossa situação. “Por que mesmo fui escolher este caminho?”

Nessas horas, parece que vamos sucumbir ante tão magna tarefa de buscar o Espírito, ou pelo menos de criar condições para que Ele possa encontrar acolhida em nosso sistema, em nossa consciência. E então, mais fácil nos parecerá entregar os pontos e nos entregarmos à normalidade da vida humana, da mesmice dos homens que vivem como uma manada pronta para absorver o alimento astral da vida mesquinha. E o normal é a burguesa vida de satisfazer nosso ego infantil, velhaco e astuto, mas infantil. E então, pensamos assim: “a vida da humanidade é assim mesmo, não há nada além do cotidiano sofrer e ter prazer, da dor e das delícias que são mesmo efêmeros, que passam e nos encontram “assim”, de bem, ou “assado”, de mal com tudo e com todos.”
Nosso desânimo nos impele para uma aceitação fácil de que “não vale a pena o esforço, a luta pela subida ao monte à procura do mestre”.

Pobre decisão essa que nos faz pensar que o caminho é longo demais, que a luta é ilusória, e que o certo é deixar a vida seguir um curso medíocre porque assim deve ser, e que, iludidos sonham os espiritualistas que se entregam a uma vida de busca e de dedicação, acreditando num bem maior.

Que fazer, perguntamos, se nossas forças se foram? Como suportar a solidão dessa ilha de Patmos? Sim, traindo João, queremos fugir para a normalidade da vida burguesa, em multidão, em entrega aos prazeres possíveis, posto que certos, como um ser humano comum?

Talvez aí nossas incertezas sejam caladas e abafadas, nossa consciência fique adormecida e nosso sofrimento de peregrino termine. Que alívio!

Pobre ilusão! Mais cedo ou mais tarde essa tarefa da autorrealização terá de ser enfrentada, pois a vida humana nesse fim de mundo cósmico é a vida de porcos perdidos no lodaçal da casa prisão, cármica, e que daqui todos nós teremos que sair um dia a convite do Pai das Luzes, para o que, foi traçada uma trilha única que começa no coração, e que conduz para fora da casa da servidão. Mais cedo ou mais tarde, com uma dívida talvez maior, teremos de enfrentar o caminho sempre difícil da autorrealização.

Que seja agora então, para aqueles que sabem que não há tempo a perder! Vençamos esse momento de desânimo, firmemos as pernas, fixemos nosso olhar no horizonte à frente e não desistamos da corrida em busca do ouro do Espírito! O Próprio ouro nos impulsionará nessa empreitada.

Carlos Wagner

sexta-feira, novembro 02, 2012

O papel do PSDB hoje



de Jotavê


"O PSDB tornou-se refém de um discurso raivoso e cheio de preconceito. Sua base eleitoral (ou parte significativa dela) se identifica com a truculência verbal, e se regozija entretendo o pensamento ilusório de que constitui uma espécie de "elite intelectual" capaz de ver na política profundezas de que as pessoas comuns não desconfiam.

Mais ainda. Esses militantes se veem como uma espécie de "elite ética" da nação, numa postura muito semelhante àquela que caracterizava o petismo nascente. A diferença é que, no PT da década de 80, esse sentimento era de algum modo justificado. Enquanto os outros partidos montavam suas campanhas com dinheiro doado pelas grandes corporações, ou simplesmente surrupiado dos cofres estatais pelas vias conhecidas, os petistas sustentavam o partido na base de rifas, quermesses, almoços e recolhimento de um dízimo do salário dos militantes eleitos. Sentiam-se diferentes, e ERAM diferentes. Parafraseando Woody Allen, os tucanos de hoje têm todos os sintomas da tal "superioridade ética", mas não têm a "doença". São santinhos do pau oco, caras-de-pau fingindo a preocupação ética na sala de visitas e recolhendo a graninha da Alston no quintal.
Seja como for, essa mitologia é poderosa. Basta ler os blogs que os tucanos frequentam para sentir isso imediatamente. Qual é a mitologia divulgada ali? O autor do blog se apresenta como um homem de cultura e sentimentos éticos superiores que se dirige a seus pares - uma elite que é mais inteligente, mais culta, mais educada e moralmente impoluta. Nada os abate. Dão capa para o Arruda e, quando este é pego com a boca na botija, dão capo a ao Demóstenes. Sai Demóstenes, entra Joaquim Barbosa, que deverá ser logo logo vomitado das primeiras páginas, assim que se constatar que ele representa muito mais um perigo que uma esperança. Veremos.
Pouco importa. Cai um santo, outros são prontamente fabricados, e o eleitor tucano segue firme na sua convicção de que pertence ao mundo dos bons e dos justos. O Professor Hariovaldo foi quem melhor captou essa mitologia no registro do humor. Nem seria necessário. Ela não está oculta. Está escancarada nos textos com os quais essa gente se identifica e na qual sorve sua dose diária de satisfação narcísica.
O PSDB tornou-se, portanto, refém do eleitorado preconceituoso e reacionário que criou. É ali que tem sua base mais firme, seu militante entusiasmado, que vem às redes repetir termos como "apedeuta" e "petralha" de boca cheia."

quarta-feira, outubro 10, 2012

Ao Jornalista Paulo Henrique Amorim

Meu nome é Miruna Kayano Genoino e sou filha de José Genoino Neto. Como parece ser raro encontrar jornalistas em que se pode confiar, decidi apostar neste e-mail que não sei se é correto, porque parece que você tem sido capaz de trazer outro olhar ao que vem acontecendo em nosso país.

Se puder, gostaria que lesse o texto que é o desabafo não só meu, mas de toda nossa família.

Um abraço,

Miruna





Em tempo: ao se demitir de cargo que ocupava no Ministério da Defesa, José Genoino leu a seguinte nota:





terça-feira, outubro 09, 2012

A Igreja do Amor


Texto lido na Conferência da Rosacruz Áurea no Sul da França, USSAT - Região Cátara

A igreja do amor
Não existe como forma fixa só existe pela mútua harmonização dos homens.
Só tem por membros aqueles que sentem pertencer-lhe.
Não tem rivais, pois não concorre contra nada.
Não tem ambições, pois apenas quer servir.
Não traça fronteiras, porque o amor não faz tal coisa.
Não se encerra em si mesma, pois tenta enriquecer todos os grupos
e todas as religiões.
Respeita os grandes mestres de todos os tempos,
que revelaram a verdade do amor.
Quem lhe pertence, exerce a verdade do amor com todo o seu ser.
Quem lhe pertence, sabe isso.
Nada faz para doutrinar outros, tenta apenas ser, e através do seu ser, dar.
Vive na ciência de que a terra é um ser vivo de que somos parte.
Sabe que chegou a época da última revolução;
liberta do apego ao eu, de volta à unidade de livre vontade.
Não se dá a conhecer em alta voz, trabalha no domínio livre do ser.
Curva-se ante todos os que iluminaram o caminho do amor
e deram para isso a sua vida.
Não tolera precedências nas suas fileiras, nem tão pouco estruturas rígidas.
porque ninguém é maior do que os outros.
Não atribui recompensas, nem nesta vida nem na outra,
só dá a alegria do ser no amor.
Os seus membros reconhecem-se entre si pela maneira de agir, pela maneira de
ser e pelos olhos, e por nenhum gesto exterior que não seja o abraço fraternal.
Não conhecem medo nem vergonha e o seu testemunho será sempre válido,
tanto em tempos bons como em tempos maus.
A igreja do amor não tem segredos, mistérios ou iniciações,
mas tem um grande conhecimento do poder do amor,
porque o mundo vai mudar assim que nós, os homens, o quisermos,
mas só porque nós mudamos primeiro.
Todos os que sentem pertencer-lhe, pertencem-lhe.
Pertencem à igreja do amor.
Ussat 2012

sexta-feira, setembro 14, 2012

Cientistas ampliam o foco da crise ambiental, tirando do centro mudanças climáticas

É preciso reconhecer direitos dos seres vivos



Autor: 
 
Cientistas ampliam o foco da crise ambiental, tirando do centro mudanças climáticas
Estoque de biodiversidade no mundo sofreu perdas irreparáveis pela ação predatória do Homo sapiens

O Centro de Resiliência de Estocolmo (Stockholm Resilience Centre), formado por 28 cientistas, dividiu a crise ambiental em dez problemas a serem solucionados - um deles, apenas, se trata do aquecimento global. O objetivo foi ampliar o debate, tirando do foco as mudanças climáticas, consideradas por muitos fora do alcance e das responsabilidades humanas.

O grupo também desenvolveu o conceito de “espaço seguro de manobra”, ou espaço seguro de ação, para que a humanidade solucione as crises ambientais divididas em dez grandes tópicos, sendo que em três deles, já teríamos rompido o espaço de manobra, ou seja, não há mais como reverter os processos de perda. São eles o estoque de biodiversidade e o ciclo de nitrogênio (sua aceleração em rios tem resultado na eutrofização, ou morte de plantas e animais). O processo de mudanças climáticas, defendido pelo grupo como de responsabilidade humana, está próximo de perder qualquer possibilidade de reversão.
Os outros sete grandes tópicos da crise global são: a depressão da camada de ozônio; escassez progressiva de água doce; acidificação dos oceanos (redução do pH); uso indevido do solo; produção de poeira excessiva na atmosfera; poluição do solo (aumento de circulação de produtos químicos) e aumento do ciclo de fósforo.

O professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Arthur Soffiati, que acompanha os estudos do Centro de Resiliência desde 2009, confirma que abordar a crise ambiental, colocando no centro das discussões a responsabilidade humana sobre o aquecimento do planeta, não tem dado resultados a ponto de alterar a relação que temos com a natureza, fruto da visão de que os recursos naturais e os demais seres vivos existem para servir e são ilimitados ou substituíveis graças às evoluções tecnológicas.

Soffiati estuda a relação entre a humanidade e o meio ambiente há 35 anos, e entende que a única forma de existir uma reação coletiva capaz de reverter à crise ambiental em curso “é politizar a discussão, conscientizar as pessoas de que os seres vivos têm direitos”, de existirem e de se reproduzirem no seu habitat natural.

“Enquanto não houver entendimento acerca dos limites do planeta, é inútil pensar em justiça social e desenvolvimento econômico”, completa.
O esquema, com o centro verde que representa o ideal, por assim dizer, de exploração, demonstra que a terra tem uma capacidade grande de se adaptar às agressões humanas. Ainda assim, perdemos qualquer possibilidade de reversão sobre a perda da biodiversidade e aumento exagerado do ciclo de nitrogênio.

O real desafio

Mudar a relação entre a humanidade e o meio ambiente requer superar uma concepção de mais de quinhentos anos, ou desde que o sistema econômico desenvolvido na Europa Ocidental, por volta do século XV, foi fortalecido e levado para as demais culturas humanas, pondera Soffiati.

“Quem poderia imaginar que as sociedades e as culturas japonesa e chinesa, que tiveram relações equilibradas com a natureza, com alguns casos de transgressão, acabassem aceitando a concepção ocidental, de que o mundo é uma coisa que pode ser manipulada, aproveitada e que não tem limites, nem para a extração, nem para receber os dejetos do processo produtivo?”, questiona.

A economia de mercado (ocidental) transformou a concepção de bens de uso em bens de consumo, que gerou o ‘consumismo’, significado para ‘consumo exagerado’, ou seja, aquisição de objetos supérfluos.
O professor entende, também, que usar como exemplo a relação que muitas comunidades indígenas têm de equilíbrio com a natureza não será suficiente para que a humanidade encontre a saída para a atual crise do meio ambiente.

“Para começar não temos mais florestas para atender todas as pessoas. E, segundo, a atual organização de nossas cidades é muito mais complexa, então precisamos lançar mão de tecnologias e novos conhecimentos para encontrar saídas”. Soffiati prevê que seja preciso convencer as pessoas e os governos de que os sistemas ambientais e seres vivos são detentores de direitos.
Para tanto, é importante que as pessoas comuns deem um salto de consciência no sentido de formar um elo entre os problemas ambientais que já enfrentam nas cidades (enchentes, falta de qualidade do ar, alto custo de vida), com o problema da superexploração e uso dos recursos naturais. Ainda assim, a crise alcançou um patamar em que os esforços individuais não proporcionarão mudanças suficientes, ou seja, "apenas as ações em nível mundial trarão os resultados que precisamos", conclui.

Poetribulações


Poetribulações
Carlos Wagner

Poetribulções, na lata, é o que fica e cai no mesmo ponto,
perverso ponto de reflexos indigestos individuais, 
indivíduos "ais" de dores do Mundo,
num processo shopenhaueriniano de realismo.
A caminho, sem certeza, na erreza de curvas e retas,
atento, com o olho dos poros da pele eletrizados,
bebendo do que se apresenta aos sentidos alertas.
Abertas passagens para o ser em crise,
atrás de seu íntimo sentido,
essencial domínio do meu eu assustado.
Um menino medroso.

Carlos Wagner

segunda-feira, setembro 10, 2012

E-mails Entre irmãos


Caro Poeta Carlos Wagner, boa noite, UMA COISA PUXA A OUTRA - pela fresta/resta/esta janela: esta noite eu estou às margens do sagrado rio Nilo, devorado pela majestade da Esfinge de Guiza, eu chorei a seus pés, eu estava chorando ainda há pouco, e num privilegiado milésimo de segundo, eu fui transfigurado em lágrima, eu vi uma gota de lágrima quente do tamanho do mundo, desse tamanho eu pude vislumbrar a dor de cada espécie, de cada pedra, de cada ser, de cada um de nós, y essa gota onipresente não nos condena, pelo contrário, era a remissão, ela estava ali me dizendo, uma única lágrima  como depósito de tudo e de todos, não nos condena, amantes de tudo sob o sol, eu vi, ouvi e vivi, através dessa consubstanciação, num infinitesimal tempo de segundo, que a morte é uma ficção sentimental e matemática, que eu chorei muito até os ossos, ninguém sabe o que é isso, onde tirar leite das pedras é fichinha, que além disso, existe um lugar em que não coexistem tempo e espaço, um sítio anterior ao Big Bang, onde eu cantei o supremo funk da esperança, que a morte é a Primavera, os simbolismos estão errados, eles não significam mais nada para mim, a morte não é o capuz empunhando uma foice inexoravelmente afiada, o Ceifeiro já era, o que existe é uma linda deusa virginal e envolta em vestes luminosas como o Sol nascente, entronizada no altar do oriente das montanhas de minha querida Minas Gerais, a morte é uma amorosa rainha que nos acolhe no seu reino de seios fartos e perfumados de mel do qual eu pude provar no imponderável, foi ela quem despertou em mim o uirapuru da poesia e me fez cantor apesar do emaranhado, é Ela que nos liberta enfim de toda a arbitrariedade e do livre arbítrio. É isso aí.    
Kallil



Poeta é você meu amigo


Abençoada fresta, por onde uma festa mista, insista na mixórdia, diapasão de uma busca por um Lá tão distante, ou um Si em si mesmo, mesmo que espalhado nos nós que somos, nós górdios, a serem cortados pela espada das lágrimas empedradas que distinto momento dos que nos surgem nas luzes das frestas, mesmo que de noite, mesmo porque luminosas noites de vigílias impostas por momentos de grande visão.


Que a esfinge não te devore no mesmo instante em que das flores aflorem dúvidas de um não se saber o que se pode responder sobre o que se é, na verdade um vir a ser imenso, mesmo que manso, mesmo que não ser. Que as minas, geralmente gerais, gerem o maná que nossos pais nem sempre entenderam, mas que jorraram dentro de nós através de nossas infâncias e rebeldes juventudes.
Que nestas frestas fendidas no sangue de nossas dores possam arreganhar as bocas dos nossos anseios e alimentá-los de manás do cordeiro.


É isso aí meu mais que irmão,
sempre seu confidente das inconfidências setembrinas.


Carlos Wagner, seu admirador

quinta-feira, julho 26, 2012

Pat Metheny e Charlie Haden
Jazz muito gostoso.
http://www.youtube.com/watch?v=44tZYqw3oJ8&feature=player_embedded


segunda-feira, julho 23, 2012

Telo Borges: TRISTESSE E O GRAMMY

Telo Borges: TRISTESSE E O GRAMMY: No meu primeiro cd " vento de maio" tem na última faixa um tema instrumental que eu fiz inspirado num show maravlhoso que eu vi aqui em bh d...

segunda-feira, julho 16, 2012

Rabindranath Tagore

46 - do "Gitanja `Li"
coleção Rubáyát

Não sei de que distantes tempos está
sempre vindo, cada vez mais perto,
ao meu encontro.
O teu sol e as tuas estrelas nunca
poderão esconder-se de mim para sempre.

Por várias manhãs e várias tardes os
teus passos foram ouvidos e o teu
mensageiro entrou no meu coração
e chamou-me em segredo.

Não sei porque está tão agitada hoje
a minha vida, e porque me está
atravessando o coração um sentimento
de trêmula alegria.

É como se estivesse chegado a hora
de dar por findo o meu trabalho;
e sinto no ar um aroma da tua presença.
________________________________________________


09 - do "Gitanja `Li"
coleção Rubáyát

Ó insensato, que tentas carregar-te a ti mesmo sobre teus próprios ombros! Ó mendigo, que vens mendigar à tua própria porta!
Deixa teus fardos todos nas mãos de quem tudo pode sustentar, e não olhes nunca para trás com pesar.
Teu desejo apaga a luz da lâmpada, mal seu sopro a alcança. Ele é ímpio - não receba das suas mãos sórdidas os teus dons. Aceita apenas o que é oferecido pelo amor sagrado.

Rabindranath Tagore, um grande do Espírito, deixou-nos poemas e poesias que nos tocam em nossa mais profunda busca pelo ser de Deus que está em nós.

_______________________________________________________


Disse um escritor em um prefácil: A poesia tagoreana conduz a uma visão de santidade, de serenidade, na contemplação geral - visão que as gerações atuais mal podem compreender, (...) No entanto, talvez toda essa trepidação seja momentânea e superficial. Não será impossível o renascimento de Tagore, quando esta onda turbulenta e caótica se acalmar, quando os jovens acreditarem na supremacia do Espírito sobre todas as coisas e a sabedoria não for ignorada no Ocidente tão técnico. (...) Tagore guarda em suas palavras e em sua figura uma expressão de eternidade que o torna um fantasma esplêndido.

domingo, julho 08, 2012

Uma reflexão
Carlos Wagner
Buscando uma reflexão sobre "religião" e também sobre "espiritualidade", com aspas provocantes...
É possivel perceber que muitas religiões poderiam mesmo ser chamadas de materialistas e pouco espirituais, tendo em vista o foco na matéria, seja pelo medo, seja pela vontade de ter sucesso na vida material, de não ter doenças, e de não ser próspero.
Tudo bem, pois cada um tem a sua fé. Já diz um aforismo dos Rosacruzes que "onde estiver o teu coração, ali estará o teu tesouro". E onde está o coração de cada um?
A que me dedico cotidianamente?
A palavra religião nos remete diretamente à expressão "religação". Sendo assim, por esta via, religião é imprescindível na vida de todos os seres. Todos, desligados da origem "Espiritual", com o "E" maiúsculo, se dedicam à essa religação. Gandhi dizia aos cristãos que o interpelavam: - Aceito o teu Cristo, mas não o o teu cristianismo.
Pois aí está o grande perigo. Não há culpa nas "religiões" quando elas se tornam sectárias e totalitárias, mas sim nos religiosos. O religioso pode muito bem ser um ser egoísta e materialista, independente de sua fé numa religião. Eles podem usar a religião em interesses próprios, e quase sempre inconfessáveis! Talvez até defendam um nucleo de poder instituído onde somente a sua ideia de "deus" e de "messias" sejam a única religiosidade a existir. Muitos adoram a Bíblia, o Alcorão, ou outros livros sagrados, outros vivem repetindo Paulo, Buda ou Krishna. Vivem mesmo pendurados em dogmas e pouco se conhecem. Quando se juntam e criam "religiões", criam grupos de religiosos, vivificam um "espírito grupal" e caminham sem se perguntarem se assim são realmente transformados. Mas o grupo lhes dá uma ilusão de proteção. E a verdadeira "espiritualidade" passa longe do Espírito.
Desta forma, devemos estar atentos com relação a tudo que fazem os "religiosos", homens e mulheres comuns e carentes do Amor Maior que a ninguém exclui, "sem ascepção de pessoas", sejam devotas, pecadoras, descrentes, tementes ou temerosas.

Onde está o teu coração? A que tesouro buscas?



Carlos Wagner

segunda-feira, abril 23, 2012

http://www.advivo.com.br/documento/a-educacao-que-temos-e-a-sociedade-que-queremos


A educação que temos e a sociedade que queremos

Há décadas ouvimos o discurso de que é preciso melhorar a qualidade da educação no Brasil, de que essa qualidade é essencial para o desenvolvimento do país etc etc. Hoje, vários programas públicos, assim como movimentos da sociedade civil, carregam esta bandeira, mas o que é, afinal, esta qualidade? Que qualidade queremos? O Plano Nacional de Educação, avaliado em 2010, só teve 33% das suas metas cumpridas, entre 2001 e 2008, e foram apenas as metas quantitativas. Das metas qualitativas nada foi conseguido, muito pelo contrário, elas pioraram. A taxa de repetência no ensino fundamental aumentou de 21,7% em 2001, para 27,7% em 2007, e a evasão no ensino médio aumentou de 10% em 2006, para 13,2% em 2008.
Depois de tantos planos fracassados2, fica claro que a raiz deste problema ainda é desconhecida pelos nossos gestores públicos. Reconhecidos estudiosos da educação, como Edgar Morin3, Francisco Imbernón4, Saturnino De La Torre5, Isabel Alarcão6 e tantos outros, já nos alertam há anos que o grande obstáculo para oferecermos uma educação adequada às demandas do nosso tempo, se encontra no âmbito das relações humanas, na qualidade das relações humanas na escola, em especial durante o ensino infantil e fundamental, um período fundamental para o desenvolvimento humano.
No Brasil, o foco da relação do professor não é com os alunos, mas com o conteúdo, e os sistemas oficiais de avaliação do ensino, focados em notas, também estimulam esta cultura. Embora a formação em pedagogia, teoricamente, prepare o professor para lecionar em qualquer ano do ensino infantil ou fundamental de 1º ao 5º ano, ele se especializa no conteúdo relativo a um único ano escolar, e a cada ano pega uma nova turma de alunos para ensinar o mesmo conteúdo. Assim, ele não se compromete com o desenvolvimento e o sucesso futuro dos alunos. Se a criança tem dificuldades é cômodo transferir a culpa para a família ou o para o professor anterior, e ela será problema do próximo professor. Também é fato que, para se manter com um baixo salário, é comum o professor assumir uma carga horária muito alta, trabalhando em vários períodos, o que inviabiliza um envolvimento mais profundo com seus alunos. Nossas políticas públicas não estimulam o comprometimento do professor com o desenvolvimento individual dos alunos por longo prazo, nem uma aproximação efetiva do professor com as famílias, e, no fim, ninguém é responsabilizado pelo fracasso de um aluno.
Devido à pressão que a sociedade impõe ao poder público pela melhoria da qualidade na educação, governantes, assim como gestores de escolas privadas, tentam resolver o problema comprando “sistemas de ensino” apostilados, que não têm relação com as necessidades individuais dos alunos e nem com a identidade de suas comunidades. Com estes sistemas “economiza-se” o tempo para preparar aulas. Assim, os professores podem ter os vários empregos que precisam, pois os salários continuam baixos, e eles não têm tempo para dedicar ao seu aprimoramento e aos seus alunos. É a pura lógica industrial: investe-se nos sistemas e economiza-se na mão de obra. Assim a qualidade de vida dos professores vai para o ralo e a qualidade da educação vai junto. Adotar estes sistemas equivale a obrigar pessoas que podem andar a usar muletas. Eles já atingem milhões de crianças brasileiras, e quem mais se beneficia são as editoras que os vendem7. A educação, principalmente a infantil e fundamental, não pode ser tratada como se fosse apenas um treinamento, desvinculada das relações humanas e da individualidade dos alunos, e os professores como se fossem incapazes de criar e planejar suas aulas. Isso tira a autonomia da escola, engessa e massifica o ensino, relega os professores a meros coadjuvantes, a aplicadores de tarefas e testes, tolhendo seu protagonismo, e perpetua o status quo8.
Sabemos que a educação é radical: ela é a raiz do bem ou raiz do mal. O que chamamos de escolas públicas, no Brasil, são, na maioria, escolas estatais, obrigadas a seguir programas impostos pelo estado, escolas sem “alma”, que cerceiam a criatividade e a iniciativa dos professores, e, como consequência, desestimulam a criatividade, a iniciativa e o interesse dos alunos. Aí os jovens chegam ao ensino médio despreparados e desmotivados, sem acreditar na escola, nem nas suas próprias chances de sucesso, e acabamos com o “apagão” de mão de obra que o país enfrenta hoje9.
Neste cenário, fica claro que nossa educação básica se perdeu do fator humano. As crianças não precisam da escola apenas para serem instruídas, elas precisam para se desenvolver como seres humanos. Embora esta seja uma responsabilidade primordial da família, sabemos que a escola é um ambiente privilegiado para o desenvolvimento de valores como a responsabilidade, a solidariedade, a sociabilidade, a tolerância, a inclusão, a justiça, a democracia, a diversidade, a cidadania e a sustentabilidade, entre outros.
Sem pretender esgotar aqui este assunto, relaciono alguns princípios que considero condicionantes para uma educação de qualidade, com base nas relações humanas e na educação como arte social, e que podem ser um caminho para enfrentarmos nosso maior desafio: substituirmos a cultura do consumismo pela da sustentabilidade10.

O professor como formador comprometido com o sucesso do aluno
O êxito da educação básica depende, em primeiro lugar, da qualidade da relação humana entre professor e aluno. Tanto no ensino infantil, como no fundamental, o foco do professor precisa deixar de ser apenas o conteúdo, e passar a ser o aluno, e seu desenvolvimento como ser humano completo, que pensa, se sensibiliza, se relaciona e atua no mundo. A mudança deste paradigma é essencial para que outras transformações sejam conseguidas. Tanto no ensino infantil quanto no fundamental, é preciso criar a possibilidade e incentivos para que cada professor se comprometa com a condução de sua turma pelo maior tempo possível, e com o sucesso individual de seus alunos.
No ensino infantil, isso seria por cerca de três anos. No ensino fundamental, o professor formador poderia acompanhar sua turma do 1º ao 5º ano, ministrando as atividades e matérias básicas. Aulas de música, língua estrangeira, educação física, trabalhos manuais etc. podem ser ministradas por professores especialistas. O professor formador precisa conhecer a fundo cada aluno, seu temperamento, suas qualidades e dificuldades, e conhecer sua família, para poder atuar da melhor forma com cada um, assumindo perante os pais o compromisso de conduzi-lo em sua formação. Deve preparar suas aulas a partir de seu conhecimento sobre o desenvolvimento humano, sua visão de mundo, os conteúdos curriculares e o conhecimento sobre seus alunos e, claro, deve poder dedicar-se a apenas uma turma. Nas séries superiores do ensino fundamental os professores com licenciatura também deveriam ter estímulo para acompanhar suas turmas. Desta forma se fortaleceria também o vínculo dos professores com as escolas.
Como o exemplo pessoal do professor, independentemente de sua vontade, influencia na formação moral e social dos alunos, principalmente durante o ensino infantil e o fundamental, ele precisa se preparar para ensinar a responsabilidade sendo responsável e coerente em suas atitudes, ensinar a justiça sendo justo com todos os alunos, ensinar a solidariedade sendo solidário, ensinar a inclusão, incluindo, ensinar respeito, respeitando seus alunos, e, para entusiasmá-los pelo conhecimento, precisa ensinar com entusiasmo.
Este modelo de relação entre professor e aluno não é novo. É aplicado nas escolas que adotam a pedagogia Waldorf no Brasil, há mais de 50 anos11. Nestas escolas há professores formadores no ensino infantil e no fundamental. No fundamental os professores acompanham sua classe do 1º ao 8º ano, ministrando as matérias básicas. Eles recebem as crianças todos os dias na porta da classe, e as cumprimentam pegando em sua mão, desejando bom dia a cada uma, dizendo seu nome e olhando nos seus olhos. No fim das aulas se despedem da mesma forma. Assim, cada criança sente que foi olhada e percebida por seu professor, e que está no foco de sua atenção. Esta simples atitude já muda a disposição com que a criança recebe o que vem deste professor.12

A independência pedagógica da escola
Tudo que nossa civilização criou até hoje foi, em última instância, fruto de realizações individuais. Portanto, é fundamental estimular cada indivíduo a desenvolver suas capacidades próprias, e só o professor é capaz de enxergar o aluno como indivíduo. O Estado e as editoras não conseguem. Assim, cada professor precisa ter a liberdade de atuar com seus alunos. Esta liberdade não significa que as matérias exigidas pelos programas oficiais de ensino não sejam contempladas. Significa a forma como serão ensinadas e o momento, assim como a inclusão de matérias adicionais, principalmente no âmbito das artes e dos trabalhos manuais. O projeto educativo de uma escola deve ser livre da tutela estatal, tendo como base sua comunidade educadora, e partilhado por professores que experimentem em si próprios a liberdade, a responsabilidade e o protagonismo. A partir de professores livres, poderemos formar homens livres, com autonomia para escolher seu próprio caminho e novos caminhos para a humanidade.

O aprendizado deve ser prazeroso
Como Heródoto já disse há 24 séculos, “educar não é encher um balde, é acender um fogo”. A indisciplina que os professores do ensino fundamental enfrentam hoje ocorre porque suas aulas são focadas apenas no ensino cognitivo, como se esta fosse a única característica humana que precisasse ser desenvolvida. Ficam somente no exercício do Pensar, desprezam o desenvolvimento do Sentir e do Querer. Ocorre que as atividades ligadas ao Pensar sempre exigem “concentração”, e as aulas ficam chatas, pois crianças não aguentam só se concentrarem. Já as atividades ligadas ao desenvolvimento do Sentir e Querer permitem uma “descontração” e, quando as três são intercaladas, cria-se um ritmo mais saudável e produtivo, pois a aula “respira”. Os alunos passam a gostar das aulas e o professor se estressa muito menos para lecionar. Se o professor não cria momentos de descontração conduzidos por ele, os alunos criam por conta própria. A indisciplina deve ser encarada como um pedido de socorro dos alunos13.
O Sentir desenvolve-se por meio da vivência das relações humanas, pelo contar histórias (contos de fadas, lendas, fábulas, mitos, biografias etc.)14, pela interpretação musical, declamação de poemas15, rodas rítmicas, jogos, representação teatral etc. Interpretando personagens a criança e o adolescente vivenciam as qualidades que influirão na formação de seu caráter.16
O Querer, o fortalecimento da vontade, desenvolve-se exercitando a criação individual por meio de atividades que exigem uma ação manual transformadora, como criar um texto, um desenho, uma pintura, uma escultura, um trabalho em madeira e diversos tipos de trabalhos manuais, tocar um instrumento etc. O aluno precisa criar algo a partir da sua imaginação, usando a vontade, a perseverança, a coordenação psicomotora e o senso estético. Este é um antídoto contra o bitolamento de seu modo de pensar, onde cada resultado conquistado fortalece sua autoestima.
As atividades artísticas devem ser utilizadas como instrumento pedagógico para potencializar o aprendizado das matérias básicas, e não apenas como matéria isolada, pois permitem que o professor promova a vivência lúdica dos conteúdos. Representar uma peça sobre as grandes navegações, vivenciando as ações e emoções dos navegantes, é muito mais rico e interessante do que decorar nomes e datas, além de promover a socialização entre os alunos. A formação completa do ser humano não pode prescindir da arte como instrumento, pois ela ajuda a libertar e desenvolver as mais profundas capacidades que cada criança traz consigo.17
E quanto às avaliações, elas não podem incutir nas crianças o medo de errar. Se os alunos não estiverem preparados para errar, nunca terão idéias originais, e a maioria chegará à idade adulta tendo perdido sua criatividade. Como não sabemos como será o mundo onde eles vão viver, e os desafios que terão que enfrentar, a criatividade precisa ser tratada com a mesma importância que a alfabetização.

Um novo papel social para o professor
Um professor que assume a responsabilidade, perante um grupo de pais, de conduzir a educação de seus filhos por um período importante de sua formação, passa a ter uma importância social muito maior do que um professor “de passagem”. Ele deve atuar entre os alunos de modo a promover o fluir e a harmonia das relações, e o desenvolvimento harmônico de suas capacidades humanas de pensar, sentir e querer, criando um ambiente saudável para o aprendizado18. Educar desta forma deve ser considerado uma obra de arte social, e o educador, um artista social. Exige um constante esforço de aprendizado e autoconhecimento, ambiente de trabalho apropriado, e o reconhecimento da importância deste trabalho refletido em sua remuneração e num plano de carreira adequado e estimulante. Os jovens que tiverem a educação conduzida desta forma poderão chegar ao ensino médio com outra disposição de espírito para o aprendizado, com outro nível de responsabilidade social, mais idealistas e menos céticos em relação a suas perspectivas de sucesso na vida.
Fomentar o processo de auto-educação, auto-conhecimento e auto-estima do educador como base sólida para a sua interação saudável com a criança, é uma política pública primordial. A carreira de professor para o ensino básico precisa urgentemente melhorar seu status, pois temos que atrair para ela nossos melhores e mais promissores jovens. E as universidades, por sua vez, precisam fazer seu mea culpa e renovar seus currículos, proporcionando um estudo aprofundando do desenvolvimento humano19, o estudo pedagógico dos temperamentos20 e das necessidades da criança em cada etapa de seu desenvolvimento. Devem focar a realização do ensino com sentido estético, e estruturado com atividades artísticas, preparando-os para serem protagonistas da educação. Também é fundamental a criação de um sistema de estágios que realmente prepare os novos professores para a atuação em sala de aula, e um amplo programa de formação continuada ministrado por formadores com vivência prática em sala de aula.

Educação de qualidade para uma sociedade sustentável
A qualidade da educação, considerada como o compromisso de promover o desenvolvimento do aluno como ser humano completo, que pensa, se sensibiliza, se relaciona e atua no mundo, só se sustenta pela competência, autonomia e dedicação de seus professores. Nenhum livro didático, computador ou recurso técnico substitui a qualidade da relação humana entre um professor preparado, motivado e entusiasmado com seu trabalho, e seus alunos. Nenhum método educativo supera ou substitui a palavra falada que vai de um ser humano a outro. Só um professor bem preparado, amparado pelo ambiente de trabalho, e dedicado, sustenta a qualidade de seu trabalho durante o tempo de duração de sua vida profissional. Qualificar a educação através da qualificação das relações humanas entre professores e alunos está na raiz da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Só a vivência cotidiana sadia dos valores humanos pode estimular os jovens a darem mais valor às relações e qualidades humanas e à cultura, do que aos bens materiais e ao consumo. Para nos tornarmos uma sociedade sustentável, o paradigma cultural do sucesso e da felicidade pessoal precisa ser mudado do TER para o SER, para conseguirmos educar uma nova geração que consiga viver melhor, e ser mais feliz, consumindo menos21.
Os princípios aqui sugeridos já são aplicados nas escolas que adotam a pedagogia Waldorf, em mais de 80 países, nos 5 continentes, mas, como se pode perceber, são princípios universais e já existe pesquisa acadêmica sobre sua aplicação em escolas públicas no Brasil22. Eles podem contribuir para as profundas mudanças que precisamos efetuar na educação básica brasileira, se quisermos nos tornar uma sociedade mais humanizada, solidária, inclusiva, justa, democrática e sustentável.

Rubens Salles é mestre em Educação, Arte e História da Cultura, empreendedor social e pesquisador do Instituto ArteSocial. www.artesocial.org.br rubens@artesocial.org.br
NOTAS
  1. Folha de São Paulo dia 3/3/2010, caderno Cotidiano, pg. C1 e C3.
  1. Jornal da Tarde em 19/6/2008 - Durante a gestão de Gabriel Chalita na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, num período de 5 anos foram gastos 2 bilhões de reais em treinamento de professores, sem que houvesse melhora no resultado dos alunos.
  2. Edgar Morin. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Editora Cortez e Edições UNESCO, 2002.
  3. Francisco Imbernón. Formação Docente e Profissional, São Paulo: Editora Cortez, 2006.
  4. Saturnino De La torre. Estrategias Didácticas Innovadoras y Creativas. Barcelona: UNED Aula Aberta, 2008.
  5. Isabel Alarcão. Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
  6. DCI Diário Comércio e Indústria em 23/7/2010 - O SEB, Sistema de Educação Brasileiro, um destes grupos, foi vendido para o grupo britânico Pearson Education por R$ 613,278 milhões.
  1. José de Souza Martins, Prof. Emérito da Faculdade de Filosofia, Letra e Ciências Humanas da USP – jornal O Estado de São Paulo em 23/5/2010 - “Toda prontidão, patriótica aliás, que nossos educadores já tiveram em tempos idos perdeu-se nas últimas décadas, na mentalidade redutiva e copista que transformou a escola em pobre imitação da fábrica. Sindicalismo e produtivismo aboliram a criatividade do educador [...]”.
  1. Diário da Grande ABC em 31/5/2010 - Empregadores têm mais dificuldades na hora de contratar no Brasil - 64% dos quase mil entrevistados apontaram que faltam profissionais adequados para preencherem as vagas - o segundo maior índice em ranking mundial.
  1. Relatório “Estado do Mundo 2010” – Worldwatch Institute e Instituto Akatu, disponível em http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/10920.
  1. Frans Carlgren e Arne Klingborg. Educação para a Liberdade – a Pedagogia de Rudolf Steiner. São Paulo: Escola Waldorf Rudolf Steiner, 2006.
  1. Mathias Riepe - Jon McAlice e Nana, Göbel et al (Coord.). Pedagogia Waldorf –Catálogo da 44ª reunião da Conferência Internacional de educação da UNESCO. Genebra: UNESCO, 1994.
  2. Rudolf Lanz. A Pedagogia Waldorf. São Paulo: Editora Antroposófica, 1990.
  3. Sueli Pecci Passerini. O Fio de Ariadne: Um Caminho para a Narração de Histórias. São Paulo: Editora Antroposófica, 1998.
  4. Ruth Salles. Aprendendo com Poesia. São Paulo: Instituto ArteSocial, 2003.
  5. Ruth Salles. Coleção Teatro na Escola – São Paulo: Editora Peirópolis e Instituto ArteSocial, 2007.
  6. Rudolf Steiner. Coleção A Arte da Educação. São Paulo: Editora Antroposófica, 2007.
  7. Elaine Marasca. Saúde se Aprende, Educação é que Cura, São Paulo: Editora Antroposófica, 2010.
  8. Bernard Lievegoed. Desvendando o Crescimento: As Fases evolutivas da Infância e da Adolescência. São Paulo: Editora Antroposófica, 1994.
  1. Rudolf Stenier. O Mistério dos Temperamentos. São Paulo: Editora Antroposófica, 2002.
  1. Patrick Viveret. Reconsiderar a Riqueza. Brasília: Fundação Universidade de Brasília, 2006.
  1. Rubens Salles – Formação Continuada com Base na Pedagogia Waldorf: Contribuições do Projeto Dom da Palavra. Dissertação de Mestrado, Mackenzie 2010. Disponível em http://www.artesocial.org.br.

segunda-feira, abril 16, 2012


Arte Longa
Geraldo Azevedo

O mundo é grande 
Para nossos desencontros 
A arte é longa 
A vida breve e fim 
Mas como pode um mar assim tão grande 
Caber num mundo tão pequeno assim 
Meu violão não pesa muito 
Carrega tantas canções 
Fico pensando se um amor dos grandes 
Pode habitar pequenos corações 
Meu sapato carregado de distâncias 
O meu chapéu de sonhos sem fim 
Fico pensando e por mais que eu ande 
Eu não consigo me afastar de mim 
Fico pensando um mar assim tão grande 
Caber num mundo tão pequeno assim

terça-feira, abril 10, 2012

http://ateiadesofia.blogspot.com.br/2009/09/momento-poemetico-profano.html

domingo, 27 de setembro de 2009

Pedagogia Profana: Jorge Larrosa

Neste livro, Jorge Larrosa aponta na direção de uma outra forma de pensar e de escrever a pedagogia. “Uma forma em que as respostas não sigam às perguntas, o saber não siga à dúvida, o repouso não siga à inquietude e as soluções não sigam os problemas”. O autor desconstrói idéias sobre a pedagogia. “Os textos aspiram a ser indisciplinados, inseguros e impróprios porque pretendem situar-se à margem da arrogância e da impessoalidade da pedagogia dominante, fora dos tópicos morais com os quais se configura a boa consciência, fora do controle que as regras do discurso pedagógico instituído exercem sobre o que se pode e não se pode dizer”.

Pedagogia profana é uma obra que deve ser lida por educadores, professores, pedagogos, pais e qualquer pessoa envolvida de alguma forma com a prática educativa, que transcende o ato de ensinar o que já está previsto, como se não houvesse espaço para questionamentos. A questão que fica é: como o estudante poderá ter lugar nesse espaço no qual tudo já está escrito, previsto e dito? Larrosa entende que o estudante diante desta rigidez não tem chance de perder-se. E é aí, na possibilidade de um novo olhar não previsto que acontece o ato de estudar. Para Larrosa, “a educação moderna é a tarefa do homem que faz, que projeta, que intervém, que toma a iniciativa, que encontra seu destino na fabricação de um produto, na realização de uma obra”. O autor dedica, ainda, um espaço para refletir sobre o riso e a formação do pensamento, além de lançar olhares sobre a infância.

quinta-feira, março 01, 2012

Hermélio José

Hermélio José despediu-se. Finalmente se viu livre do corpo que honrou até aqui, e que gerou as experiências de uma vida voltada para o bem. Fica pra nós o exemplo, a força de seus atos, compromissos fraternos. 
Filho, irmão, esposo e pai, primo e amigo, zeloso, cidadão ético e dedicado, esteve, ao seu jeito, às vezes de forma brava ou impaciente, sempre a favor dos mais humildes. Quem o conheceu sabe o quanto o indignava a injustiça, e que a simplicidade era seu signo. 
Da minha parte, fica a admiração pelo irmão sempre à disposição para o auxílio, com o olhar meigo e atento.
Foi impressionante a dignidade de sua morte, suportando por um longo período, como um Iogue, os incômodos de uma doença implacável. Presenciei sua busca e anseios por uma compreensão espiritual das razões e da essência de sua experiência final. Segredou-me seu desejo de ter mais tempo para adquirir uma compreensão mais elevada. Esse tempo lhe será concedido numa outra lógica, estou convicto disto.
Vai com Deus, meu irmão. A morte do corpo não mata a vida da Alma nem da consciência. Num plano diferente deste mundo material te aguardam novas tarefas e irmãos muito amados para auxiliá-lo. Sua partida não rompe os nossos laços de amor. 
Esteja em paz e prossiga rumo ao Cristo Cósmico, nossa única razão de vida.


Carlos Wagner  






Segue o comentário da Roberta. De tão lindo, ganhou status de postagem em sequência...






 Roberta Lins disse...
A viagem do Zé Piano.

Olá família Campos!!!!!!
Sou uma das primas de vocês.
- Quem?
- Filha da Sonia Lúcia e do Bebeto.
- Ahhh...
- Qual das duas??
- A Fisioterapeuta.
- Ahhhh, a que atendeu o Zé??
- Esta mesmo.
- E a outra??/ Faz o que mesmo?
- A minha irmã? Sua prima também? É advogada.
- Ah é....e tem o Marcus Vinicius, ne?
- Tem sim, meu irmão. Marcus Vinicius.
- Hahhhh.
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Dia 29 de fevereiro de 2012.

Pego o telefone e ligo pra minha mãe (Sonia Lúcia Campos Lins). Ela chora muito e quase não consegue falar. Parece uma criança.
- Mãe, não chora. Ele estava cansado de tantas limitações. Já cumpriu o seu caminho aqui....agora vai ficar saudável de novo.
- E minha mãe aos prantos: mas ele é meu primo amado. Somos como irmãos.... Quem vai me chamar de Lili Grande????? Todos os que eu amo estão morrendo.....
- E eu: mãe, em que você acredita? Acha mesmo que ele acabou?
- E ela aos prantos: não!! Mas não posso mais trocar e-mails com ele, receber suas cartas e nem conversar com ele mais.

...................................

Este preambulo é para justificar minha mensagem aqui, no blog da família, em memória ao amado Zé Piano.
...................................

E pra dizer que o tempo é curto demais....,
é pouco, principalmente quando esta passando.
Para dizer que o tempo nunca cabe todos os nossos sonhos e expectativas. Não cabe tudo o que gostaríamos de ter feito, visto ou dito. Não cabe nem o que já ficou para trás.
Tenho começado a sentir o tempo agora. E ele tem deixado marcas inexoráveis.
Minha pele é prova disso.
As perdas têm ficado mais frequentes e mais reais, talvez para lembrar o que realmente importa.

Lembro que quando era criança, uma das maiores perdas que lembro foi a de um primo. Lindo, jovem, saudável. Chegava a nossa casa sempre de bicicleta para jogar xadrez com meu pai. O que me lembro dele (já não sei mais se é verdade ou foi o tempo que o desenhou assim para mim) é que ele parecia com as imagens católicas de Jesus Cristo, com os cabelos longos e a pele dourada.
Rogério era o seu nome.

Agora vou falar do Hermélio José.
Zé Piano, para mim e meus irmãos.
Aquele primo lindo, enorme, inteligente....que ia a nossa casa quando éramos crianças e batia papo com meu pai e minha mãe.
Brincava com a gente.
Entrava em nosso quarto e arrancava no colo minha irmã que se escondia dentro do armário, Raquel, a advogada, que tem dois filhos lindos (Felipe e Daniel e é casada com o Marcelo).
E quando íamos a casa do Tio Hermélio e da Tia Anália, casa que achávamos que era mágica....pois a achávamos enorme, cheia de plantas, sempre cheia de gente bonita, de música, de livros, de vozes, de luz...
Era também a casa do Ze Piano. Onde, aliás, tinha um piano que ele tocava para nós e por isso a alcunha.
É.... a vida é curta. Parece ontem....

E mais uma lembrança doce:
adoro animais. E por isso, na minha infância tive vários deles: cães, gatos, passarinhos, peixes, papagaios, tartarugas. Aquelas tartaruguinha pequeninas que cabem na mão.
Minha mãe sempre me dava um casal e quando elas morriam, minha mãe repunha. Mas eu sempre sabia. Afinal, eram as minhas tartarugas. E como eram um casal, sempre tinham o mesmo nome. O nome do casal mais perfeito: Patrícia e Zé, Zé Piano.
E nem sei se eles sabiam disso.....

Fica então registrada ao Zé Piano e pelo Zé Piano, minha admiração e meu amor.
Gostaria de ter estado mais perto. De ter convivido mais....
Achei que ainda dava tempo.
Ainda assim, acho que ele é uma das pessoas mais interessantes que já conheci. Com sua generosidade, o coração cheio de amor a boca cheia de palavrões.

“Boa terra em teus pés, água o bastante em sua semente, bom vento para o teu sopro, fogo em teu coração e muito amor em teu ser.” (J.Y.Leloup)
Roberta Lins
12:45:00

E mais, do Célio Humberto Vasconcelos, essa poesia...
Obrigado Célio


Veio-me uma inspiração e saiu um acróstico em homenagem:
 
                        HERMÉLIO
                                                            CHV
Hoje já morri e deixei o aspecto  físico desta terra,
Espero, não como pessoa, continuar a subir a serra.
Renasceu em mim a ideia antiga da sutil libertação,
Meu irmão, calado, estimulou a  força  do  coração.
É uma oportunidade  em  direção ao núcleo central,
Luz  e  amor trazem uma  sublime irradiação astral.
Imensa  alegria  por receber convite na última hora,
Ordem invisível  é  este  mundo  onde  estou agora.
 
Abraços,
Célio.


Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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