quinta-feira, dezembro 09, 2010

O grito de Pedro

Diante da barbárie humana
numa cena banal de um linchamento de rua,
Um filme, youtube,
que não quero nem ver, apesar de lá postado, 
prostrados ficamos.
Pedro desfere, da Misericórdia, o Grito, doído:

"Vontade de chorar, olho embargado…
ódio, tristeza, decepção, desespero, desapego, incredulidade, desentendimento, surrealidade, dó, desanimo, insatisfação, estômago embrulhado
e vergonha, muita vergonha de ser humano
e o choro já não é mais vontade…"
http://supermacaco.wordpress.com/

Isso somos nós!
Que raça irracional é essa?

Ah, sim, disse o Cristo:
"Raça de víboras, até quando estarei convosco?"

Carlos Wagner

terça-feira, dezembro 07, 2010

Peladas da Pitangui

O texto abaixo é de autoria de Hermélio/Zé.


PELADAS NA PITANGUI


Minha família se mudou pra Sagrada Família, pro 2128 da Rua Pitangui, uma via de terra, naquele trecho, em julho de 1965. E naquela redondeza fizemos amigos pra sempre, com os quais formamos um grupo que jogava bola na rua de calçamento da esquina de cima, a Cel. Júlio Pinto. Uma árvore em frente à casa do Ângelo e do Zezé era o gol de cima, e a outra, em frente à casa do Ênio, do Rui César e da Helaine, era o gol de baixo. Todo mundo jogava descalço, no calçamento e nos passeios. Quem atacava pra cima, atacava pra direita; quem atacava pra baixo, atacava pra esquerda. Na metade do jogo fazia-se a virada.
     Assim era nossa vida esportiva, até que a mãe do Ângelo e do Zezé ganhou o Vinícius, e ela reclamou que a gente gritava muito, não deixava o menino dormir, e proibiu o uso do gol em frente à casa dela. Tivemos que mudar o local da prática de nosso esporte pra outro lugar.
Na Joaquim Felício, esquina de Pitangui,  tinha o campinho da turma da parte baixa da Pitangui, Testa, Piaba, Chiclete de Onça, Danilo, uma turma de gente mais velha que a gente. Não conseguíamos jogar entre eles com tranqüilidade, porque as disputas ali quase sempre envolviam "cocadas" na cabeça dos perdedores. Havia um jogo em que a bola era disputada por todos que estavam na linha, e à medida que iam fazendo gols, cada um saía e esperava que se conhecesse quem seria o último jogador, o que não conseguiria marcar sua saída para a paz e o direito de dar seu “teco” na cabeça de algum coitado. Me lembro de uma tarde em que eu e o Wá, meu irmão, ficamos como a sobra do jogo, e um de nós seria “cocado” pela galera. Mas combinamos tudo direitinho, e conseguimos levar seu final a constantes chutes pra fora, o que não agradou aos que aguardavam conhecer a vítima da hora, mas que nos livrou de ser o “apanhador” do dia. Por coisas assim, nossa turma da Cel. Júlio Pinto resolveu ficar com o lote vago ao lado de minha casa, no outro lado da mesma esquina do campinho da parte baixa. Foi preciso juntarmos todas as nossas forças, enxadas, pás e picaretas pra fazer um campo mais ou menos do tamanho de uma quadra de futebol de salão. Um senhor campinho!
No começo as metas eram duas pedras de cada lado da cancha, mas, com o tempo e a dedicação de elementos especiais do grupo, cada gol passou a ter traves e travessão, serragem ao pé do goleiro e rede de tela de arame, retirada de algum galinheiro. Tela só no gol que dava pra rua Joaquim Felício, já que no de cima, que ficava colado no muro lateral de minha casa, não era preciso colocar rede.
A manutenção do campinho se dava sempre que fosse necessária, e não faltava mão de obra pra isso naquele tempo. As traves chegaram até a ter sua coloração definida, cinza claro e branco, graças à obtenção noturna de latinhas de tinta no Instituto Santo Antônio, que funcionava ao fundo da minha casa, tarefa que foi executada com maestria pelo Ronaldão Qüem-Qüem. O campinho era muito bonito.
A bola utilizada nos jogos, peladas, gol-a-gol e “controles” era guardada no quintal lá de casa. Não interessava de quem era a bola, quem a havia ganho; ela sempre estaria ali, disponível pra quem fosse praticar o ludopédio. Bastava que se gritasse um "manda a bola", pra que minha mãe, ou a Diva, ou um de nós, 4 meninos jogadores, ou uma de minhas 3 irmãs, jogasse a bola pro outro lado, por cima do muro. Quem estivesse jogando a devolveria pro nosso quintal tão logo seu jogo tivesse terminado. E assim era. Durante a semana, de manhã jogavam os que estudavam de tarde; de tarde jogavam os que estudavam de manhã. E nos fins de semana, jogávamos todos.
     Mas, no início de 1970, um trator entrou em nosso campinho, tirou todo o mato de suas laterais e aplainou o terreno, deixando em dois níveis o espaço onde jogávamos bola e onde os pequenos faziam túneis e cabanas. Ainda jogamos umas poucas peladas no lugar aplainado, até que pedreiros, serventes, carpinteiros, máquinas e serras apareceram para construir os 4 edifícios de 3 andares que existem até hoje no local. Onde mais poderíamos jogar nosso futebol diário, a não ser na própria Rua Pitangui?
Nosso campo passou a ser mais estreito, mas podia ser montado ao longo de dois quarteirões, segundo o que fosse necessário ou de interesse da turma. Na parte de cima, da Cel. Júlio Pinto até a Caldeira Brant, o campo ficava em frente ao Bar do Olegário e das casas do Ló, Adão, Davi e Caroço; na de baixo, da Cel. Júlio Pinto até a Joaquim Felício, ficava em frente de minha casa e das do Betão e do Fio, do Silvinho Bougleux e dos meninos que foram morar nos prédios novos, Lincoln, Jefferson, Nado, Baleia, Sérgio Timélo, e outros. O dono da bola continuou sendo qualquer um de nós, e a guarda daquele importante artefato foi mantida como na época de nosso velho estádio, lá em casa.
     Em frente ao 2128 da Pitangui foram realizados os mais vigorosos e retumbantes clássicos peladeiros da Sagrada, nas manhãs, tardes e noites de todos os dias. E, nas tardes de sábado, jogavam conosco alguns dos senhores da rua, como o Titita, motorista do caminhão Ford 350 amarelo no qual alguns de nós fomos ao Mineirão ver o Galo vencer a Seleção Brasileira campeã mundial de 1970, o Seu Ricardo, pai do Cadinho, Marquinho, Betinho, João, Luluca, Soninha e um monte mais de boa gente, um tio desses companheiros, além do Paulista, são-paulino roxo, cunhado de nosso amigo Pipute, e quem mais quisesse jogar com a gente. Eram figuras marcantes em nossas peladas, num tempo em que não havia tanto carro subindo e descendo pelo nosso campo.
Mas, de vez em quando, vinha a Dona do Aero Willys vermelho, que implicava conosco, reclamava do barulho que fazíamos e prometia que iria chamar a polícia pra nós. A bola continuava a rolar, que hora fosse, mas sabendo do que poderia vir a acontecer, colocávamos dois eminentes olheiros do time de fora no fim de cada quarteirão, observando se a viatura policial já estava chegando. E muitas vezes ela vinha mesmo, e os bravos olheiros gritavam "os hôme", e a bola era guardada atrás do muro lá de casa, ficando todos nós sentados no muro e no meio-fio, fingindo estar contando histórias da carochinha um pro outro. Todo mundo muito suado, porque contar história, sentado no muro e no meio-fio, é algo que dá muito calor na gente.
"Os hôme" passavam, uma, duas, três vezes pelo nosso campo, mas iam embora sem nos tomar a bola, objeto precioso, e a pelada voltava a acontecer, após vibrantes gritos, assobios e palmas. Tínhamos vencido mais uma batalha. E, em agradecimento à Dona do Aero Willys vermelho, cada vez que ela descia a rua com seu veículo, corríamos à frente dele, gritando, fingindo estarmos com medo e tentando subir em muros e postes para fugir dela, até que ela parasse na esquina da Cel. Júlio Pinto com Pitangui e saísse do carro dizendo "seus mentecaptos"! Ninguém sabia direito o que era aquilo, mas ouvíamos seu xingamento como elogio e prova de orgulho para todos. Virou tradição na Pitangui: a qualquer hora em que o carro vermelho aparecia na rua, tinha gente que saía correndo à frente dele, fugindo assustado da motorista que de vez em quando chamava a polícia pra gente. Era tudo muito engraçado e divertido.
Outro tradicional motorista que chamava nossa atenção diariamente, e parava nossas peladas, era aquele da Rural amarela e de teto branco, um tio do Gilberto Jucão. Certo dia, durante um jogo interrompido para que seu tio passasse, o Gilberto pediu-lhe a bênção, ao que ele respondeu com um “bençõe” e dois toques de buzina. Pronto, estava formada mais uma grande família ao redor do bar do Olegário. Todos nós, meninos grandes e pequenos, passamos a pedir, gritando, a “bença”, toda vez que nosso “tio” passava por nós, estivéssemos ou não jogando bola. Havia gente de todo tamanho que saía correndo de dentro de casa, pra se unir ao coro dos “bença”, e fazer nosso “tio” descer aqueles dois quarteirões da Pitangui respondendo a todos com 2 buzinadas, um grande sorriso e um aceno de mão. Nossa Família Sagrada era muito unida.
Nós tínhamos outro vizinho que se revelou também nosso amigo. Ele morava no mesmo prédio de nossa desafiante do Willys, no andar de baixo, o Seu Souza, simpática pessoa que gostava de plantas e não implicava conosco. Me lembro bem que ele nem xingou a gente na noite clara e quente em que, por volta das 11 horas, propus a realização de uma pelada, imediatamente aceita pela turma noturna. Tudo corria bem, sem reclamações e sem visita da polícia, até mesmo quando tivemos que encerrar o jogo depois que um beque da roça enfiou o bico na bola e a jogou em cima de um monte de garrafas guardadas no quintal do Seu Souza. A barulhada de vidro batendo e se quebrando foi o apito final de nosso evento noturno, que terminou de repente, deixando a rua vazia. Mas a bola nos foi devolvida no dia seguinte, sem bronca e sem estar rasgada. Seu Souza era um cara muito legal!
Quando não havia número de jogadores para formação de dois times pra pelada, saíamos para o peru (“peru, entrei”, “entrei”, “entrei”- o último a falar se tornava o cara do meio da roda) ou o "controle", jogo esse de habilidade com 1 no gol e 3 na linha, que só podiam chutar ao gol depois que a bola tivesse passado pelos 3, no alto, sem tocar no chão. Pra se chutar sem os 3 toques, só se a bola viesse de cruzamento. Quem fazia isto gritava, “cruzo”. Se acontecesse um “cruzo”, o nome do nosso cruzamento, valia o gol só de 2 toques. Após 3 gols, o goleiro era trocado. Um chute pra fora de um dos 3 atacantes, fazia o goleiro vir pra linha. Coitado de quem estivesse no gol com uma linha de trio habilidoso. A chance de deixar de ser o guarda-metas do “controle” era muito pequena, e a troca de goleiros, muito rápida.
O gol preferido para a prática do “controle” era o portão azul da casa do Seu Geraldo. Coitado do Seu Geraldo e de sua família, açoitados diariamente com um barulho infernal de gols e discussões acaloradas dos “controladores”. Coitado do portão, objeto de metal que tinha que ser consertado de tempos em tempos, pra recolocar seus parafusos no lugar, estragado por tantos gols marcados. Reclamações e pedidos eram emitidos por nosso ótimo vizinho, mas quem poderia por de lado um gol com altura e largura ideais, tão bem feitas para a prática do "controle"?
Pra se saber se o Seu Geraldo estava ou não em casa era fácil: se seu carro não estivesse em frente ao 2127 da Pitangui, o jogo seria realizado. Se lá estivesse o veículo verde, tínhamos que passar pra outro jogo, em outro lugar. E se ele tivesse saído, sabíamos quando estava chegando ao ouvir o ronco em 2 tempos de seu DKW-Belcar subindo a Cel. Júlio Pinto. Era hora do "controle" mudar rapidamente para um "peru" no meio da rua.
Nesse mesmo portão do 2127 aconteceu uma das cenas mais espetaculares do nosso estádio da Pitangui. Alguém, no gol, desafiava artilheiros que, no passeio do outro lado da rua, debaixo da árvore grande que ficava no canto de cima de minha casa, chutavam uma pesada bola de borracha “Dente de Leite”, a preferida do nosso grupo, com todo vigor, um atrás do outro, procurando marcar seu gol. Tudo ia bem e os gols barulhentos iam acontecendo, até que o craque Roberto Dias, com seu tradicional tênis Rainha preto, prepara o chute, o executa e acerta. Acerta a barriga enorme da empregada de Seu Geraldo, grávida, que estava assistindo ao jogo da varanda, acima do portão azul. Todos assustados, vimos a moça por a mão na barriga e entrar em casa. Mas nos tranqüilizamos depois, ao saber que nada de sério havia acontecido com ela ou seu filhinho. Apesar do susto, a moça, o Roberto e o bebê ficaram bem. Uma semana depois soubemos que ela tinha dado à luz um garoto que, certamente, se tornou um grande zagueiro cabeceador, ou alguém que detesta futebol.
Mas os apelos do bom Seu Geraldo foram ouvidos, e o gol do "controle" passou a ser no muro do prédio ao lado de minha casa. Sua marca ainda está ali, até hoje, fim de 2010. O ruim desse novo alvo era que, de vez em quando, a bola caía no estacionamento do prédio, ou batia na janela do português do 2º andar, felizmente e incrivelmente, sem quebrá-la, nos fazendo ficar livres do vizinho briguento e reclamão. Com a bola do outro lado do muro alto, tínhamos que arrumar alguém pra fazer o serviço de gandula. O bom era que o edifício onde moravam muitos dos novos boleiros acrescidos à nossa turma não tinha portão, interfone ou cadeado, como todo prédio tem hoje em dia. A vida futebolística da moçada era melhor e bem mais fácil naqueles tempos da década de 1970.
     Seguiu-se a vida, eu cresci, cresceram os amigos, mudaram muitos de vida, de turma, de bairro, de cidade. A Pitangui passou a receber mais carros, o bar do Olegário foi pra esquina da Caldeira Brant com Pitangui, a árvore grande de minha casa teve que ser cortada, após causar estragos na rede de esgoto, os muros da rua se tornaram altos, amigos e parentes morreram, as peladas acabaram. Mas, de cada chute, cada grito, cada briga, cada risada, cada fuga, cada corrida maluca do Betão e do Rogério à frente dos carros, pra ver quem seria o último a sair da frente deles, cada pedacinho desses serviu para construir uma história que está marcada com uma sinceridade que demonstra que amizade se faz nas pequenas coisas, nos pequenos momentos que, quando acontecem em nossa infância e juventude, formam nosso caráter, nossa personalidade. Me sinto feliz por ter jogado pelada na Pitangui com a Turma da Pitangui.
Nossos pais não tiveram que pagar por escolinhas de futebol para nós. Muito bons aqueles tempos!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Nirvana

Nirvana
Carlos Wagner

Sentir uma pressão no corpo, tolerar a sensação de opressão.
A alma fica em estado de suspensão, aguardando uma transmutação.
uma real mudança dessa porca qualidade de vida de olhar pros lados e não ver nada de novo, só esperança quase desesperada.
Amanhã é outro dia, penso. Mas o outro dia vem como quase todos outros dias. De real e de mudança, nada. Só o velho e aborrecido estado de ânimo. Peso, peso, peso.
Não quero mais nada, a não ser ser um outro vivo ser.
Quero ser o estado de percepção global, quero aquela fruta desperta que me infundiria ânimo de alegria e consciência alerta.
Mas meu corpo pesa, pesa cada dia mais. Minhas pernas, minhas costas, minhas posses todas me possuem. Mil toneladas de vidas passadas, presentes e, sei lá, futuras.
Fico no ponto cego do trajeto, observando a dor, "que é a única coisa positiva, presente, constante".
Às vezes, dormir é o que faz cessar.
Quero dormir, o sono refrigerante desse inferno de chamas frias e elétricas.
Quero dormir, deixar de ser o vórtice dessa loucura chamada "eu-consciência".
Estou exausto.
Não ser é a grande expectativa da minha razão agora.
O Nirvana é o melhor "aqui e agora" de que posso imaginar.

Carlos Wagner

quinta-feira, novembro 25, 2010

Um discurso que emocionou o presidente

Por isso Lula é amado pelo Nordeste.
Isso não é populismo, é ação concreta de política para os pobres, apontando auto-estima como realização do desejo e do sonho de cada ser humano.
or

Com Texto Livre: Entrevista histórica: viva o Brasil de Lula

Com Texto Livre: Entrevista histórica: viva o Brasil de Lula: "Se acham exagerado o título, saibam que pensei antes em outro, talvez pior, que prefiro deixar como subtítulo: “Nunca antes na história houv..."

terça-feira, novembro 23, 2010

Paul me fez chorar...

Pessoal,


No último domingo, 21/11/2010, fiquei o dia inteiro ligado, pensando no show do Paul McCartney que a TV iria mostrar. E mostrou.

Mostrou só um pouquinho, na verdade, do tudo que um dos Fab Four maravilhosamente fez em São Paulo, e que foi o bastante para me deixar feliz de ver que o Paul, aos 68 anos de idade, ainda está muito bem, tocando e cantando demais, acompanhado por uma banda de primeira qualidade. Tenho certeza de que o show inteiro, que eu não pude ver, foi muito, muitíssimo espetacular!

Os Beatles foram uma coisa extremamente importante para mim em minha adolescência, e daí pra frente, até hoje. Ouvi falar deles aos 12 anos, e a seguí-los do jeito que podia a partir dos 13, quando, toda vez que ia à casa da tia Loló, encontrava os discos dos 4 de Liverpool e as revistas com informações sobre eles, que meu primo Márcio colecionava.

Era fantástico ir pra lá! Eu lia e relia tudo, procurando decorar e ter sempre na cabeça quem era o John, o Paul, o George, o Ringo, e o que cada um deles tocava, sempre ao som de “Os reis do ié-ié-ié” e de vários compactos com as músicas dos quatro que o primo tinha em casa. Isto era 1965, ano do enorme sucesso do filme e do LP “Help”.

A partir daí busquei ter tudo do trabalho dos Beatles, ouvir o que eu tinha em minha casa ou na do amigo Rui César, outro adorador da banda, que muitas vezes conseguia comprar outros LPs ou compactos antes de mim. Discos custavam muito naquela época, e o dinheiro era escasso pra gente.

Os Beatles estão ligados, para mim, a coisas muito boas; a magia da qualidade de seu trabalho fantástico, minha casa, com suas portas e janelas abertas, por causa do calor maravilhoso do verão, a proximidade do Natal, a radiola da sala ligada e tocando alto os discos que eu tinha.
E eu sentado no muro baixo lá da frente, curtindo o calor, o sol e a música, olhando pra rua sem calçamento e sem carros, ouvindo, também, seu Olímpio, o vizinho da frente, falando “como você ouve música alto, hein?”
Era música em alto e bom som, sob sol alto, quente e forte, com meu alto e bom astral dos 13 anos, curtindo a música inovadora dos Beatles no meu paraíso da Sagrada Família, em BH.

Eu viajava com o som de “I need you”, “Another Girl”, “Ticket do ride”, “The night before”. E em minha viagem-fantasia sonhava com a fantástica possibilidade de um dos 4 dos Beatles passar de carro por minha rua de terra, ouvir a música deles tocando alto aqui nessas longínquas terras brasileiras e ver que, por aqui, alguém conhecia e ouvia sua música de primeiríssima qualidade e, por isto, tinha que ser considerado um alguém muito especial. Sempre me senti importante e diferente por sorver o que eu ouvia dos discos dos Beatles, me sentia bem maior.

Domingo passado via e ouvia o Paul, curtia tudo que ele mostrava no show. Mas aí, já quase no fim do pouquinho que mostrou a TV, ele pegou o violão, se concentrou e começou a tocar e a cantar “Yesterday”.
Difícil contar o que senti na hora e o que passou por mim. Literalmente, senti meu corpo se arrepiar, e falei um “Nossa senhora!” embargado pelas lágrimas que saltaram de meus olhos e de minha alma.

Chorei, mas cantei com ele. E me lembrei do tempo quente de meus 13 anos no 2128 da Rua Pitangui, me lembrei de meu querido irmão Rogério, que nos deixou cedo, há 27 anos, e que num sábado de sua adolescência ouviu TODOS os dois lados de TODOS os discos dos Beatles que tínhamos em casa, no quartinho lá do fundo, um atrás do outro, como se estivesse cumprindo uma promessa.

E me lembrei também de outro adorado irmão, que tocava em seu violão, e cantava, tudo dos Beatles, o Newton, que também foi embora antes da hora, há 2 anos, nos deixando sem o cantor e animador das festas de aniversário e das tardes do Natal lá no Ipiranga, na casa do primo Ruy.

O Paul tocou muito em seu show, e me tocou com muita força. Trouxe pra mim ótimas lembranças de tempos idos, a saudade de dois beatlemaníacos irmãos e de um outro menino, de 13 anos, que sonhou em receber em sua casa um dos Fab Four, que fui eu. Os sonhos não podem deixar de existir, me mostrou o fantástico baixista dos Beatles.

O Paul me fez chorar, mas foi de saudade e de ALEGRIA.

Hermélio José, o Zé Grandão da Sagrada.

Mariana Aydar - Deixa o Verao directed by Douglas C.Kuruhma

http://www.youtube.com/watch?v=Bg9TyUVHXPk&feature=related

sábado, novembro 06, 2010

O "analfabeto" Lula dá uma aula de muitos conteúdos...


Ele segue, de improviso, dando uma aula de Geografia, História, Comércio Exterior, Diplomacia, Contação de histórias. Exalta a cidadania, a solidariedade aos povos, a soberania nacional.
Ele tropeça nos verbos e nas conjugações? Sim, mas domina como ninguém o discurso, o raciocínio, encanta pela vibração patriótica, nacionalista, sem ser nazi-fascista.
E ainda dizem que ele não tem curso superior ou diploma. 
Qual professor do Ensino Médio ousaria dar bomba nesse aluno. Aliás, quem o desafiaria numa competição de conhecimentos gerais e suas conexões? Quem ousaria ensinar a ele sobre relações políticas internacionais? Quem teria tido um estágio curricular de fato como Lula teve. Que espécie de diploma poderia ser concedido a ele após tantas "aulas significativas" vividas por ele num construtivismo super dimensionado.
Na verdade isso pouco importa aos críticos de argumentos preconceituosos e de má vontade ou má fé. Eles insistem que o diploma de forma geral dá status e assegura a capacidade por si mesmo (será que eles acreditam nisso, ou é somente argumentação de oposição?). Mas a educação formal não basta. Por trás do homem formado deve estar, acima de tudo, o Espírito, o ser humano com sua carga de vontade e formação moral. Essas coisas não são mensuradas em programas de avaliação escolar que naturalmente têm sua importância lógica. Porém, um homem com espírito nobre e de real positividade, assume suas responsabilidades e re-significa suas experiências, transformando sua vida egoísta em uma vida superior e de serviço aos seus semelhantes.
Finalizando, o mais importante é o que esse brasileiro "da Silva", nordestino, pau-de-arara, retirante, fez por sua nação e seu povo. Deixe os "Madureiras" e "Mainards" ladrarem nervosos. Não se pode negar a história. Ele se assenta com qualquer LIDERANÇA mundial e deixa a sua marca.
Erros e defeitos humanos o Lula também os tem e os cometeu, porém, fez história, assumiu positivamente seu papel político, sem medo, liderando seu país na difícil tarefa de enfrentar e conduzir políticas para um arranco histórico, vencer milhões de forças conservadoras e preconceituosas que sempre quiseram um Brasil colonial e a favor das minorias.
Deus abençoe esse grande Nordestino, "NOR-DISTINTO"

Carlos Wagner

terça-feira, outubro 12, 2010

Texto de Clara Arreguy

Fui ver o show de Toninho Horta semana passada no Clube do Choro e vivi momentos de pura nostalgia, ao lembrar que acompanho o exímio violonista e guitarrista há mais de 30 anos.
Lembrei dos discos dele que tenho, principalmente os dois primeiros, em LP, com maravilhas como Manuel, o audaz, Diana e tantas outras.
Lembrei dele em todos os discos do Milton que embalaram minha adolescência, juventude e maturidade.
Lembrei de um show do Toninho que fomos ver em São Paulo, alguns estudantes de jornalismo que estávamos em São Bernardo do Campo, num encontro, e de como os paulistas babavam por ele.
Lembrei de uma entrevista que fiz com ele, eu jovem repórter, no apartamento onde ele morava na Pouso Alto com Camões.
Lembrei de toda sua atividade na organização dos instrumentistas brasileiros e da importância que teve - tem ainda, claro - na difusão da música brasileira no exterior.
Lembrei da verdadeira escola mineira de cordas que Toninho Horta simboliza.
Lembrei até de um vinho derramado (segundo meu irmão Tostão, pelo Toninho) numa parede lá de casa durante uma festa na minha infância.
E, claro, lembrei de meu pai quando ele tocou a música que fez para o pai dele, linda!

Beijos!

Clara Arreguy, Terça-feira, Setembro 14, 2010. 

sábado, outubro 09, 2010

De Novos Baianos a Los Hermanos

Repetindo uma postagem lá de trás, 2006. É uma homenagem ao show especial que a banda "Los Hermanos" faz em ITU hoje, após parada programada.
Vamos lá. Quem não havia lido ainda, pode ler agora.


Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006De Novos Baianos a Los Hermanos

Rua Pitangui, turma, arte, música, Beatles, Novos Baianos e, agora, "pode crer", Los Hermanos...sim senhor....
A vida surpreende; como no oceano, há ondas, correntes marítimas, ventos, fluxos, vida. Situações novas e inesperadas...
Uma situação interessante tem assustado certos amigos e certas pessoas que me conhecessem. Quero falar sobre isso e tentar dar alguma pista. Não porque eu me sinta obrigado a fazer isto por querer me justificar, ou porque esteja preocupado com a opinião das pessoas.

Na verdade, quando queremos dizer para alguém de nossos gostos, e esse alguém não entende a nossa ligação com aquilo e não se movimenta, de alguma forma, para pelo menos perceber algo desse nosso gostar, não há como faze-lo, principalmente se esse alguém não quer ver para sentir ou crer. Ainda mais quando já há uma opinião sem conhecimento. Isso acontece muito em relação à música. Tudo bem, música é gostar, é sentir, lembrar, se emocionar, balançar. Todos nós, de alguma forma, temos lá nossos "quereres e gostares" que podem parecer estranhos.

Escrevo, portanto, este texto, buscando, sem ansiedade, dizer porque Los Hermanos adquiriu tamanha importância e satisfação para mim. Grata satisfação, aliás.

Vamos lá! Em minha juventude, houve um momento interessante, lá pelos idos de 1972/73, quando nós, da turma da Pitangui, já envolvidos com a idéia de arte e música tão presente em nossas cabeças e corações, já curtidos de tanto empenho em ouvir e esmiuçar as músicas dos "Beatles", "Bob Dylan", "Gil, Caetano e Milton", "João Gilberto", “Jobim”, "Crosby, Stills, Nash and Young", e por aí vai, daquela leva incrível de músicos e compositores que aconteceu nos anos 60 e início dos 70, demos de cara com um grupo diferente que vinha da Bahia: Os "Novos Baianos". Alguns amigos nossos foram a um show no Mackenzie assisti-los. Levaram um gravador, daqueles antigos, mono, e registraram ao vivo. Depois ficávamos tentando entender aquele acontecimento em um show, todo cheio de detalhes e arranjos, alegrias, loucuras e tietagem.

Na verdade, já tínhamos escutado dois discos dos Novos Baianos e ficado muito admirados com a riqueza dos arranjos, dos detalhes, das harmonias, do samba, da alegria de levar uma proposta, e, principalmente, no meu caso, ficava admirado do lance da vida em comunidade. Fazer música e viver de forma livre, num sítio, retirando da convivência o motivo das canções. Isto tudo dava um resultado musical muito inovador, criativo e de um colorido diferenciado. É claro que isso tudo, associado à capacidade instrumental dos caras, misturando guitarras de rock, solos tipo Jimi Hendricks, Jime Page com violão bossa novista de Moraes Moreira, marcações de baixo soladas tipo Paul ou mesmo Cream, cantos regionais com solos de cavaquinho e bandolim. Puxa, era um som de dar muita vontade de fazer música também, e de levar a vida daquela forma.

Isso tudo trouxe um elemento incendeador para nós lá da Pitangui "and friends". Estudamos mais música, fizemos algumas músicas, participamos de festivais, deu vontade de criar e de ter a capacidade para tal.

Explodiu um mundo novo. É claro que tudo isso só enriquecia tudo aquilo que já escutávamos de outros artistas. Já citei lá em cima algumas vertentes que ouvíamos (é claro que vou esquecer muitos). Porém, quero fazer justiça a tudo que admirávamos e ouvíamos. Jorge Benjor, Led Zeppelin, Jimi, Rolling Stones, Noel Rosa, Luiz Melodia, João Gilberto, Baden Powell, Gonzagão, The Who, uma leva de grupos ingleses do final dos 60, Raul Seixas, Quinteto Violado e por aí vai..., sem falar na música erudita que amávamos, cada um a seu jeito, principalmente Bach, Beethoven e Mozart, alguns croncretistas e modernos. Éramos sócios do ICBEU - Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, e lá retirávamos discos emprestados e ouvíamos, líamos e discutíamos sobre a arte de cada um, as capas, as histórias.

Tínhamos também um tino muito crítico com aquilo que considerávamos "barango". Sim, essa expressão era nossa marca e ainda não era muito utilizada para caracterizar o "brega", o ruim, o pouco criativo e/ou nada inovador, aquilo que era uma pura cópia comercial e que não acrescentava nada. Por isso usávamos uma expressão que nos caracterizava na época, com aquilo que não "estava com nada": "tá por fora". Acho que éramos até muito drásticos. Lembro-me que, para mim, o maior ícone e representante do "tá por fora" era o Roberto Carlos em sua fase pós Jovem Guarda, romântico comercial. O cara havia parado na vida...! É claro que, olhando tudo isso a partir de hoje, tudo adquiriu uma dimensão bem diferente e minhas impaciências não são mais as mesmas.

Voltando à questão dos Novos Baianos, penso que, para nós da turma ali, acostumados a ouvir as sutilezas dos arranjos dos grupos ingleses, especialmente dos Beatles, acostumados a entender os detalhes com que os Mutantes e seu maestro Duprat destilavam nas faixas de uma fusão de rock com sons brasileiros e psicodélicos, com os discos minuciosamente harmonizados do Clube da Esquina, com o som que pintou na "Tropicália", ficamos delirantes e surpresos com a capacidade criativa que aquele bando de "moleques" com cara de "hippies doidões" tinham para fazer aqueles discos tão fortes e de qualidade inegável. É só escutar "Acabou Chorare", "Novos Baianos Futebol Clube". Disse um de nossos amigos, Carlinhos Ávila: se eles não fossem bons, João Gilberto não viria visitá-los com tanta honra.

Pois é, o que isso tudo tem a ver com o Los Hermanos?

Pois eu digo. Hoje, em pleno 2005, já meio cansado do mercado fonográfico e suas estratégias de venda e marketing, sou levado, por mera questão de relação pai-filha, a participar de um show da banda em Belo Horizonte. Antes havia escutado alguma coisa em casa mas minha atenção não havia sido despertada. O show em si ocorreu com muita força e participação efetiva da moçada, cantando música a música, numa vibração que não se excedia em arroubos descontrolados típicos de grupos de jovens em shows de rock. Saí com muito boa impressão do "conjunto da obra". Mas como ainda não conhecia as músicas, fiquei interessado em ouvir o disco, o terceiro da banda, "Ventura".

Coincidências da vida, fui levado a assistir outro show da banda em São João Del'Rey, no festival de inverno de 2004, e aí, tudo ficou claro, o mosquito que um dia me tocara com os Novos Baianos, repetiu a dose e me mostrou Los Hermanos por inteiro. Existe um ar no conjunto geral da banda que lembra aquela união, aquela alegria de fazer e viver música do grupo baiano. A preparação dos detalhes das gravações, os naipes de metais, os arranjos com objetivos específicos. As letras traziam um reflexão além das bobagens que alguns grupos de rock nacional trazem em seu trabalhos. Há vida inteligente ali. Há uma espécie de "crônica da vida" nas letras. Tudo isso foi ficando claro na medida em que eu, interessado que estava, fui ouvindo, percebendo e procurando os detalhes.

Como se não bastasse, como eu sou um incorrigível humanista, há também na banda e em seus músicos de suporte, uma atmosfera de paz, ou melhor, de busca de paz, um ar de quem não quer estabelecer verdades, dogmas, ou mesmo, parafraseando o próprio Marcelo Camelo: "não queremos vender atitudes" (o que lhe rendeu uma boa cabeçada no nariz!). É possível perceber que eles não estão a fim de se estabelecer como padrão de uma versão da vida. "Queremos fazer música e mostrar a nossa arte".

A partir desse encontro, me tornei um fã, interessado em ver e ouvir tudo que vem da banda, tentar entender os aspectos intrínsecos de sua obra e os detalhes de seus arranjos. E, um detalhe muito legal é que fazemos isso, eu minha mulher, junto com nossa filha, vivendo com ela e aprendendo a olhar também através dos olhos dela.

Ia me esquecendo de um detalhe importante: eles se parecem muito com nossa turma lá da Rua Pitangui: têm originalidade, bom humor, são do bem, tratam as pessoas com respeito, se gostam e adoram música de qualidade. Era assim a nossa turma lá da rua. Posso me lembrar de tudo hoje, nossas conversas até altas horas na esquina da rua Coronel Júlio Pinto, nossos violões tentando tocar músicas próprias, nossa amizade calorosa, engraçada, nossa juventude enérgica, nossos amores e paixões, nossos sonhos divididos, nossa raiva contra a maldade, nossa atitude de esquerda, nossas atitudes de rebeldia para com certo olhares "medíocres" da arte, nossas escolhas, sem censura, por ídolos de qualquer idade.

Se não expliquei porque gosto de Los Hermanos, deixa prá lá, isso pouco importa. O importante mesmo é viver com originalidade. Cada um que o faça a seu modo!
Carlos Wagner - 22/02/2006

Postado por Coutinho Sagrada e campos às Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006

sexta-feira, outubro 08, 2010

Consciência...


Carlos Wagner
08/10/2010

As mãos se atiram,
palmas, abertas,
alertas acesos,
escassos sentidos,
sofridos, sortidos,
só,  tidos e havidos.
Feridos esforços da grande batalha,
transpor a muralha, que alta se impõe,
dos pensares em bloco,
dos sentires em ondas,
dos fazeres estranhos que transbordam,
afogam a inocência do meu eu culpado.
É preciso,
tomar em goles as ondas,
beber na taça amarga,
o karma instantâneo,
o líquido retorno de espúrias ações
que consciente me tornam
do sub-mundo humano,
burguês de por quês,
e respostas gritadas,
na geléia geral da cultura dos séculos,
desmascarada, 
transbordam em nós,
nos tomam em goles de sofridos sabores.
Agora sei, me sabe bem, me sabe o mal,
Agora, 
fugido pro Egito,
aguardo o momento em que o anjo me diz:
"sai agora, teu inimigo jaz morto por fim.
O trabalho deve começar em mim.

Carlos Wagner

terça-feira, outubro 05, 2010

Auto conhecimento...

 ‎"Momentos de exame e reflexão são essenciais para melhor compreender o que existe no interior de nosso ser. Porque, além de nossos pensamentos , sentimentos e motivações, descobrimos uma sabedoria universal que é condição para chegarmos ao silêncio interno. E para isso, espaço, calma e silêncio são imprescindíveis. Sem isso, é impossível percebermos o que é realmente importante." 


Revista Pentagrama

sexta-feira, setembro 24, 2010

hare ramos rare raros...

Carlos Wagner
24/09/2010

Hare agora, hare ramos, árvore cheia até as bordas, portas,
pencas de frutos, pencas de fracos impulsos de volitivas escolhas,
querer crescer para além de um mim pessoal.
Doses de amor, frascos, e frescas polpas dessas frutuosas frutas,
fragrâncias, cheiros de nós, górdios.
Lanço mão da espada...chega a hora de golpear,
hora, hare, hare, ora Cristo, Crishna, multiplas consciências, árduas decisões.
Assim deve ser!



segunda-feira, agosto 30, 2010

domingo, agosto 29, 2010

sábado, agosto 14, 2010

Ar


O ar ficou vivo, movimentando-se em todas as direções,
O ar, ah! O ar vive, vejo agora, cheio de figuras as mais diversas,
O ar me vive por inteiro, o ar penetra a terra toda, desliza através de mim.
O ar guarda os mistérios, ele está elétrico, cheio de mensagens,
Ondas que vejo vindo e indo, múltiplas direções,
O ar está quente, mesmo aqui tão frio é o tempo,
Pode chover, molhar minha horta, emperrar minha porta,
Encontrar minha esperança quase morta,
O ar pode explodir, nele podemos respirar sensações,
Ódio, amor, simpatia, aversão.
O ar possui minhas memórias, nossas histórias, nossas muitas decepções,
Mundo afora, tempos idos, tempos novos, eras inteiras.
O ar seleciona fotografias, imagens de gentes, de guerras, de mortos que falam,
Andam por aí a nos atiçar as narinas para cópulas possíveis.
Mediúnicas luxúrias, poesias, cores em pinturas, sons em músicas,
O ar areja os ares, suspensas suposições, artimanhas, medos e preconceitos,
O ar articula os apocalípticos senhores do destino,
rearma os anjos do bem, o campo de batalha prefigura o armagedon,
atmos, feras, abrigos do ser-se e do desfazer-se.
O ar, está possuído de pólos em transe, daqui pra lá, de lá pra acolá e lás outros.
Estou sem ar, estou no ar, estou sem harmoniosas canções,
vestidas de esperanças.
Estou no ar das atmosferas estranhas.
Vislumbro, ao longe, um perto ponto de crise.
O ar traz as respostas no vento, ventre de uma senhora aquariana.
Salvem-nos os índigos, os cristais, os diamantes e a verdadeira Prata-ânimus.
O ar vai chover. Tem que ser assim. Eu vou enxugar minhas vestes, a festa será logo em seguida.
Carlos Wagner

quinta-feira, agosto 12, 2010

Com Texto Livre: Um gosto pela ironia

Com Texto Livre: Um gosto pela ironia: "História é uma velha senhora com um gosto às vezes cruel pela ironia.Por exemplo.O populismo de direita cresce na Europa Central, ou nos a..."

quarta-feira, julho 28, 2010






Capetinga, Lazer Esporte Clube.
Continua uma princesa das terras do sul de Minas. A velha e boa Santo Hilário. Julho de 2010.
Furnas

sexta-feira, julho 16, 2010

http://sejaditaverdade.com/

Sugestão de blog.
Wá até lá. É só um clic.

http://sejaditaverdade.com/

domingo, julho 04, 2010

a Copa não é tudo

A copa não é tudo
Tostão – Gazeta do Povo 04/07/2010

Apesar da importância de uma Copa do Mundo para o futebol, para os jogadores e para as seleções, não é de bom senso definir conceitos e projetar o futuro por causa de um torneio de apenas sete jogos, sendo quatro mata-matas.
Como disse Paulo Calçade [jornalista], a melhor seleção é a que foi melhor neste mês. Se fizerem outra Copa um mês depois, os resultados serão diferentes.
O tempo é sábio. Muitas coisas acontecem no Mundial, que têm grandes destaques, são esquecidas. Outras, que não foram ressaltadas, serão lembradas.
Na avaliação da carreira de um jogador, deveria se dar muito mais importância à média de suas atuações no clube que a atuação em uma Copa do Mundo tão curta. Zico não brilhou intensamente em uma Copa. “Azar da Copa”, já disse Fernando Calazans [jornalista].
A avaliação de uma seleção não pode ser somente pela vitória ou pela derrota. Algumas seleções que perderam, como a Hungria de 1954, a Holanda de 1974 e o Brasil de 1982 continuam sendo lembradas como grandes seleções da história. Obviamente, não é o caso da atual seleção brasileira.
Messi não deixou de ser o melhor do mundo porque a Argentina foi eliminada pela Alemanha, e ele não fez um único gol na Copa.
As virtudes do Brasil, bastante conhecidas antes da Copa, como o excelente contra-ataque, as jogadas aéreas e a grande qualidade do goleiro e dos zagueiros não acabaram por causa de uma eliminação da Copa.
As partidas não são decididas somente pela técnica e pela tática. Tino Marcos, brilhante repórter da tevê Globo, que estava no gramado no jogo do Brasil contra a Holanda, me disse que achou que os jogadores brasileiros estavam mais relaxados que o habitual, antes da par tida. O Brasil sofreu dois gols porque se desconcentrou, por erros técnicos ou porque entrou em campo o imponderável, que não avisa quando ou onde vai acontecer e que não há como evitá-lo? Ou seria tudo isso? Nunca teremos a exata explicação.
A Copa do Mundo se tornou um grande negócio para a Fifa, patrocinadores e investidores. Para o torcedor brasileiro, além da emoção e do prazer de assistir a um Mundial, é uma catarse dos impulsos reprimidos e uma exacerbação de sentimentos ufanistas e nacionalistas. Está certo o Brasil parar por causa de uma disputa esportiva, como se fosse uma luta pela soberania nacional?

terça-feira, junho 22, 2010

Escreveu, não leu...

Senso de texto e contexto: sensação de quase entender.
19/06/2010
Carlos Wagner

Vou escrever, escrever até ficar impresso em sangue nas tábuas de nossas memórias, akashas, pranchetas etéricas de nossas percepções extra sensórias, tudo aquilo que, estranho, não consigo nem entender, mas que deve ser apreendido pelas nossas narinas cérebro-auditivas, para certificar de que essas coisas nos sabem bem, ou mal. E mesmo assim, vamos dizendo, deixando de dizer, sem muita clareza de que tem que ser assim. Vamos vivendo sem muita certeza de que a dúvida nos enfrenta em cada esquina. Acaso ainda não pensamos nisso?

Vou escrever, escrever, verter, ver e ter dúvidas de tudo que tem que ser dito e escutado íntimo na cabeça, reverberando pelas nossas nucas de medos e cerebelos, bulbos e corações.

 Escrever, até ver onde a escrita se perfura na tábua inconsistente de matéria sutil, matéria que não é matéria, mas é algo parecido com anti-matéria, mater de éteres, mãe de matrizes, perfis e biotipos estranhos de um modelo infinito de coisas que, sem dúvida, vão se desfazendo em materialização, no ar, no armário das disciplinas espalhadas sem ordem, conteúdos de indisciplinas escolares, senso comum de escoladas simbologias de espécies não estudads e nada específicas. Vamos lá, vamos escrever, escrever para depois, nem sei, ler isso e aquilo.

Escrever, ler não sei, mas escrever, até alguém dizer que está tudo meio certo, meio e fim errados, "cerrados", "errertos", sei lá, sabe? Porque o certo se escreve por linhas tortuosas, ásperas, a espera de palavras que tocam a nossa dor de ouví-las lidas para nós que, muitas vezes, nem sabemos ler.

Escrever, escrever, excre-ler o que foi excre-tudo dito, dito e tido como falado, fadado, enfadonhos movimentos de pensamentos fixos na perspectiva infinitamente projetada da civilização soberba dos humanos. Tudo fá-los-á posicionarem-se diante das costas largas dessas praias piratas de nossos mares de palavras, encíclopes orgulhosos de nossas decorebas, onde quase nos afogamos enciclopédicos, antes de chegar lá, nadando, nada dando, nada dito, nada tudo solto, outonos pós verão. Será que veremos mesmo? É o começo do fim, o com-fim do fi-rin-fin-fin. Assim, confinados em nossas prisões, enfim, vou escrever, mesmo sabendo que, se escreveu e não leu, o pau virou palco de absurdos. É a vida viva vivida, dádiva da virada. Sim, porque tudo deve ser mudado. Pois do contrário, permanecerá a escrita, o tabu, tambor do tempo histórico, que bate, bate, bate, e marca o tempo e o compasso, ritmo da vida humana.

E o coração explode!
Carlos Wagner
  

quinta-feira, maio 27, 2010


Ser grande
Fernando Pessoa


Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Fernando Pessoa

segunda-feira, maio 10, 2010

Solidão, por Chico Buarque

Uma mensagem do Chico Buarque sobre solidão, sugerida pelo Fio.
Muito legal!
clica e vai direto ao endereço.

domingo, abril 25, 2010

Adeus à Anália

Desta vez o coração de amor de Anália não suportou...Todos nós, seus filhos, não só os biológicos, pois ela parecia mãe de todos, sabemos do quanto sua vida foi rica de tudo. Temos, muito claro, que ela foi fundo naquilo que acreditava, a vida plena, amou, chorou, se zangou, se indignou, mas sobretudo, tentou ser alguém melhor. E se alguém cobrar, pode dizer, ela valorizou a vida, dedicou-se em ser fraterna, solidária e simples. Sua semente, plantada em cada um de nós, se madura, deve brotar em frutos do Bem.  Permanecendo a verdade de que colhemos aquilo que plantamos, vem a certeza de que Anália estará entre os bons.
Vai com Deus


Fio disse:
Meus queridos Coutinho Campos.

Hoje foi um dia difícil para todos nós. Os filhos biológicos e os agregados do casal Hermélio e Anália. Qualquer coisa que se escrever a respeito da influência desta família na vida daquele imenso grupo de amigos/irmãos da rua Pitangui e adjacências será infinitamente pequeno. O carinho com que Anália criou seus filhos (todos nós) é de uma grandeza que só se explica pelas emanações de uma era nova. Anália é a representação prática do Aguadeiro do amor jorrado por todo o sempre sobre nós. Está cravado em nossos corações. E por esta liderança que se firmou na nossa memória, pudemos buscar a liberdade, o novo. Pudemos acreditar que apesar daqueles tempos de ditadura militar, havia um sopro imenso de esperança no ar. Pudemos viver intensamente a vida e buscar, buscar, buscar... E pudemos acreditar no amor. Pudemos viver o amor amparado no exemplo de sabedoria e tolerância do Casal Hermélio e Anália.
Hoje que Anália se projetou em outras esferas, sinto com o coração apertado, que aprendemos muito e encontramos o caminho. E o caminho só se encontra na liberdade. Somente com a alma aberta para viver a liberdade se pode realmente experimentá-la.
Anália, a partir do exemplo de liberdade e amor que você nos ofertou, foi possível acreditar que poderíamos empreender um caminho bem diferente do costumeiro em nossa sociedade.
E o que nos resta é expressar nossa gratidão.

Fio





Roberto Dias disse...

Mais uma vez a vida nos prega uma peça e joga novamente por terra todo o conceito que eu tinha sobre a imortalidade,infelizmente.
Dizer o que. Não existem palavras para descrever o que essa PESSOA representou na minha vida. Me resta deixar minha solidariedade a todos.
Abtaços

Roberto Dias disse...

É uma pena que recebamos certas noticias dessa maneira inesperada e fria. Desafio alguém para falar um senão a respeito dessa mulher maravilhosa. O céu vai ficar muito mais rico.
Saudades de todos.

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

ShareThis