Sentido!
Carlos Wagner
Chego morto de sono,
escrevo morto de sono,
revejo, retomo, vejo o dia e quero dormir,
me lembro de tudo, esqueço detalhes e lembro do todo.
Morto de sono, escorrego entre as letras que se fixam ali em frente.
Morto de sono, somo as idéias e as modifico em sentido,
senti dor naquilo, sorrio prazeroso noutro aquilo,
dou sentido outro ao que, sem sentido, me deixou perplexo.
-E se nada vivi de concreto?
-E se discreto me furtei dos sentidos mixórdios?
-E se o dia foi mesmo para se esquecer e eu, desafortunadamente, me lembrei de lembrar? Tem sentido?
Tenho sempre me sentido estranho diante de muitos dias sem um sentido que valha sequer a pena. Apenas sigo vivendo, me vendo em giros entre sentidos diversos. Prá lá, prá cá, caindo em sérias armadilhas, ilhas de engano.
Sozinho, cercado, cada lado é um medo, cada lado é um susto possível...
Vou me lembrando, cheio de sono, rodopio entre as letras e minha cama, tão distante...
deito no chão...
acordo às cinco...
meu sono me foi roubado, um estranho sonho me contou sentidos e setas. Acordei e fui logo seguindo um certo hábito sem sentido...
...a vida está fervendo lá fora, lá longe para onde tenho que ir fazer coisas que, sinto muito, não fazem muito sentido!
Carlos Wagner
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