sábado, dezembro 20, 2008
Here comes the sun...
domingo, novembro 30, 2008
quarta-feira, novembro 05, 2008
Carlos Wagner
27/10/2008
Encontros enquanto encantos,
nos cantos das paredes desse quarto, nosso mundo,
penso só, lembro junto,
o mundo, planeta nós,
quarto crescente de lua, a alma, o prata clarão, o ser que se ilumina,
em certeza, em beleza, em aprender.
Encontros, quantas vezes nós, abertos ao novo,
encantados e perplexos, respiramos ofegantes,
assustados com o imenso, com o pujante fluxo da vida.
Encontros, ciclos,
segundo leis quase incompreensíveis, somamos alentos,
momentos e instantes.
Ali, onde nosso espírito diz: “vivo”, expressa: “quero”, e mesmo “discordo”,
alí onde a alma, pequenina, qual criança indefesa,
admira os seres, gosta e desgosta, esbarra no impessoal,
transcende e abarca o humano,
refaz planos, constrói em conjunto, subtrai em segundos,
planeja as dúvidas, escuta as cantigas, os sons das almas alheias,
o canto dos encontros, as harmonias de nós.
Encontros, viagens mágicas do ente humano,
nós de uma corda de enlace, amplexo de vozes em tons,
nós, apertados peitos, cordiais vibrações, cordas vocais,
soamos às vezes em uníssonas harmonias,
e não importa que muitas vezes distoantes e em conflito,
porém, encontros de vozes, pessoas, entes vivos e importantes.
Encontros, despedidas, partimos em viagem, não importa o lugar,
se distante, se distinto, singulares enquanto iguais,
idênticos enquanto díspares.
Somos assim,
construímos as paredes, solícitas, solidárias, que agüentam provas.
Encontros, forjamos prédios, casas, edifícios do viver,
escolas do saber ser,
que cabem múltiplos moradores,
lar, cuja matéria emerge do coração, contém o mundo e seus sonhos.
Encontros, acasos, segundos na eternidade,
segundos, ciclos, revoltas em espirais,
aspirantes pelo novo ser, pelo novo saber, certeza de um novo fundar.
E seguimos, esquecidos do medo,
rasgamos as cortinas do mesquinho,
encorajados pelos laços do bem querer, forjamos novos e velhos Encontros....
Carlos Wagner
segunda-feira, novembro 03, 2008
Incertas, furtivos mergulhos no paradisíaco,
Lembranças aguçadas, dias de sol no íntimo.
Incertas, acertos, por certo, fico admirado,
combino com o nada, útil lente de ver o agora,
certas canções, certos sibilos, certos brilhos nos olhos.
A certeza fugidia se expressa repentinos clarões,
não me assusto, não surto, furto lembranças de glória,
fico incertamente tranquilo,
o paraíso é onde estou.
E o que mais?
quarta-feira, agosto 27, 2008
Parabéns Hermélio
Mensagem de Sônia Lúcia para Tio Hermélio
Quarta-feira, 27 de Agosto de 2008 9:17:19 Assunto: Parabéns para o meu QUERIDO
Olá Primos queridos,
Peço-lhes que imprimam e levem para o Tio Hermélio.
Hoje ele completa 85? anos. Sempre foi um dia de muita felicidade para mim, porque ele é uma referência muito marcante em minha vida. Espero que nós possamos comemorar, ainda que de longe, por muito tempo, essa data, Tio Hermélio. Você não sabe o quanto tem de história na vida de todos nós. Você e a Dindinha Anália constituiram uma família muito bonita, que eu e a Maria Sueli consideramos sempre como irmãos. Espero que estejam todos aí com você, nessa união e amizade e sei que há um que está longe de corpo, mas unido de alma, assim como nós não esquecemos dele.
FELIZ ANIVERSÁRIO TIO HERMÉLIO.
EU E O CHICO ESTAMOS REZANDO POR VOCÊ.
BEIJOS SÔNIA LÚCIA
sábado, agosto 23, 2008
terça-feira, agosto 12, 2008
Yuri Firmeza em BH
Aproximou-se, aportou-se em nosso mar, costas de práias várias, gente generosa, eu sei...
Belo Horizontem de nossa rua pitangui, sagradas cúpulas,
belos horizojes espalhados em olhartes e projetos bem-vindos.
Bem-vindo Yuri
Carlos Wagner
Que lugar é este?
Projeto de artes plásticas quer interagir com a cidade e propõe diálogo com a população de Belo Horizonte
Yuri Firmeza
Há alguns meses, em Fortaleza, ensaiou-se a discussão, em tom de denúncia, acerca do roubo e do estado depredado de esculturas instaladas em um parque da cidade.
Ainda que não seja simpatizante das “escolas” que pensam o corpo social por uma perspectiva orgânica - em que cada órgão tem, a priori, sua função preestabelecida e bem definida -, parece-me que a questão do Parque das Esculturas se trata de expulsão dos materiais indigeríveis, da devolução daquilo que não assimilamos.
Estou falando, aqui, do vômito, a máxima recusa. “É o estômago que, como sempre, revela a verdade.” Porém, antes de chegar ao estômago, há o ato de engolir e seu predecessor, o ato de mastigar.
E, se o problema é de assimilação, o Parque das Esculturas passa a ser apenas índice de um problema mais abrangente. Algo entalado por conta da mastigação inadequada.
À semelhança de outros - vários - projetos realizados no Brasil, a tentativa fracassada de aproximação entre arte e vida - no caso, a construção do Parque de Esculturas - instaura fosso ainda maior na relação do público com as obras. Efeito contrário ao proposto, inicialmente, pelos idealizadores dos projetos.
O apartheid que vemos no malogro desses projetos aponta não apenas para as lacunas entre as obras e os transeuntes, mas sinaliza, sobretudo, para a distância entre os artistas, a cidade e a população.
É preciso pensar a cidade - toda a complexa rede de relações e forças que a perpassam e lhe são inerentes - antes de pensar a “arte pública”.
O problema, talvez provocador desse regurgitar coletivo, é continuar insistindo na tentativa de apaziguar as carências de uma dinâmica cultural por meio de eventos e projetos megalomaníacos que operam apenas como mais um espetáculo entre tantos.
Desse modo, a melhor forma de não sofrer indigestão é mastigar as coisas de forma muito consciente. E, para isso, cada pessoa tem um tempo particular. O tempo de reduzir os grandes pedaços a pequenos farelos.
Tenho o meu tempo em Belo Horizonte. Esse tempo tem duração de 13 meses. O tempo da Bolsa Pampulha, projeto do qual estou participando e motivo de minha residência na cidade. Já se passaram alguns consideráveis meses que estou por aqui mastigando, ruminando, engolindo e, esporadicamente, vomitando.
A atual edição da Bolsa Pampulha tem como proposta de seu desfecho não mais uma exposição nas dependências do Museu de Arte da Pampulha: “Cada artista selecionado realizará ação expositiva concomitante ao resultado de seu trabalho, prevista para 2008, em espaços públicos da cidade de Belo Horizonte”.
Acredito que o formato de uma bolsa como essa possibilita relação mais intrínseca com a cidade, justamente por apostar nos bastidores, na mastigação e, por esse motivo, difere de eventos que visam simplesmente às luzes dos holofotes ao final do show.
O fato é que, para apresentar o resultado do trabalho desenvolvido ao longo deste ano, em espaços públicos da cidade, como previsto no edital da Bolsa, faz-me necessário um líquido.
O PRIMEIRO GOLE:
Assumir que estou vivo
Pensar minha estadia na cidade como sendo a minha intervenção no espaço público. Criar esse espaço por meio, justamente, das relações que invento com “a cidade”. Chegar a Belo Horizonte, amassar e moldar pão de queijo com a Anita, conversar sobre os mexilhões dourados com a bióloga Mônica Campos, dialogar com os motoristas de táxi na tentativa de entender o fluxo da capital, ir ao festival de cinema de Tiradentes, conversar com os travestis da Afonso Pena à procura de alguma Yuri, aprender a tocar flauta, ir a Patos de Minas, conversar sobre meus trabalhos com os alunos da Escola Guignard, escrever diário, andar com mapa no bolso, dar oficinas, seguir carteiros, ir a Lagoa Santa, ziguezaguear no Opala de Pablo, ir às reuniões de condomínio, fazer performances, comer doce de leite, ir ao museu, fazer piquenique no Parque das Mangabeiras, encontrar-me com os outros bolsistas, ir a Ouro Preto, conhecer pessoas na rua, desenhar a cidade, desenhar na cidade, desenhar-me cidade.
O SEGUNDO GOLE:
“A cidade” entre aspas
Enfatizar que a cidade que me interessa pensar não é apenas a cidade literal, física, arquitetônica, maciça. Mas todo o seu contexto - social, político, cultural.
O TERCEIRO GOLE:
Uma plataforma
Brasis. Fragmentos. Isolamento e falta de diálogo. Dificuldade de interlocução e uma pretensa história da arte. Era uma vez... no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Minha inserção no Pensar pretende criar um dispositivo para a produção de pensamento, conversas, fluxos e circuitos. Tal inserção faz parte do meu diário de experiências cotidianas. A partir de agora, o jornal se configura como plataforma comum para que as conversas reverberem em outros corpos.
O QUARTO GOLE:
Uma questão para além da ótica
Belo Horizonte vista por vários prismas, mas, sobretudo, inventada por cada toque. Uma cartografia em constante mutação. Que lugar é este? Para um geógrafo, para um cientista político, para um motorista de ônibus, para um artista “estrangeiro”, para pessoas que se movimentam e atuam de forma muito peculiar na cidade, para você.
Sim, Belo Horizonte, essas são algumas abocanhadas; eu não seria capaz de conversar e começar de outra forma. E, caso a conversa fosse outra, as esculturas seriam roubadas, o parque estaria em ruínas, as obras restariam depredadas e o sonho findaria saqueado.
Finalizo este texto com as palavras também finais de Miwon Know, em Um lugar após o outro: anotações sobre site specificity. “Somente essas práticas culturais que têm essa sensibilidade relacional podem tornar encontros locais em compromissos de longa duração e transformar intimidades passageiras em marcas sociais permanentes e irremovíveis - para que a seqüência de lugares que habitamos durante a nossa vida não se torne generalizada em uma serialização indiferenciada, um lugar após o outro.”
O que me surpreende é o fato de que, em nossa sociedade, a arte tenha se transformado em algo relacionado apenas a objetos, e não a indivíduos ou à vida; e também que a arte seja um domínio especializado, o domínio dos especialistas, que são os artistas. Mas a vida de todo indivíduo não poderia ser uma obra de arte?
Michel Foucault
Este texto é também uma escultura.
Yuri Firmeza é artista plástico e participa do Programa Bolsa Pampulha, do Museu de Arte da Pampulha (MAP)
Texto publicado no jornal Estado de Minas
Pensar - Sábado 09/08/2008
sábado, julho 26, 2008
mira só o encontro de gênios....
http://blogln.ning.com/video/video/show?id=2189391%3AVideo%3A7728
quinta-feira, julho 24, 2008
Para que serve um amigo?
Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra.
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão.
Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.
domingo, julho 13, 2008
Coração, centro da vida...
pensar comunicações,
prensar símbolos e rabiscos,
todas as coisas que se escrevem,
penar dores em pencas,
pedir sempre por entender tudo e de tudo fazer utilidades.
A vida, pequeninha, pequeninha mesmo,
berra alto e me faz conhecer, berra auto-conhecimento.
O músculo coração, não se cansa, numa mágica e insistente informação,
fala algo, uma linguagem que quase entendi de repente.
Quantas vezes ele pulsa na vida? Fico pasmo.
Posso ver, gostar, querer, olhar, buscar falar de algo que move as energias,
imagens, personagens, camaradagens, sacanagens,
rodopiam rodas de pensares,
rodas esfumaçadas, estranhas figuras como nuvens de toda cor,
giram em torno do meu olhar fixado nelas,
atónito como um louco profeta.
Tento perguntas, "quem sou, quem és tu meu eu"?
Ainda outra noite sonhei um sonho amigo, sonhei que dormia ao meu lado um destino,
que desassemelha e desbarata minhas pretensões de ser um grande "qualquer coisa",
porque coisas somos, como eus rebeldes, anjos esborrachados, e o chão não é o limite.
Cá estamos, movidos e vividos pelas forças, forcas que nos penduram.
Olhamos e vemos os nossos pés balançando.
Engraçado é que não sentimos falta de ar, armados que estamos de pretensa saúde,
pretensa filiação de um Rei distante.
É só olhar, o reino está destruído, a beleza não tem espírito,
as flores não têm cheiro. Estamos enforcados como Judas.
O reino está imundo, nós mandamos e desmandamos,
O rei onde está? e o que queremos dele?
Ouço algumas hipotéticas respostas, ouço um chamado.
Mesmo na forca, o ar que nos alimenta parece eterna energia que não nos quer mortos.
Respiro vida, respiro sonhos de uma profecia,
respiramos por sete cavidades,
sete chances, sete vidas.
"Negros gatos", subimos sete montanhas,
sete telhados, sete pecados.
Caímos e reencarnamos nas sete vias da esperança,
Sete selos nos separam da Dignidade.
Por isso, sete vezes sete impulsos em mim me dizem que se tem que achar os caminhos do coração.
Viva! Vive em nós a Esperança
sete vezes setenta e tantas batidas que forem necessárias, o coração não cansa.
Ainda bem!!!
sábado, julho 05, 2008
às Mulheres
De repente uma homenagem....
Carlos Wagner - Abril de 2008
Tive de repente uma súbita visão,
Olhei e vi minha mãe,
Olhei de novo e vi minha filha,
Tornei a olhar e vi uma vizinha.
Encabulado, esfreguei os olhos.
Com olhos fechados, ouvi vozes.
Ouvi minha mulher,
Quis olhar,
Ouvi minha avó,
Sem entender, ouvi uma antiga professora.
Fiquei perplexo a pensar,
Minha memória avivou-se,
Pessoas importantes foram sendo lembradas..
Uma tia, uma amiga,
Uma mendiga que ontem me sorriu
E me ensinou um olhar.
Surgiu também o rosto e o corpo de uma mulher num anúncio de cerveja,
Também uma mãe e vários filhos, com rosto contrito a pedir dignidade.
Abri os olhos, corri para o espelho,
Pude ver um mosaico a me circundar,
Giravam imagens, percebi muitas mulheres,
Vi uma creche, vi uma maternidade,
Vi fábricas onde muitas mulheres teciam ao mesmo tempo em que eu as via amamentando,
Costuravam, urdiam planos e gerações.
Meu coração esquentou, surgiram percepções,
Abriu-se em mim um grande amplexo,
Quis abraçar o mundo, muitas pessoas,
Quis acolher muitos filhos e filhas,
Entendi que as mulheres aconchegam
Acolhem, cuidam, amam,
Engendram seres humanos.
As vi gerando a humanidade (essa mulher maior)
Compreendi que ela preserva as gerações.
Quis saber então por que nos chamamos “Homens”?
Talvez a arrogância masculina manipule e forje um Deus homem,
Masculina cultura.
Então, reforçado em mim mesmo,
Ansiei por um equilíbrio real de gêneros.
Vislumbrei um ente humano mais feliz
Carlos Wagner
sexta-feira, julho 04, 2008
BH em dia frio...cá em nós calor...
Frio frívolo dia.
É hoje,
um dia meio frio,
rio de algo que gosto e tem gosto conhecido,
gosto do dia,
ia me lembrando de coisas de dias frios.
Fios e meadas, linhas de raciocínio, ciosas memórias.
Agrado do dia, há gratas fotografias lá no meu mundo história,
memorial de encontros e encantos que importam,
entram por simpáticas portas,
maneiras e pensares,
simpáticas, sim, enfáticas falas, palavras e frases
cadeias de livre pensar, livro lembrar,
livres arroubos de uma mente sincera, verdades e meias-inverídicas idades.
Hoje é um dia meio frio, fio que estarei desperto até de noite,
bem-estar, hei de completar meu contemplar,
e quero dormir quentinho, na noite de um dia frio,
sonhando levezas, voos por sobre territórios de calor humano,
paragens que mostram dias frios, florestas frias, momentos de sorrisos solitários.
Sonho de tudo, um desejo quente.
Hoje é um dia em que tudo começa a ficar mais claro,
e quero temperar as coisas com cuidado,
quero olhar ao lado e ver irmãos com entendidas percepções.
Hoje é um dia bom,
ao lado moram vizinhos, entes como a mim mesmo.
Um dia frio, e o calor em nós,
nós que tanto buscamos,
nós apertados desta corrente de gente enlaçada.
Carlos Wagner
segunda-feira, maio 26, 2008
Across the universe - Vale a pena ver....
Filme "Across the Universe" revisita clássicos dos Beatles
SÃO PAULO (Reuters) - Experiente diretora de musicais na Broadway, premiada pela encenação de "O Rei Leão" (1998) e também por filmes como "Frida" (2002), a diretora Julie Taymor encarou recentemente um desafio enorme --atualizar o clima das canções dos Beatles, criando uma estrutura dramática para o seu conteúdo. O resultado está em "Across the Universe", estréia desta sexta-feira em São Paulo e Rio de Janeiro.A história acontece exatamente na mesma época do nascimento das canções, os anos 1960, recorrendo-se a novos intérpretes e novas gravações. Às vezes, usa-se a voz dos próprios atores --cujos personagens foram especialmente batizados também em função das músicas, como Jude (Jim Sturges), nome inspirado em "Hey Jude". Alguns veteranos de peso comparecem no elenco e nas interpretações, caso de Bono e Joe Cocker
Jude (Jim Sturges) é um jovem estivador de Liverpool que descobre que seu verdadeiro pai é um norte-americano. Durante a guerra, sua mãe (Ângela Mounsey) engravidou deste soldado, que partiu de volta para casa sem saber da gravidez. Jude larga emprego, namorada (Lisa Hogg), e decide dar uma grande virada na vida, indo procurar o pai nos Estados Unidos.
Lá, ele muda de interesses. Apaixona-se por Lucy (Evan Rachel Wood, protagonista do drama "Aos 13"), torna-se amigo do irmão dela, Max (Joe Anderson). Os dois rapazes vão para Nova York, alugando um quarto no apartamento da cantora Sadie (Dana Fuchs).
Na banda que acompanha Sadie, toca o músico Jo-Jo (Martin Luther McCooy), que pode se considerar como um herdeiro artístico de Jimi Hendrix. Faz parte dessa turma também uma certa Prudence (T.V. Carpio).
A luta pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietnã influi sobre as vidas dos personagens, enquanto desfilam pela tela, em criações coreográficas e visuais de uma inventividade incrível, cerca de 30 canções, como: "Helter Skelter", "Why Don't We Do It in the Road", "Dear Prudence", "Because", "Oh Darling", "Don't Let Me Down", "Hold me Tight", "With a Little Help from my Friends", "Strawberry Fields Forever", "I am The Walrus" e "Let it Be".
Embora vise claramente espectadores jovens, "Across the Universe" reserva um potencial de atração também para platéias mais maduras, que cresceram ao som de "Girl" e "Hey Jude". A intenção da diretora parece ter sido fazer todo mundo se sentir jovem assistindo a este filme.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
terça-feira, maio 06, 2008
Carlos Wagner
Chego morto de sono,
escrevo morto de sono,
revejo, retomo, vejo o dia e quero dormir,
me lembro de tudo, esqueço detalhes e lembro do todo.
Morto de sono, escorrego entre as letras que se fixam ali em frente.
Morto de sono, somo as idéias e as modifico em sentido,
senti dor naquilo, sorrio prazeroso noutro aquilo,
dou sentido outro ao que, sem sentido, me deixou perplexo.
-E se nada vivi de concreto?
-E se discreto me furtei dos sentidos mixórdios?
-E se o dia foi mesmo para se esquecer e eu, desafortunadamente, me lembrei de lembrar? Tem sentido?
Tenho sempre me sentido estranho diante de muitos dias sem um sentido que valha sequer a pena. Apenas sigo vivendo, me vendo em giros entre sentidos diversos. Prá lá, prá cá, caindo em sérias armadilhas, ilhas de engano.
Sozinho, cercado, cada lado é um medo, cada lado é um susto possível...
Vou me lembrando, cheio de sono, rodopio entre as letras e minha cama, tão distante...
deito no chão...
acordo às cinco...
meu sono me foi roubado, um estranho sonho me contou sentidos e setas. Acordei e fui logo seguindo um certo hábito sem sentido...
...a vida está fervendo lá fora, lá longe para onde tenho que ir fazer coisas que, sinto muito, não fazem muito sentido!
Carlos Wagner
terça-feira, abril 15, 2008
Por entre as janelas do agora...
Cá de novo, novo novelo, novela esta vida, drama...novos elos...
Tramas, mostras, outras redes, amarras tecidas ponto a ponto.
Subimos, descemos, mergulhamos ou voamos por sobre as montanhas, nossas provas.
Aqui e ali nossos pés pisam firmes ou não, sempre buscando o melhor solo, guitarras distorcidas, loucas harmonias ou "caretas".
Sei que vamos, e soa uma melodia, música das esferas, sinfônicas arquiteturas de autores sobrenaturais.
A vida tece, somos a linha e o pano, somos agulha e somos o furo por onde passa a linha do tempo.
As mãos limpam, as mãos se sujam, e pensamos se bem somos, se mal queremos ser o que sofremos.
-Ei, espere aí, não fujas por teres sujas as mãos. Há tempo, há chances, os processos são portas atrás de portas, possibilidades desconhecidas, porém, portas, mesmo que trancadas, existem chaves, precisamos encontrá-las.
Logo ali repousa o entusiasmo...
sábado, fevereiro 09, 2008
Carlos Wagner
Chego cedo, chego cego por ceder algo agora, chego, medo, meço minhas chances, avanço até onde posso. Passo por minhas dores, minhas marcas na pele curtida, chicotes.
Durante as encarnações no tempo, enfiadas em meu sangue herança,
Cedo, afio a foice cega, afoito e hesitante, corto os espaços do pouco tempo que me sobra. Partem-se os pedaços de fantasmagóricas peças de uma insana imaginação, zombeteiras, assustadas agora.
Vejo então, com alegria, a hora estava certa. Estou pronto para rir e ser feliz... se o coração for o Mestre.
09/02/08
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
Desassossego
Wá
O desassossego, explícito na carne dos olhos de minha retina retine como luzes no fundo nada calmo do meu olho que vê tudo em câmera lenta, linda imagem que quase me seduz ao fim do filme de uma vivência momentânea.
Fico atônito
fico afônico
biotônico fonte de ouro, pote de couro.
Fico como estava no momento da partida de um grande amigo que não verei mais, chorando copiosamente, cópias de um texto não lido, sabido, instigante, medroso, tinhoso, malandro na alma de mim.
Fico por aqui...apareço por lá, sustenido, sustentado e atentado por fantasmas do tempo.
Fico atento...e quase vejo na entrelinhas...
percebo que desse sossego de não querer passar por cima dos degraus necessários,
me afirmo flexível e encaro os dez aços desse ego que querem-me desassossegado.
domingo, janeiro 06, 2008
Vale ler
Quem curte e/ou curtiu tempos dos 60/70, suas músicas, sua cultura, precisa ler este livro. Gostei muito. Fiquei gostando mais desse cara. Uma vida cheia de desafios, sofrimentos, porém, uma tábua sempre o levou por caminhos em que, ao final, pudesse tomar a vida em suas mãos: a música e sua arte de instrumentista. É muito agradável observar a vida de um vencedor, mesmo que ele, igual a nós mesmos, do profano e comum, tenha percorrido caminhos perigosos, e encontra força na alma para dignificar a Vida.
Todos novos em Capetinga
O lobo da estepe - Hermann Hesse
- O lobo da estepe define minha personalidade de buscador