Vejo
Carlos Wagner
Eu vejo o sol lá fora, ele brilha incrível!
Eu vejo o girassol brilhar amarelo,
vejo o voar envolvido de um pássaro,
desenhando evoluções,
e escuto seu cantar, lá fora, lá nos galhos,
eu vejo belezas...em tudo...
Vejo o azul do céu,
vejo animais que brincam e que correm,
eu vejo o movimento da Terra,
Vejo o sol, todo dia, chegar ao ápice,
e o vejo descer, lento, escondendo sua luz, e vejo então estrelas, vagalumes,
vejo a lua silenciosa lá em cima, ela não julga nada.
Eu vejo pessoas bonitas
crianças lindas, idosos solenes,
vejo e cheiro flores vivas, garbosas...
e mesmo assim....
não perco, inebriado, o lado sem Luz da vida,
obscuro, mal cheiroso, sofrido, ardente,
pois também vejo, sem desviar o olhar,
e reafirmo, não quero deixar de ver a horrível figura do mundo em dor,
eu a sei, quero entender sua espécie,
peso, volume e densidade.
Olho e vejo gente sem alma, gente insana,
vejo poderosos investidos, armados,
vejo chefes articulando guerras de nações,
lutas de grupos, de famílias, de amigos, tropeço nas articulações e projetos do mal.
Observo bravatas de valentes horríveis,
vejo sanções à verdade,
vejo preconceitos, racismos,
fobias diversas, neuróticas fobias,
à pobreza, à indigência, às chagas feias nos rostos marcados, vincados,
vejo terremotos vindo,
vejo mortes, muitas, muitas mortes,
e vejo gente indiferente, intocadas...
No entanto, abro os olhos para alegrias, para a música, para as cores,
olho tudo com muito afinco.
E, sistemático,
não fecho os olhos para a horrível cena mundial, a dor e o sangue,
vejo tudo daqui da Torre da minha pineal, da minha hipófise confusa,
da minha perplexa tireoide,
do meu coração aflito,
do meu fígado azedado,
do meu plexo, perplexo e enojado com toda aberta capacidade desumana.
Sinto o pulsar, o ritmo do timo piscar para um esternum do peito, intermitente, abrindo e fechando,
e percebo meus meus olhos, que choram,
vejo tudo, quero ver tudo,
não fujo de nada,
quero aprender tudo, olhar nesse espelho,
enxergar minha humanidade desumana, em tudo,
Vejo-me acolher com engasgo, tudo que somos capazes,
a lama fétida da humana excrescência...
E, contudo,
quero o Bem!
quero ser bom!
quero ser bem melhor.
Quero o belo e o Bem,
mesmo que o Mal esteja nele colado,
Pois a essência é inevitável...
O bem e o bom e o belo...
O bom, e bom, e bom!
só screvo o que vejo...
"Poeta bom é poeta que vive,
e que vê,
e que escreve,
mesmo tudo isso!!!
Carlos Wagner
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