Uma reflexão sobre o fim das coisas
Em
2007, quando a Banda brasileira "Los Hermanos" acabou, da qual sou ainda muito fã, o Pedro
Maia, meu sobrinho, me perguntou: "E aí, tá muito triste com o término do Los
Hermanos? Cê tá de luto?
Respondi: Pra quem já viu e viveu o fim dos Beatles, isso é fichinha!
Mas, dá para fazer uma reflexão mais aprofundada sobre essa coisa de "perder" ídolos ou coisas importantes. Fui longe e pensei nos momentos em que pude sentir essa coisa da perda, da morte, do fim de namoros, da despedida de quem vai para longe.
É claro que existem dores mais fortes do que
outras, principalmente aquelas ligadas a perdas irreversíveis, como a morte por
exemplo. E no meu caso, e de muitos de nós, particularmente, a partida súbita do Rogério, meu
irmão, em 1983. Foi uma das primeiras de todas na minha casa. É muito dura a experiência da
morte.
Porém, vivemos todo os dias a morte de alguma forma, na descontinuidade das coisas. Nós queremos que muitas coisas durem, principalmente aquelas que são boas, simpáticas e prazerosas. Talvez a nossa incapacidade de viver o presente nos leve a esse tipo de desencontro. Estamos de tal forma ligados ao passado, à experiência boa ou ruim, que deixamos de verificar com plenitude as coisas do "agora". Ficamos, quase sempre, ou querendo preservar o prazer, ou buscando evitar a dor já vivida e conhecida. Vivemos, então, agora, ligados no passado e projetando o futuro. Abdicamos do "agora".
É claro que o que foi bom, seria bom viver de novo. Mas para isso precisaríamos estar nas mesmas condições em que estávamos quando da vivência daquela experiência. Como isso é impossível, tudo será sempre novo, seremos sempre outros, e as experiências nunca se repetirão.
Deveríamos, portanto, estar prontos para o sempre novo, mesmo que eles se referissem a coisas do passado. Uma música, por exemplo, a cada momento que a escutamos, obtemos emoções novas, percepções novas, como se a lente que nos permite enxergar, sempre providenciasse novos olhares, porque assim o é.
Porém, vivemos todo os dias a morte de alguma forma, na descontinuidade das coisas. Nós queremos que muitas coisas durem, principalmente aquelas que são boas, simpáticas e prazerosas. Talvez a nossa incapacidade de viver o presente nos leve a esse tipo de desencontro. Estamos de tal forma ligados ao passado, à experiência boa ou ruim, que deixamos de verificar com plenitude as coisas do "agora". Ficamos, quase sempre, ou querendo preservar o prazer, ou buscando evitar a dor já vivida e conhecida. Vivemos, então, agora, ligados no passado e projetando o futuro. Abdicamos do "agora".
É claro que o que foi bom, seria bom viver de novo. Mas para isso precisaríamos estar nas mesmas condições em que estávamos quando da vivência daquela experiência. Como isso é impossível, tudo será sempre novo, seremos sempre outros, e as experiências nunca se repetirão.
Deveríamos, portanto, estar prontos para o sempre novo, mesmo que eles se referissem a coisas do passado. Uma música, por exemplo, a cada momento que a escutamos, obtemos emoções novas, percepções novas, como se a lente que nos permite enxergar, sempre providenciasse novos olhares, porque assim o é.
Por
isso, não importa se os Beatles acabaram, o Led Zeppelin, os Novos Baianos e, é
claro, o Los Hermanos mesmo! O que importa é que a obra desses artistas está aí
para apreciarmos, e já não pertencem a eles, e podemos ouvi-las sempre, ou não!
Finalmente,
perceber o fluxo das coisas é perceber a morte e a vida, a todo momento. Um
leite que entorna, um ónibus que perdemos, um objeto que alguém rouba ou que perdemos, uma
derrota de um time amado. Uma criança que nasce, um olhar de flerte, uma
amizade que se inicia, uma chuva que refresca. Lá e cá, há sempre fluxo,
entradas e saídas.
Quero
então, a propósito, encerrar este texto com uma parte de uma letra de uma música do Marcelo
Camelo, Los Hermanos, que diz:
"Quem
acha que perder é ser menor na vida, quem sempre quer vitória, esquece a gloria
de chorar",
e também do Rodrigo Amarante,LH, "então, tentar prever, serviu pra eu me enganar". Também Lulu Santos e Nelson Mota, "nada do que foi, será, do jeito que já foi um dia", e é claro, George Harrison, com a explícita "All things must pass” , toda ela.
e também do Rodrigo Amarante,LH, "então, tentar prever, serviu pra eu me enganar". Também Lulu Santos e Nelson Mota, "nada do que foi, será, do jeito que já foi um dia", e é claro, George Harrison, com a explícita "All things must pass” , toda ela.
"Fecho
com Mário Quintana, "Todas as coisas passarão, Eu passarinho”!!
Carlos
wagner