Mais uma participação de peso, pessoa assim indo do A ao Zénite calor Kalil,
colado ali no instante, tanto tempo porá temporalidades no menu das nossas refeitas ações dos improvisados encontros pra sempre...
pre estabelecidas as latitudes, longas atitudes de querer ser/descrever discursos im-perfeitos porque feitos na hora do amor.
Vai lá!!!
Caro Vá, conforme combinado, estou te enviando o texto em anexo, sou péssimo para guardar datas, fatos e nomes , por isso, resolvi fazer aquilo que sei melhor, lidar com o fato emocional, onde cada detalhe tem a pegada da minha alma, decidi narrar a partir da rua, era ela quem me dava o mote o tempo inteiro, assim eu falei de cada um de nós, muitos que eu esqueceria, não saberia declinar nomes, fatos perdidos no balaio da memória, assim ficou tudo claro para mim como a luz azul da lua que nos dá o dia quando a noite vem.
Sinceramente,
wellington kalil
RUA
PITANGUY – UM RIO DE CRIANÇAS E LÁGRIMAS
Wellington Kalil de Campos Alves
Porque a juventude é também
uma criança assim como a noite e a arte. Sob o notívago signo do rock’n’roll, eu
vi o movimento hippie, transitando pela liberdade e a loucura plutônica emanada
de woodstock estreladas no céu da noite de nossas cabeças incorporando os anos
setenta e o projeto de um ajuntamento intenso de jovens sem compromisso com
nada, apenas com o desejo de juntos se protegerem na misteriosa liberdade que
inspira o desenho de uma rua, em cuja abertura se refugiavam das pontiagudas
esquinas. Por outro lado ainda, do outro lado do mundo floresciam os beatles e
os rolling stones, enquanto eu cultuava três divindades: lou reed, na voz de
walk on the wild side; o deus poeta, bob dylan, dizendo like a rolling stones e
o divinamente brega, waldick soriano. Tudo isso compunha o cenário das minhas
crenças, e caminhava comigo, quando todo mundo varava a madrugada de quase
todas as noites da semana pensando cada um por si e todos por um. No meio do
quarteirão, fulgurava como um facho de lua cheia a casa do bravo e delicado seu
hermélio, marido de santa anália, amorosa
mãe e dedicada dona de casa, escritora de belas poesias que nos ensinou a
espiritual virtude da tolerância e o valor da bondade, a qual, igual cada um, eu aprendi a amar e a respeitar como se fosse
mãe, ali transitavam todos os lugares do
mundo, todos os homens da terra e todos os bichos do céu nossos irmãos, nossos
queridos irmãos, uma exótica fraternidade que logo se refilhou pelo astral do
brasil inteiro e nos tornou uma sagrada família no bairro homônimo, onde haviam
uma varanda sempre iluminada, o quintal de muro baixo limitando o vetusto quintal,
parcela de um passado de fazendas, fazendeiros e alucinados tropeiros, um quintal guardado
por um bosque em festa e perfumado de maçãs e jasmins e um bem cuidado roseiral,
fruto do desvelo de dona anália, que, logo após, caminhando para a saída do
portão, via-se a inconfundível lua que rimava com a sagrada rua pitanguy que,
assim como o rio ganges, era um portal para
o infinito, ainda hoje acredito que ali subsiste a sublime ideia de que a rua é
uma estrada encantada rumo ao alpha e o
ômega e ao íntimo infinito. A rua era o nosso rio por onde navegavam conversas
incríveis, nossas esperanças perdidas, amores vãos e, sabe-se lá por que, as
mais inconfessáveis lágrimas entre anseios e poesias aldrabadas, bandoleiros e luxuosos
bandolins. Logo aprendi a tocar violão que faria parte de mim por toda minha
vida, eu vim daquele sagrado universo, de onde as metáforas e metafísicas
palavras.
Um comentário:
Lindo, meu sempre irmão, cometa que dá voltas, mas sua órbita sempre nos trás para perto.
Lindas palavras. Quem soube, sabe.
Wá
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