quinta-feira, dezembro 04, 2014

Pensador prisioneiro...

Pensando, pensando, pensando...

Que tanto se pensa?
Penso, penso tanto, tanto, tanto...tonto...embriagado nesse movimento, novamente repetitivo, vivo, volitivo, voo ativo...recorrente, acorrentado e encerrado, fluxo de baixo, subindo do submundo, underground, inconsciente, pra cima.
Tudo do plexo solar, do "animal-eu" bio bicho selvagem, querendo pensar, roubar meditações e insuflar ideias, seres fosfórico-dependentes, viciados e circulantes, ladrões subreptícios, répteis vorazes...por isso Ele disse: "Raça de víboras"...

Meu olho olha tais seres, travestidos de ideias e pensamentos, de razão para tudo, para todos os tipos de explicações...fixos, hipnotizados.
Meu olho olha e não vê a natureza real do mundo dos pensamentos, nem o nariz sente o cheiro indecente dessas criaturas sub répteis, sub elementos, sub-humanas, coloridas, fingindo serem eu mesmo. Que inocência!
O lago do meu campo interior abriga obrigações inconfessáveis...e a vida se torna uma perigosa jornada, quase infestada de infectos desejos e escondidas intenções...Afastem-se todos de mim, sou perigoso e irracional...

A vida segue...O que eu guardo escondido aqui em mim que não se importa tanto com o que eu defino como "moral" e "ético"?

Da pergunta, profundamente "filo-amante" do imenso e carente querer saber...nasce um profundo desejo, um anseio por tornar-me liberado, livre desse caos, uma Esperança de, um dia talvez, a consciência que me chama de "eu" e se expressa a partir dos meus quereres e sentires e "volires", se veja tomando decisões limpas, puras, proativas e construtivas...

Desse anseio nasce unm grito, um conhecimento imenso, autofocado que me lembra o Salmo "elevo os meus olhos para os montes" pedindo um socorro sui-gêneris, um socorro purificante, ativo, que estabeleça sim uma ação consciente, apartada dos seres pensamentos confusos e antigos...E sei que eles também buscam luz.

Surge assim a voz do que "clama no deserto" exigindo de mim; "endireita os caminhos"!, prepara-te para as grandes coisas do Espírito!

terça-feira, novembro 04, 2014

Senador Inácio Aruuda

Senhor Senador Inácio Aruuda,
Assisti pela internet ao seu importante e esclarecedor discurso sobre a vitória da Presidenta Dilma. Foram pontos fundamentais deixados límpidos. Seria importante que, por uma divulgação que chegue a muitos brasileiros, possa ser compreendida a dimensão dessa vitória e do projeto vencedor.
Será uma pena não contar com vossa presença no parlamento brasileiro por esse próximo período.
Gostaria de receber uma cópia escrita, digital, desse belíssimo pronunciamento, par que eu possa divulga-lo entre pessoas conhecidas e interessadas.


Fico, de antemão agradecido pela atenção.

Senhor Senador Inácio Aruuda, 
Estamos publicando aqui em nosso blog Familiar

https://www.youtube.com/watch?v=7t81ZAL4tAc


http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2014/10/31/senador-arruda-elogia-mino-e-blogueiros/


Senado Federal
Secretaria-Geral da Mesa
Secretaria de Registro e Redação Parlamentar

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, caro Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, quero destacar uma figura que não conheço pessoalmente, apenas dos escritos.
Antes, cumprimento o Senador Caiado, novo Senador eleito para a próxima Legislatura, e V. Exª que está acompanhando o Senador Caiado. Não sei se Caiado está alinhado com V. Exª ou se V. Exª está querendo se alinhar com Caiado. Há uma dúvida. Depois, vamos dirimir essa questão. 
Quero cumprimentar a nossa Presidente Dilma Rousseff, eleita para o segundo mandato no processo de eleição do Brasil.
Quero destacar a atuação dos novos governadores, que foram eleitos num pleito muito disputado, especialmente no segundo turno, e a atuação daqueles que disputaram, mesmo não alcançando a eleição. Eles participaram dessa festa democrática que se consolida a cada dia no nosso País.
Quero registrar, Sr. Presidente, que não disputei eleição para o Senado. Eu disputei eleição para a Câmara Federal numa disputa, digamos assim, de última hora, substituindo um colega Parlamentar que, por condições de saúde, não pôde disputar. Entramos ali na metade do segundo tempo da disputa eleitoral e, mesmo assim, alcançamos a marca extraordinária de 55.403 votos no Estado do Ceará. Quero agradecer cada um desses votos e dizer que, mesmo não tendo sido suficiente para a eleição, eles são muito importantes na vida daqueles que se dispõem a disputar uma vaga para o Parlamento nacional, no caso a Câmara Federal. É muito importante para nós. E tenho certeza de que teremos condições de honrar esses votos com a atuação da nossa Bancada na Câmara Federal e aqui, no Senado, porque, nas grandes teses, nós agimos em uníssono. Então, quero agradecer a cada cearense por estes 55.403 votos. São muito importantes. E marcaram uma vitória. Não foi suficiente para a eleição, mas é uma conquista você entrar na reta final de uma eleição e conseguir essa quantidade de votos. Alguns acham pouco, mas é um contingente grande de eleitores do nosso Estado.
Sr. Presidente, feito esse registro da nossa batalha específica em que nós atuamos, de que nós participamos, queria, como disse logo no início, fazer um registro de uma pessoa que não conheço pessoalmente. Tenho concordância em grande parte com seus editoriais na sua revista, discordei já de muitos outros, mas quero destacar uma posição que demonstra o caráter das pessoas. Trata-se do jornalista Mino Carta. Essa figura, bem antes do pleito, anunciou a posição da sua revista dizendo o seguinte: “Aqui, faremos jornalismo, mas nós temos uma posição. A posição da revista é de apoio à Presidente Dilma Rousseff”. 
Isso demonstra o caráter e marca o posicionamento de um órgão de comunicação privado, particular, não é uma concessão, como as grandes cadeias de televisão e de rádio que atuam no nosso País, que agem de forma cínica em apoio a determinados candidatos, mas que se vestem com uma roupagem como se fossem independentes, como se não tivessem posição.
Eu quero destacar essa posição de uma figura extraordinária que não conheço, que pessoalmente não sei quem é, cuja família não conheço. Conheço a sua posição descrita por seus editoriais do ponto de vista político. E acho que isso demonstra o seu caráter, uma pessoa que tem caráter. Ele diz: “Não, eu tenho uma opinião, tenho uma posição”. E firmou essa posição.
Isso eu digo para tratar da batalha central que ocorreu em nosso País, que foi a eleição presidencial, marcada por uma chuva meteórica de ações movidas pelos grandes veículos de comunicação. Era como se, no segundo turno, especialmente, nós tivéssemos uma disputa entre três candidatos, dois unidos de um lado e um do outro. Na verdade, os grandes veículos de comunicação, embora não tivessem anunciado a sua posição, atuaram como partido, agiram como partido, tramaram durante a campanha como um partido e se juntaram a um candidato contra a outra candidata.
É importante que fique claro para o povo brasileiro a posição dos grandes órgãos de comunicação do Brasil, que se posicionaram abertamente fazendo campanha, mas sinicamente dizendo que não; que não estavam em campanha de ninguém, estavam apenas informando a população. Então, é algo que precisa ser clareado no Brasil. 
Por isso fiz questão de destacar a posição de Mino Carta, porque esse teve caráter, esse deixou sua posição clara, a sua opinião clara. Assim como outros jornalistas que eu considerei que atuaram, não mais numa revista, mas nos blogues, que foram, em alguns momentos, até demonizados, mas que eu quero destacar algumas figuras pelo papel que cumpriram, e, em nome deles, esse conjunto de apoiadores da candidatura da Presidente Dilma especialmente. 
Registro a figura do Paulo Henrique Amorim, a figura do jornalista Rodrigo Vianna, a figura do Azenha, e também quero destacar a figura do Miro no Barão de Itararé, um blogue importantíssimo da disputa política. Porque eles atuaram. Eles trabalharam de forma aberta em um combate sem trégua, permanente na chamada Rede Internacional de Computadores. E eles agiram sem robô. Eles eram as pessoas agindo. Eles eram as figuras da vida política na área jornalista agindo diretamente, posicionados, sabendo o que estavam fazendo, sabendo qual era a razão da disputa política que acontecia no Brasil. E ganhou na disputa política. E é muito interessante como continua a batalha. 
A Presidente anunciou, respondendo já uma posição explorada midiaticamente, de que o País estaria dividido. Há pouco eu vi exatamente nos blogues a posição de como se deu a eleição última do Barack Obama. Ele ganhou por uma merreca de votos, uma ninharia, um percentual acho que até menor do que o da Presidente Dilma, do ponto de vista da diferença. O Presidente Hollande da França também. Nenhum dos dois dividiu o seu País. Não. 
É um processo democrático. É uma disputa democrática. Se ganhar por um, ganhou. É aquele que leva, mesmo por um voto. Não há que se estender a disputa num cabo de força que, eleita a Presidente, no caso reeleita a Presidente Dilma, se mantenha um cabo de força.
na tentativa de transformar essa movimentação que foi o resultado da eleição num 3º turno incessante e permanente, para impedir, como alguns disseram, que governe. Este que é o problema. E a batalha que se trava no Brasil, essa busca dos caminhos do Brasil é o que temos em disputa. Se nós continuamos uma trilha que permite o Brasil se desenvolver, crescer, distribuir a riqueza ou se nós voltamos para a velha teoria do desenvolvimento subordinado, de tirar os sapatos, de tirar os chinelos, de soberania minguada ou se nós reafirmamos o nosso caminho. O País é continental. O País tem força, inteligência, capacidade, um grande mercado. Então, por que nós temos que insistir nesse caminho que os neoliberais locais querem impor ao Brasil de subordinação ao modelo que não é praticado nos países centrais? Eles mesmos não o praticam e querem praticá-lo entre nós! Eu acho que essa foi a batalha travada entre dois caminhos: o do retorno às teses liberais do famoso Neoliberalismo recente de esfrangalhar a capacidade do Estado de reagir à necessidade de desenvolvimento da sua nação – isso que foi posto como debate – ou se a gente mantém aprofundando esse caminho em que o Estado tem um papel destacado no projeto de desenvolvimento da Nação. E não há como esconder essa necessidade entre nós, brasileiros. Examinemos, se alguns querem ser consistentes nas suas posições, o que ocorre nas grandes nações nos dias de hoje. Vamos ver! Olhemos o que ocorre nos Estados Unidos da América, se eles abrem mão do papel destacado do Estado para definir a política de desenvolvimento da sua nação. Vejamos a Índia, um país emergente como o nosso, ou a China, que deu saltos mais rápidos em relação ao seu projeto de desenvolvimento, ou a Alemanha, ou outros países da Europa como França e Inglaterra. Eles abrem mão do papel do Estado do seu país, da sua nação para que outros ditem a regra do seu desenvolvimento?! Por acaso, algum desses defende a teoria enviesada dos bancos centrais independentes nas suas pátrias?! É essa a questão que esteve no fundo do debate político brasileiro.
Vejo, muitas vezes... Acho que a Presidente tem razão quando diz que, no episódio da Petrobras, não deve sobrar pedra sobre pedra. Vai ser muito interessante a gente ver o resultado final dessa investigação. 
Mas há algo maior por trás do embate em relação à Pebrobras. É exatamente o fato de que durante esse período mais recente, de 12 anos, houve uma alteração substantiva no modelo de exploração de petróleo e gás quando se descobriu a camada do pré-sal. A camada do pré-sal tem uma distinção porque se trata de campos gigantescos de petróleo. Com essa descoberta, o Presidente Lula considerou a hipótese de alterar a legislação.
Antes do modelo de concessão o que ocorria? Qualquer um, brasileiro ou estrangeiro, que participasse de um leilão, no modelo da concessão, ficava dono de 100% do óleo. Poderia levar o óleo para onde quisesse, para qualquer lugar. Teve o episódio de uma empresa americana que ganhou um bloco no Município de Capuí, na plataforma marinha de Capuí, no Ceará. Colocou lá sua plataforma, tirou o óleo todo e não contratou um brasileiro sequer. Quando tirou o óleo, não deixando nem uma gota no Brasil, foi embora e acabou-se. Esse era o modelo de concessão.
Se para áreas onde há algum risco você pode manter o modelo de concessão, na área que não tem risco nenhum, como a área do pré-sal, esse modelo não poderia prevalecer. Esse é outro problema de fundo em relação à Petrobras. Aqui, a alteração que foi feita é de grande monta. Primeiro: no modelo de partilha 100% do óleo pertencem ao Brasil. Pago o serviço prestado por qualquer outro que se associe comigo para tirar o óleo. Primeiro dito que 100% do óleo é nosso. Segundo: tem uma única operadora no pré-sal, uma única operadora que tem um nome e que se chama Petrobras. Esse é o problema, esse é o fundo da guerra. O óleo é 100% e só tem uma operadora chamada Petrobras. Terceiro: ainda criou-se um fundo social do pré-sal. 
Então, essas alterações são muito fortes, elas criam perspectivas que vão além do pagamento dos dividendos da Bolsa de Nova Iorque.


Sr. Presidente, eram essas as questões que eu queria levantar, agradecendo, mais uma vez, aos eleitores do meu Estado pelos votos que me ofereceram, 55.403 votos, que, para mim, significam uma grande vitória. Tive uma eleição curta, só um mês e meio praticamente de eleição, e, assim mesmo, o eleitorado da nossa cidade, do meu Estado, da capital e também do Estado do Ceará me ofereceu uma votação muito significativa.
Quero deixar esse registro especialmente em relação à Presidente Dilma Rousseff. Ela sabe que vai poder contar com o PCdoB no Senado, com a nossa querida Senadora Vanessa Grazziotin, e na Câmara Federal, com a nossa bancada, para poder lutar ao lado dela por esse projeto de desenvolvimento em curso na nossa Pátria.
Muito obrigado.



domingo, outubro 19, 2014

Foi assim, há 30 anos...

Delícia de fotos que nos foram passadas pela mãe do Nado Catabriga...






terça-feira, outubro 14, 2014



"Andávamos sem nos procurar, mas
sabendo sempre que andávamos
para nos encontrar"

("Rayuela", Julio Cortázar)

sexta-feira, outubro 10, 2014

Altamiro Borges: FHC, um presidente bom de bico

Altamiro Borges: FHC, um presidente bom de bico: Por Luis Nassif, no Jornal GGN : Nas redes sociais popularizou-se a figura do troll. São perfis do Twitter, Facebook e comentaristas d...

terça-feira, setembro 30, 2014

quarta-feira, setembro 24, 2014

Altamiro Borges: Pitbull da Veja atropelado na ciclovia

Altamiro Borges: Pitbull da Veja atropelado na ciclovia: http://pataxocartoons.blogspot.com.br/ Por Altamiro Borges A situação de Reinaldo Azevedo – pitbull da Veja e rottweiller da Folha – ...

terça-feira, setembro 09, 2014

sexta-feira, agosto 15, 2014

Loki

Podemos ouvir tudo isso e aprender dos que viveram...é certo sim!
Mas tem muito mais que nós, atônitos e perplexos, poderíamos dizer do que estávamos apreciando e vendo, e ouvindo.
E era demais!!!!


sábado, agosto 09, 2014

Notícias de Rodrigo...

Notícias de Rodrigo...Legal.
Admiração em Silêncio.
Contemplar seu espaço em silêncio para ouvir e não julgar!
Quem quiser, vai lá!



sexta-feira, agosto 08, 2014

Rodrigo Amarante em Barcelona

Diversificação de som. Achei bem legal!
Me lembrou um pouco Yoko Ono ou também B52.


quinta-feira, agosto 07, 2014

Essa é pra curtir...


Se Eu Quiser Falar 


Com Deus


Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

quarta-feira, julho 30, 2014

terça-feira, julho 29, 2014

Janio de Freitas- Sobre os manifestantes violentos

http://jornalggn.com.br/noticia/a-divida-dos-manifestantes-com-os-reporteres-por-janio-de-freitas#.U9e9CEGxY1Q.twitter

Sen-sa-cio-nal ! O samba do avião do Aecio | Conversa Afiada

Sen-sa-cio-nal ! O samba do avião do Aecio | Conversa Afiada

Obrigado, Bruxo!

Juca Kfouri
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Por FREDERICO BERNIS*
Era junho de 2012, acho. Eu estava trabalhando quando recebo a ligação de um amigo que estava de licença médica:
- Cê tá vendo o que eu tô vendo?
- Não. O que?
- O Ronaldinho está no CT do Galo treinando com o time!
- Como assim?
- Uai, parece que ele acertou com o Galo!
Nem acreditei. Entrei na internet e era verdade. Helicópteros sobrevoavam a cidade do Galo pra fazer as imagens. O Brasil todo comentando, a maioria das pessoas achando que tinha sido uma grande burrada do Kalil. Eu não. Na mesma hora tive certeza que ia dar certo: “Não tem como dar errado, gente. O Ronaldinho no seu pior dia é mil vezes melhor que o Escudero”. O Escudero era o nosso 10 na época.
A partir dali, a gente começou a ir ao campo e ver um espetáculo diferente. Tinha futebol mas tinha um quê de circo também, de show. Você chegava no Horto e lá estava o cara com a camisa do Galo, número 49. Quatro mais nove, treze. E era um tal de passe sem olhar, chapéu de canela, calcanhar no ar, cobrança de falta rasteira por baixo da barreira. Um repertório infinito de bruxarias que até quem assistia ao vivo tinha dificuldade de acreditar. Na arquibancada, eu via a torcida dando risada das jogadas do cara. Chegava a ser engraçado ver o que ele fazia com a bola na frente dos adversários mais difíceis.
Esse cidadão mudou tudo. Quem jogava mal passou a jogar bem. Bernard com 20 anos começou a jogar com confiança de veterano. Tardelli estava no Catar e quis voltar de qualquer jeito pra jogar no Galo com o cara. Só quem não mudou foi a torcida, porque a torcida do Galo não muda nunca.
Depois de mais de nem sei quantos anos sem disputar o torneio, vi o Galo começar a Libertadores voando. No primeiro jogo, o Bruxo deu a assistência pros 2 gols, e com requintes de crueldade. Quem não se lembra do garçon Rogério Ceni ali, com a toalhinha na mão, servindo água pro seu ídolo? Em seguida vimos o Galo começar perdendo um jogo na Argentina e depois meter cinco, com um pé nas costas. O pé de um monstro chamado Ronaldinho, que encaixou sucessivas assistências pra Bernard, Tardelli, Jô…
Vi, sob sua batuta, um time brasileiro ganhar um jogo na altitude de La Paz. E vi num lance, no jogo da volta contra os bolivianos, esse bruxo recuar, recuar e recuar com a bola como quem não queria nada. Na arquibancada, do meu lado, algumas pessoas reclamaram: “Pô, Ronaldinho! Vai pra cima dos caras!” Aí, de repente, ele espeta de costas um passe de mais de 30 metros rasgando a defesa toda pra encontrar lá na frente, do outro lado, o Marcos Rocha dentro da área. Pênalti! De dentro do campo, perseguido por dois adversários, ele vislumbrou de costas uma jogada que eu da arquibancada não tinha percebido. Foi o passe mais fantástico que eu já vi na vida. Eu me senti um cego perto daquele cara. Dava vontade de rir. Ou de chorar. Sei lá. Esse cara confunde muito a gente.
Aí, no outro jogo, ele entra na área pela esquerda e dá uma cavadinha. Todo mundo esperando uma coisa, mas a bola descreve uma trajetória diferente e entra por cobertura no mesmo canto onde está o goleiro que, coitado, não entendeu nada. Uma coisa impressionante, senhoras e senhores. Metemos cinco gols novamente e quando eu saio, vejo os comentaristas achando que ele não queria fazer o gol daquele jeito, que tinha sido sem querer. Da mesma forma que acharam que foi sorte quando ele fez aquele gol de falta na Copa de 2002, por cima do Seaman, goleiro inglês. Ele é assim. É tão craque que a gente não acredita que ele quis fazer aquilo. Mas ele quis, gente. Aceitem: ele quis. Ele é bom assim.
No jogo contra o São Paulo, quando ele provocou os caras falando que “quando tá valendo, tá valendo” eu fiquei preocupado: pra que botar pilha no adversário? Isso acaba motivando mais e tal… Mas ele não tava nem aí. Cruzaram uma bola na área e ele deu um totó de cabeça que a bola demorou uns 40 segundos pra beijar a rede. É igual aqueles pesadelos que você precisa correr mais não sai do lugar. O Rogério Ceni e o beque ficaram ali, pesando uns 700 quilos cada um, sem conseguir se mexer. Até hoje estão jogando a culpa um no outro. Esquenta não, gente, a culpa não é de vocês. Vocês apenas foram mais duas vítimas da bruxaria do R10.
Tanto que no jogo do Horto ele repetiu a dose jogando novamente os são paulinos um contra o outro. Ele ali, na beiradinha do campo, fez que estava perdendo o domínio da bola, só o suficiente pro volante fogoso dar o bote. O pobre rapaz entrou com força, chutando tudo que via pela frente. Imagino que por um breve momento o impetuoso volantão tenha ficado satisfeito, pensando: “consegui! Matei a jogada!”. Mas o urro delirante da torcida do Galo o alertou para o engano. Coitado, tinha ficado sem a bola e a dignidade. Levou uma caneta lisa e ainda chutou sem querer seu companheiro de time que passava por ali e acabou alvejado. Aos futuros marcadores desavisados, segue um recado caridoso: nunca caiam nessa. Ele nunca perde o controle da bola. Nunca.
Vi, num jogo contra o Inter no sul, o Victor dar um bicão pro alto na reposição de jogo. A bola viajou como num saque jornada nas estrelas e foi na direção do Ronaldo. Chovia muito, o campo estava encharcado, jogo pesado. Os marcadores correram tentando interceptar a bola antes, mas ele chegou primeiro e dominou a bola que vinha pesada do espaço com o peito do pé de um jeito que ela morreu ali mesmo, sem nenhum quique, nenhum barulho, nada. Simplesmente a bola morreu. Os zagueiros do Inter, tadinhos, viraram de costas e saíram correndo apavorados. Não acreditaram no que tinham acabado de ver. Eu também confesso que fiquei ali uns 15 minutos sem acreditar. O tempo passava, o jogo rolando e eu ali ainda agarrado àquela matada de bola, tentando decifrar o que tinha acontecido.
Esse dois anos que ele passou aqui mudaram a nossa vida. Não só por causa dos títulos, principalmente o da Libertadores, mas por mostrar pra gente o tanto que futebol pode ser bom. Eu achava que a melhor coisa do futebol era torcer pro Galo, mas me enganei. A melhor coisa do futebol é torcer pro Galo do Ronaldinho. Ou pro Ronaldinho do Galo, sei lá. Esse cara confunde muito a gente.
Agora, infelizmente, chegou a hora desse sonho acabar. O Bruxo vai embora fazer suas bruxarias em outra freguesia. Sei que ele já não vinha repetindo as atuações históricas que nos acostumamos a ver. Mas não consigo esquecer o que ele fez. Ir ao Horto ver R10 jogar com a nossa camisa, a famosa camisa preto e branca que nos faz torcer contra o vento, foi o melhor que o futebol me deu até hoje.
Obrigado, R10. Obrigado, Bruxo.
*Frederico Bernis é arquiteto.

segunda-feira, julho 28, 2014

Roger Waters contra o apertheid israelense

Roger Waters divulga carta aberta contra “muro do apartheid” israelense

roger water
Em 1980, uma canção que escrevi, “Another Brick in the Wall Part 2″, foi proibida pelo governo da África do Sul porque estava a ser usada por crianças negras sul-africanas para reivindicar o seu direito a uma educação igual. Esse governo de apartheid impôs um bloqueio cultural, por assim dizer, sobre algumas canções, incluindo a minha.
Vinte e cinco anos mais tarde, em 2005, crianças palestinas que participavam num festival na Cisjordânia usaram a canção para protestar contra o muro do apartheid israelita. Elas cantavam: “Não precisamos da ocupação! Não precisamos do muro racista!” Nessa altura, eu não tinha ainda visto com os meus olhos aquilo sobre o que elas estavam a cantar.
Um ano mais tarde, em 2006, fui contratado para actuar em Telavive.
Palestinos do movimento de boicote académico e cultural a Israel exortaram-me a reconsiderar. Eu já me tinha manifestado contra o muro, mas não tinha a certeza de que um boicote cultural fosse a via certa. Os defensores palestinos de um boicote pediram-me que visitasse o território palestino ocupado para ver o muro com os meus olhos antes de tomar uma decisão. Eu concordei.
Sob a protecção das Nações Unidas, visitei Jerusalém e Belém. Nada podia ter-me preparado para aquilo que vi nesse dia. O muro é um edifício revoltante. Ele é policiado por jovens soldados israelitas que me trataram, observador casual de um outro mundo, com uma agressão cheia de desprezo. Se foi assim comigo, um estrangeiro, imaginem o que deve ser com os palestinos, com os subproletários, com os portadores de autorizações. Soube então que a minha consciência não me permitiria afastar-me desse muro, do destino dos palestinos que conheci, pessoas cujas vidas são esmagadas diariamente de mil e uma maneiras pela ocupação de Israel. Em solidariedade, e de alguma forma por impotência, escrevi no muro, naquele dia: “Não precisamos do controle das ideias”.
Realizando nesse momento que a minha presença num palco de Telavive iria legitimar involuntariamente a opressão que eu estava a testemunhar, cancelei o meu concerto no estádio de futebol de Telavive e mudei-o para Neve Shalom, uma comunidade agrícola dedicada a criar pintainhos e também, admiravelmente, à cooperação entre pessoas de crenças diferentes, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivem e trabalham lado a lado em harmonia.
Contra todas as expectativas, ele tornou-se no maior evento musical da curta história de Israel. 60.000 fãs lutaram contra engarrafamentos de trânsito para assistir. Foi extraordinariamente comovente para mim e para a minha banda e, no fim do concerto, fui levado a exortar os jovens que ali estavam agrupados a exigirem ao seu governo que tentasse chegar à paz com os seus vizinhos e que respeitasse os direitos civis dos palestinos que vivem em Israel.
Infelizmente, nos anos que se seguiram, o governo israelita não fez nenhuma tentativa para implementar legislação que garanta aos árabes israelitas direitos civis iguais aos que têm os judeus israelitas, e o muro cresceu, inexoravelmente, anexando cada vez mais da faixa ocidental.
Aprendi nesse dia de 2006 em Belém alguma coisa do que significa viver sob ocupação, encarcerado por trás de um muro. Significa que um agricultor palestino tem de ver oliveiras centenárias serem arrancadas. Significa que um estudante palestino não pode ir para a escola porque o checkpoint está fechado. Significa que uma mulher pode dar à luz num carro, porque o soldado não a deixará passar até ao hospital que está a dez minutos de estrada. Significa que um artista palestino não pode viajar ao estrangeiro para exibir o seu trabalho ou para mostrar um filme num festival internacional.
Para a população de Gaza, fechada numa prisão virtual por trás do muro do bloqueio ilegal de Israel, significa outra série de injustiças. Significa que as crianças vão para a cama com fome, muitas delas malnutridas cronicamente. Significa que pais e mães, impedidos de trabalhar numa economia dizimada, não têm meios de sustentar as suas famílias. Significa que estudantes universitários com bolsas para estudar no estrangeiro têm de ver uma oportunidade escapar porque não são autorizados a viajar.
Na minha opinião, o controle repugnante e draconiano que Israel exerce sobre os palestinos de Gaza cercados e os palestinos da Cisjordânia ocupada (incluindo Jerusalém oriental), assim como a sua negação dos direitos dos refugiados de regressarem às suas casas em Israel, exige que as pessoas com sentido de justiça em todo o mundo apoiem os palestinos na sua resistência civil, não violenta.
Onde os governos se recusam a atuar, as pessoas devem fazê-lo, com os meios pacíficos que tiverem à sua disposição. Para alguns, isto significou juntar-se à Marcha da Liberdade de Gaza; para outros, isto significou juntar-se à flotilha humanitária que tentou levar até Gaza a muito necessitada ajuda humanitária.
Para mim, isso significa declarar a minha intenção de me manter solidário, não só com o povo da Palestina, mas também com os muitos milhares de israelitas que discordam das políticas racistas e coloniais dos seus governos, juntando-me à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, até que este satisfaça três direitos humanos básicos exigidos na lei internacional.
1. Pondo fim à ocupação e à colonização de todas as terras árabes [ocupadas desde 1967] e desmantelando o muro;
2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel em plena igualdade; e
3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados palestinos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 das NU.
A minha convicção nasceu da ideia de que todas as pessoas merecem direitos humanos básicos. A minha posição não é antisemita. Isto não é um ataque ao povo de Israel. Isto é, no entanto, um apelo aos meus colegas da indústria da música e também a artistas de outras áreas para que se juntem ao boicote cultural.
Os artistas tiveram razão de recusar-se a atuar na estação de Sun City, na África do Sul, até que o apartheid caísse e que brancos e negros gozassem dos mesmos direitos. E nós temos razão de recusar atuar em Israel até que venha o dia – e esse dia virá seguramente – em que o muro da ocupação caia e os palestinos vivam ao lado dos israelitas em paz, liberdade, justiça e dignidade, que todos eles merecem.

domingo, julho 27, 2014

O massacre de Gaza e o complexo de vira-lata

O massacre de Gaza e o complexo de vira-lata, por J. Carlos de Assis

O Governo de Israel disse que o Brasil é irrelevante e criador de problemas, segundo  manchete de O Globo. Há nisso uma contradição. Se é irrelevante não pode criar problemas. Se cria problemas não é irrelevante. Aliás, se fosse mesmo irrelevante, não teria levado o Governo israelense ao extremo de quebrar todos os códigos diplomáticos ao ponto de insultar  o Governo brasileiro com um ironia chula envolvendo a Copa, como se nós, brasileiros, fôssemos uns idiotas capazes de confundir massacre de inocentes com jogo de futebol.
Ainda pior que o insulto israelense a um país que sempre tratou com simpatia Israel, mesmo em momentos em que ele não merecia isso, é o comportamento da grande mídia brasileira. A invasão truculenta de Gaza é tratada como uma guerra entre iguais. O massacre de crianças e mulheres numa área confinada, sem saída, é apresentado como consequência natural do conflito. O recurso a uma violência extrema aparece como natural. E o Governo brasileiro é ridicularizado porque fala do óbvio, a saber, do uso desproporcional da força.
Na essência, tudo isso é a expressão reiterada do “complexo de vira-lata” da maior parte da grande mídia, segundo o qual tudo o que os Estados Unidos fazem é bom, sendo que os Estados Unidos, no caso, fazem tudo o que quer a direita israelense, e nós, subalternos e incompetentes, devemos nos alinhar cegamente a eles independentemente de uma visão crítica da política envolvida. Diante disso, ter uma atitude diplomática independente, generosa e equilibrada é assumida pela grande mídia como irrelevante na busca de humilhar o Governo, quando o que se está tentando fazer é humilhar o Estado e a própria nação.
Estamos diante do maior massacre de inocentes por uma força bruta militar, equipada com os mais modernos recursos tecnológicos do planeta, desde o Holocausto. Há, certo, uma diferença de escala. Qualitativamente, contudo, a câmara de Gaza se equipara à câmara de gás: ninguém pode sair lá de dentro enquanto os foguetes e o fogo da artilharia e dos tanques colhe a vida de crianças e mulheres. Parece que há em tudo uma contabilidade macabra: foram assassinados pelo Hamas três jovens judeus inocentes; a lei de Talião diz olho por olho, mas a lei do atual Israel diz que um judeu assassinado vale no mínimo 300 palestinos mortos, ou mais.
Ah, sim, os extremistas do Hamas! E acaso não há extremistas em Israel? O fato é que cada vez mais esses extremistas comandam o Governo israelense enterrando todo tipo de iniciativa de paz, inclusive os tratados de Oslo, em nome da posse de uma terra invadida, roubada, sob o pretexto de uma herança bíblica que enterra o amoroso Senhor da Misericórdia debaixo do ódio primitivo do Senhor dos Exércitos. Caveat, Israel é o único fator presente no mundo contemporâneo que pode levar o planeta a uma guerra nuclear. Note-se que o pequeno David já não tem fundas, tem armas atômicas!
A diplomacia brasileira talvez seja irrelevante. Junto com a da Turquia, tentou uma alternativa diplomática para resolver o impasse entre os Estados Unidos e o Irã na questão do desenvolvimento do projeto nuclear pacífico iraniano. Os Estados Unidos, insuflados por Israel, mataram a iniciativa que eles próprios estimularam. A razão foi simples: Israel queria uma guerra contra o Irã. Queria repetir o que fez com o Iraque nos anos 80: bombardear as instalações nucleares iranianas. Não foi a prudência que levou os Estados Unidos a tirar o tapete de Israel. Foi o fato de que, do outro lado, havia uma potência nuclear de primeira linha, a Rússia, com respaldo chinês, em apoio ao Irã.
Felizmente já não estamos num mundo unipolar. Se tivéssemos, Israel teria comandado as forças militares norte-americanas no ataque ao Irã apoiado no lobby judaico que, de longe, não distingue entre o que são interesses fundamentalistas da direita  com os interesses legítimos do povo que vive em Israel. Deste, a maioria provavelmente deseja a paz com os palestinos, mesmo que isso significa algum tipo de concessão, sobretudo nos assentamentos que violam a própria lei internacional que criou Israel. Nas mãos dos radicais judeus, contudo, todos estamos em risco: ave, Israel, morituri te salutant!
J. Carlos de Assis - Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB, autor de mais de duas dezenas de livros sobre economia política brasileira.

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Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

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