Filho, irmão, esposo e pai, primo e amigo, zeloso, cidadão ético e dedicado, esteve, ao seu jeito, às vezes de forma brava ou impaciente, sempre a favor dos mais humildes. Quem o conheceu sabe o quanto o indignava a injustiça, e que a simplicidade era seu signo.
Da minha parte, fica a admiração pelo irmão sempre à disposição para o auxílio, com o olhar meigo e atento.
Foi impressionante a dignidade de sua morte, suportando por um longo período, como um Iogue, os incômodos de uma doença implacável. Presenciei sua busca e anseios por uma compreensão espiritual das razões e da essência de sua experiência final. Segredou-me seu desejo de ter mais tempo para adquirir uma compreensão mais elevada. Esse tempo lhe será concedido numa outra lógica, estou convicto disto.
Vai com Deus, meu irmão. A morte do corpo não mata a vida da Alma nem da consciência. Num plano diferente deste mundo material te aguardam novas tarefas e irmãos muito amados para auxiliá-lo. Sua partida não rompe os nossos laços de amor.
Esteja em paz e prossiga rumo ao Cristo Cósmico, nossa única razão de vida.
Carlos Wagner
Segue o comentário da Roberta. De tão lindo, ganhou status de postagem em sequência...
Olá família Campos!!!!!!
Sou uma das primas de vocês.
- Quem?
- Filha da Sonia Lúcia e do Bebeto.
- Ahhh...
- Qual das duas??
- A Fisioterapeuta.
- Ahhhh, a que atendeu o Zé??
- Esta mesmo.
- E a outra??/ Faz o que mesmo?
- A minha irmã? Sua prima também? É advogada.
- Ah é....e tem o Marcus Vinicius, ne?
- Tem sim, meu irmão. Marcus Vinicius.
- Hahhhh.
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Dia 29 de fevereiro de 2012.
Pego o telefone e ligo pra minha mãe (Sonia Lúcia Campos Lins). Ela chora muito e quase não consegue falar. Parece uma criança.
- Mãe, não chora. Ele estava cansado de tantas limitações. Já cumpriu o seu caminho aqui....agora vai ficar saudável de novo.
- E minha mãe aos prantos: mas ele é meu primo amado. Somos como irmãos.... Quem vai me chamar de Lili Grande????? Todos os que eu amo estão morrendo.....
- E eu: mãe, em que você acredita? Acha mesmo que ele acabou?
- E ela aos prantos: não!! Mas não posso mais trocar e-mails com ele, receber suas cartas e nem conversar com ele mais.
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Este preambulo é para justificar minha mensagem aqui, no blog da família, em memória ao amado Zé Piano.
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E pra dizer que o tempo é curto demais....,
é pouco, principalmente quando esta passando.
Para dizer que o tempo nunca cabe todos os nossos sonhos e expectativas. Não cabe tudo o que gostaríamos de ter feito, visto ou dito. Não cabe nem o que já ficou para trás.
Tenho começado a sentir o tempo agora. E ele tem deixado marcas inexoráveis.
Minha pele é prova disso.
As perdas têm ficado mais frequentes e mais reais, talvez para lembrar o que realmente importa.
Lembro que quando era criança, uma das maiores perdas que lembro foi a de um primo. Lindo, jovem, saudável. Chegava a nossa casa sempre de bicicleta para jogar xadrez com meu pai. O que me lembro dele (já não sei mais se é verdade ou foi o tempo que o desenhou assim para mim) é que ele parecia com as imagens católicas de Jesus Cristo, com os cabelos longos e a pele dourada.
Rogério era o seu nome.
Agora vou falar do Hermélio José.
Zé Piano, para mim e meus irmãos.
Aquele primo lindo, enorme, inteligente....que ia a nossa casa quando éramos crianças e batia papo com meu pai e minha mãe.
Brincava com a gente.
Entrava em nosso quarto e arrancava no colo minha irmã que se escondia dentro do armário, Raquel, a advogada, que tem dois filhos lindos (Felipe e Daniel e é casada com o Marcelo).
E quando íamos a casa do Tio Hermélio e da Tia Anália, casa que achávamos que era mágica....pois a achávamos enorme, cheia de plantas, sempre cheia de gente bonita, de música, de livros, de vozes, de luz...
Era também a casa do Ze Piano. Onde, aliás, tinha um piano que ele tocava para nós e por isso a alcunha.
É.... a vida é curta. Parece ontem....
E mais uma lembrança doce:
adoro animais. E por isso, na minha infância tive vários deles: cães, gatos, passarinhos, peixes, papagaios, tartarugas. Aquelas tartaruguinha pequeninas que cabem na mão.
Minha mãe sempre me dava um casal e quando elas morriam, minha mãe repunha. Mas eu sempre sabia. Afinal, eram as minhas tartarugas. E como eram um casal, sempre tinham o mesmo nome. O nome do casal mais perfeito: Patrícia e Zé, Zé Piano.
E nem sei se eles sabiam disso.....
Fica então registrada ao Zé Piano e pelo Zé Piano, minha admiração e meu amor.
Gostaria de ter estado mais perto. De ter convivido mais....
Achei que ainda dava tempo.
Ainda assim, acho que ele é uma das pessoas mais interessantes que já conheci. Com sua generosidade, o coração cheio de amor a boca cheia de palavrões.
“Boa terra em teus pés, água o bastante em sua semente, bom vento para o teu sopro, fogo em teu coração e muito amor em teu ser.” (J.Y.Leloup)
Roberta Lins
E mais, do Célio Humberto Vasconcelos, essa poesia...
Obrigado Célio