terça-feira, outubro 19, 2010
terça-feira, outubro 12, 2010
Texto de Clara Arreguy
Fui ver o show de Toninho Horta semana passada no Clube do Choro e vivi momentos de pura nostalgia, ao lembrar que acompanho o exímio violonista e guitarrista há mais de 30 anos.
Lembrei dos discos dele que tenho, principalmente os dois primeiros, em LP, com maravilhas como Manuel, o audaz, Diana e tantas outras.
Lembrei dele em todos os discos do Milton que embalaram minha adolescência, juventude e maturidade.
Lembrei de um show do Toninho que fomos ver em São Paulo, alguns estudantes de jornalismo que estávamos em São Bernardo do Campo, num encontro, e de como os paulistas babavam por ele.
Lembrei de uma entrevista que fiz com ele, eu jovem repórter, no apartamento onde ele morava na Pouso Alto com Camões.
Lembrei de toda sua atividade na organização dos instrumentistas brasileiros e da importância que teve - tem ainda, claro - na difusão da música brasileira no exterior.
Lembrei da verdadeira escola mineira de cordas que Toninho Horta simboliza.
Lembrei até de um vinho derramado (segundo meu irmão Tostão, pelo Toninho) numa parede lá de casa durante uma festa na minha infância.
E, claro, lembrei de meu pai quando ele tocou a música que fez para o pai dele, linda!
Beijos!
Clara Arreguy, Terça-feira, Setembro 14, 2010.
Lembrei dos discos dele que tenho, principalmente os dois primeiros, em LP, com maravilhas como Manuel, o audaz, Diana e tantas outras.
Lembrei dele em todos os discos do Milton que embalaram minha adolescência, juventude e maturidade.
Lembrei de um show do Toninho que fomos ver em São Paulo, alguns estudantes de jornalismo que estávamos em São Bernardo do Campo, num encontro, e de como os paulistas babavam por ele.
Lembrei de uma entrevista que fiz com ele, eu jovem repórter, no apartamento onde ele morava na Pouso Alto com Camões.
Lembrei de toda sua atividade na organização dos instrumentistas brasileiros e da importância que teve - tem ainda, claro - na difusão da música brasileira no exterior.
Lembrei da verdadeira escola mineira de cordas que Toninho Horta simboliza.
Lembrei até de um vinho derramado (segundo meu irmão Tostão, pelo Toninho) numa parede lá de casa durante uma festa na minha infância.
E, claro, lembrei de meu pai quando ele tocou a música que fez para o pai dele, linda!
Beijos!
Clara Arreguy, Terça-feira, Setembro 14, 2010.
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sábado, outubro 09, 2010
De Novos Baianos a Los Hermanos
Repetindo uma postagem lá de trás, 2006. É uma homenagem ao show especial que a banda "Los Hermanos" faz em ITU hoje, após parada programada.
Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006De Novos Baianos a Los Hermanos
Rua Pitangui, turma, arte, música, Beatles, Novos Baianos e, agora, "pode crer", Los Hermanos...sim senhor....
A vida surpreende; como no oceano, há ondas, correntes marítimas, ventos, fluxos, vida. Situações novas e inesperadas...
Uma situação interessante tem assustado certos amigos e certas pessoas que me conhecessem. Quero falar sobre isso e tentar dar alguma pista. Não porque eu me sinta obrigado a fazer isto por querer me justificar, ou porque esteja preocupado com a opinião das pessoas.
Na verdade, quando queremos dizer para alguém de nossos gostos, e esse alguém não entende a nossa ligação com aquilo e não se movimenta, de alguma forma, para pelo menos perceber algo desse nosso gostar, não há como faze-lo, principalmente se esse alguém não quer ver para sentir ou crer. Ainda mais quando já há uma opinião sem conhecimento. Isso acontece muito em relação à música. Tudo bem, música é gostar, é sentir, lembrar, se emocionar, balançar. Todos nós, de alguma forma, temos lá nossos "quereres e gostares" que podem parecer estranhos.
Escrevo, portanto, este texto, buscando, sem ansiedade, dizer porque Los Hermanos adquiriu tamanha importância e satisfação para mim. Grata satisfação, aliás.
Vamos lá! Em minha juventude, houve um momento interessante, lá pelos idos de 1972/73, quando nós, da turma da Pitangui, já envolvidos com a idéia de arte e música tão presente em nossas cabeças e corações, já curtidos de tanto empenho em ouvir e esmiuçar as músicas dos "Beatles", "Bob Dylan", "Gil, Caetano e Milton", "João Gilberto", “Jobim”, "Crosby, Stills, Nash and Young", e por aí vai, daquela leva incrível de músicos e compositores que aconteceu nos anos 60 e início dos 70, demos de cara com um grupo diferente que vinha da Bahia: Os "Novos Baianos". Alguns amigos nossos foram a um show no Mackenzie assisti-los. Levaram um gravador, daqueles antigos, mono, e registraram ao vivo. Depois ficávamos tentando entender aquele acontecimento em um show, todo cheio de detalhes e arranjos, alegrias, loucuras e tietagem.
Na verdade, já tínhamos escutado dois discos dos Novos Baianos e ficado muito admirados com a riqueza dos arranjos, dos detalhes, das harmonias, do samba, da alegria de levar uma proposta, e, principalmente, no meu caso, ficava admirado do lance da vida em comunidade. Fazer música e viver de forma livre, num sítio, retirando da convivência o motivo das canções. Isto tudo dava um resultado musical muito inovador, criativo e de um colorido diferenciado. É claro que isso tudo, associado à capacidade instrumental dos caras, misturando guitarras de rock, solos tipo Jimi Hendricks, Jime Page com violão bossa novista de Moraes Moreira, marcações de baixo soladas tipo Paul ou mesmo Cream, cantos regionais com solos de cavaquinho e bandolim. Puxa, era um som de dar muita vontade de fazer música também, e de levar a vida daquela forma.
Isso tudo trouxe um elemento incendeador para nós lá da Pitangui "and friends". Estudamos mais música, fizemos algumas músicas, participamos de festivais, deu vontade de criar e de ter a capacidade para tal.
Explodiu um mundo novo. É claro que tudo isso só enriquecia tudo aquilo que já escutávamos de outros artistas. Já citei lá em cima algumas vertentes que ouvíamos (é claro que vou esquecer muitos). Porém, quero fazer justiça a tudo que admirávamos e ouvíamos. Jorge Benjor, Led Zeppelin, Jimi, Rolling Stones, Noel Rosa, Luiz Melodia, João Gilberto, Baden Powell, Gonzagão, The Who, uma leva de grupos ingleses do final dos 60, Raul Seixas, Quinteto Violado e por aí vai..., sem falar na música erudita que amávamos, cada um a seu jeito, principalmente Bach, Beethoven e Mozart, alguns croncretistas e modernos. Éramos sócios do ICBEU - Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, e lá retirávamos discos emprestados e ouvíamos, líamos e discutíamos sobre a arte de cada um, as capas, as histórias.
Tínhamos também um tino muito crítico com aquilo que considerávamos "barango". Sim, essa expressão era nossa marca e ainda não era muito utilizada para caracterizar o "brega", o ruim, o pouco criativo e/ou nada inovador, aquilo que era uma pura cópia comercial e que não acrescentava nada. Por isso usávamos uma expressão que nos caracterizava na época, com aquilo que não "estava com nada": "tá por fora". Acho que éramos até muito drásticos. Lembro-me que, para mim, o maior ícone e representante do "tá por fora" era o Roberto Carlos em sua fase pós Jovem Guarda, romântico comercial. O cara havia parado na vida...! É claro que, olhando tudo isso a partir de hoje, tudo adquiriu uma dimensão bem diferente e minhas impaciências não são mais as mesmas.
Voltando à questão dos Novos Baianos, penso que, para nós da turma ali, acostumados a ouvir as sutilezas dos arranjos dos grupos ingleses, especialmente dos Beatles, acostumados a entender os detalhes com que os Mutantes e seu maestro Duprat destilavam nas faixas de uma fusão de rock com sons brasileiros e psicodélicos, com os discos minuciosamente harmonizados do Clube da Esquina, com o som que pintou na "Tropicália", ficamos delirantes e surpresos com a capacidade criativa que aquele bando de "moleques" com cara de "hippies doidões" tinham para fazer aqueles discos tão fortes e de qualidade inegável. É só escutar "Acabou Chorare", "Novos Baianos Futebol Clube". Disse um de nossos amigos, Carlinhos Ávila: se eles não fossem bons, João Gilberto não viria visitá-los com tanta honra.
Pois é, o que isso tudo tem a ver com o Los Hermanos?
Pois eu digo. Hoje, em pleno 2005, já meio cansado do mercado fonográfico e suas estratégias de venda e marketing, sou levado, por mera questão de relação pai-filha, a participar de um show da banda em Belo Horizonte. Antes havia escutado alguma coisa em casa mas minha atenção não havia sido despertada. O show em si ocorreu com muita força e participação efetiva da moçada, cantando música a música, numa vibração que não se excedia em arroubos descontrolados típicos de grupos de jovens em shows de rock. Saí com muito boa impressão do "conjunto da obra". Mas como ainda não conhecia as músicas, fiquei interessado em ouvir o disco, o terceiro da banda, "Ventura".
Coincidências da vida, fui levado a assistir outro show da banda em São João Del'Rey, no festival de inverno de 2004, e aí, tudo ficou claro, o mosquito que um dia me tocara com os Novos Baianos, repetiu a dose e me mostrou Los Hermanos por inteiro. Existe um ar no conjunto geral da banda que lembra aquela união, aquela alegria de fazer e viver música do grupo baiano. A preparação dos detalhes das gravações, os naipes de metais, os arranjos com objetivos específicos. As letras traziam um reflexão além das bobagens que alguns grupos de rock nacional trazem em seu trabalhos. Há vida inteligente ali. Há uma espécie de "crônica da vida" nas letras. Tudo isso foi ficando claro na medida em que eu, interessado que estava, fui ouvindo, percebendo e procurando os detalhes.
Como se não bastasse, como eu sou um incorrigível humanista, há também na banda e em seus músicos de suporte, uma atmosfera de paz, ou melhor, de busca de paz, um ar de quem não quer estabelecer verdades, dogmas, ou mesmo, parafraseando o próprio Marcelo Camelo: "não queremos vender atitudes" (o que lhe rendeu uma boa cabeçada no nariz!). É possível perceber que eles não estão a fim de se estabelecer como padrão de uma versão da vida. "Queremos fazer música e mostrar a nossa arte".
A partir desse encontro, me tornei um fã, interessado em ver e ouvir tudo que vem da banda, tentar entender os aspectos intrínsecos de sua obra e os detalhes de seus arranjos. E, um detalhe muito legal é que fazemos isso, eu minha mulher, junto com nossa filha, vivendo com ela e aprendendo a olhar também através dos olhos dela.
Ia me esquecendo de um detalhe importante: eles se parecem muito com nossa turma lá da Rua Pitangui: têm originalidade, bom humor, são do bem, tratam as pessoas com respeito, se gostam e adoram música de qualidade. Era assim a nossa turma lá da rua. Posso me lembrar de tudo hoje, nossas conversas até altas horas na esquina da rua Coronel Júlio Pinto, nossos violões tentando tocar músicas próprias, nossa amizade calorosa, engraçada, nossa juventude enérgica, nossos amores e paixões, nossos sonhos divididos, nossa raiva contra a maldade, nossa atitude de esquerda, nossas atitudes de rebeldia para com certo olhares "medíocres" da arte, nossas escolhas, sem censura, por ídolos de qualquer idade.
Se não expliquei porque gosto de Los Hermanos, deixa prá lá, isso pouco importa. O importante mesmo é viver com originalidade. Cada um que o faça a seu modo!
Carlos Wagner - 22/02/2006
Postado por Coutinho Sagrada e campos às Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006
Vamos lá. Quem não havia lido ainda, pode ler agora.
Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006De Novos Baianos a Los Hermanos
Rua Pitangui, turma, arte, música, Beatles, Novos Baianos e, agora, "pode crer", Los Hermanos...sim senhor....
A vida surpreende; como no oceano, há ondas, correntes marítimas, ventos, fluxos, vida. Situações novas e inesperadas...
Uma situação interessante tem assustado certos amigos e certas pessoas que me conhecessem. Quero falar sobre isso e tentar dar alguma pista. Não porque eu me sinta obrigado a fazer isto por querer me justificar, ou porque esteja preocupado com a opinião das pessoas.
Na verdade, quando queremos dizer para alguém de nossos gostos, e esse alguém não entende a nossa ligação com aquilo e não se movimenta, de alguma forma, para pelo menos perceber algo desse nosso gostar, não há como faze-lo, principalmente se esse alguém não quer ver para sentir ou crer. Ainda mais quando já há uma opinião sem conhecimento. Isso acontece muito em relação à música. Tudo bem, música é gostar, é sentir, lembrar, se emocionar, balançar. Todos nós, de alguma forma, temos lá nossos "quereres e gostares" que podem parecer estranhos.
Escrevo, portanto, este texto, buscando, sem ansiedade, dizer porque Los Hermanos adquiriu tamanha importância e satisfação para mim. Grata satisfação, aliás.
Vamos lá! Em minha juventude, houve um momento interessante, lá pelos idos de 1972/73, quando nós, da turma da Pitangui, já envolvidos com a idéia de arte e música tão presente em nossas cabeças e corações, já curtidos de tanto empenho em ouvir e esmiuçar as músicas dos "Beatles", "Bob Dylan", "Gil, Caetano e Milton", "João Gilberto", “Jobim”, "Crosby, Stills, Nash and Young", e por aí vai, daquela leva incrível de músicos e compositores que aconteceu nos anos 60 e início dos 70, demos de cara com um grupo diferente que vinha da Bahia: Os "Novos Baianos". Alguns amigos nossos foram a um show no Mackenzie assisti-los. Levaram um gravador, daqueles antigos, mono, e registraram ao vivo. Depois ficávamos tentando entender aquele acontecimento em um show, todo cheio de detalhes e arranjos, alegrias, loucuras e tietagem.
Na verdade, já tínhamos escutado dois discos dos Novos Baianos e ficado muito admirados com a riqueza dos arranjos, dos detalhes, das harmonias, do samba, da alegria de levar uma proposta, e, principalmente, no meu caso, ficava admirado do lance da vida em comunidade. Fazer música e viver de forma livre, num sítio, retirando da convivência o motivo das canções. Isto tudo dava um resultado musical muito inovador, criativo e de um colorido diferenciado. É claro que isso tudo, associado à capacidade instrumental dos caras, misturando guitarras de rock, solos tipo Jimi Hendricks, Jime Page com violão bossa novista de Moraes Moreira, marcações de baixo soladas tipo Paul ou mesmo Cream, cantos regionais com solos de cavaquinho e bandolim. Puxa, era um som de dar muita vontade de fazer música também, e de levar a vida daquela forma.
Isso tudo trouxe um elemento incendeador para nós lá da Pitangui "and friends". Estudamos mais música, fizemos algumas músicas, participamos de festivais, deu vontade de criar e de ter a capacidade para tal.
Explodiu um mundo novo. É claro que tudo isso só enriquecia tudo aquilo que já escutávamos de outros artistas. Já citei lá em cima algumas vertentes que ouvíamos (é claro que vou esquecer muitos). Porém, quero fazer justiça a tudo que admirávamos e ouvíamos. Jorge Benjor, Led Zeppelin, Jimi, Rolling Stones, Noel Rosa, Luiz Melodia, João Gilberto, Baden Powell, Gonzagão, The Who, uma leva de grupos ingleses do final dos 60, Raul Seixas, Quinteto Violado e por aí vai..., sem falar na música erudita que amávamos, cada um a seu jeito, principalmente Bach, Beethoven e Mozart, alguns croncretistas e modernos. Éramos sócios do ICBEU - Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, e lá retirávamos discos emprestados e ouvíamos, líamos e discutíamos sobre a arte de cada um, as capas, as histórias.
Tínhamos também um tino muito crítico com aquilo que considerávamos "barango". Sim, essa expressão era nossa marca e ainda não era muito utilizada para caracterizar o "brega", o ruim, o pouco criativo e/ou nada inovador, aquilo que era uma pura cópia comercial e que não acrescentava nada. Por isso usávamos uma expressão que nos caracterizava na época, com aquilo que não "estava com nada": "tá por fora". Acho que éramos até muito drásticos. Lembro-me que, para mim, o maior ícone e representante do "tá por fora" era o Roberto Carlos em sua fase pós Jovem Guarda, romântico comercial. O cara havia parado na vida...! É claro que, olhando tudo isso a partir de hoje, tudo adquiriu uma dimensão bem diferente e minhas impaciências não são mais as mesmas.
Voltando à questão dos Novos Baianos, penso que, para nós da turma ali, acostumados a ouvir as sutilezas dos arranjos dos grupos ingleses, especialmente dos Beatles, acostumados a entender os detalhes com que os Mutantes e seu maestro Duprat destilavam nas faixas de uma fusão de rock com sons brasileiros e psicodélicos, com os discos minuciosamente harmonizados do Clube da Esquina, com o som que pintou na "Tropicália", ficamos delirantes e surpresos com a capacidade criativa que aquele bando de "moleques" com cara de "hippies doidões" tinham para fazer aqueles discos tão fortes e de qualidade inegável. É só escutar "Acabou Chorare", "Novos Baianos Futebol Clube". Disse um de nossos amigos, Carlinhos Ávila: se eles não fossem bons, João Gilberto não viria visitá-los com tanta honra.
Pois é, o que isso tudo tem a ver com o Los Hermanos?
Pois eu digo. Hoje, em pleno 2005, já meio cansado do mercado fonográfico e suas estratégias de venda e marketing, sou levado, por mera questão de relação pai-filha, a participar de um show da banda em Belo Horizonte. Antes havia escutado alguma coisa em casa mas minha atenção não havia sido despertada. O show em si ocorreu com muita força e participação efetiva da moçada, cantando música a música, numa vibração que não se excedia em arroubos descontrolados típicos de grupos de jovens em shows de rock. Saí com muito boa impressão do "conjunto da obra". Mas como ainda não conhecia as músicas, fiquei interessado em ouvir o disco, o terceiro da banda, "Ventura".
Coincidências da vida, fui levado a assistir outro show da banda em São João Del'Rey, no festival de inverno de 2004, e aí, tudo ficou claro, o mosquito que um dia me tocara com os Novos Baianos, repetiu a dose e me mostrou Los Hermanos por inteiro. Existe um ar no conjunto geral da banda que lembra aquela união, aquela alegria de fazer e viver música do grupo baiano. A preparação dos detalhes das gravações, os naipes de metais, os arranjos com objetivos específicos. As letras traziam um reflexão além das bobagens que alguns grupos de rock nacional trazem em seu trabalhos. Há vida inteligente ali. Há uma espécie de "crônica da vida" nas letras. Tudo isso foi ficando claro na medida em que eu, interessado que estava, fui ouvindo, percebendo e procurando os detalhes.
Como se não bastasse, como eu sou um incorrigível humanista, há também na banda e em seus músicos de suporte, uma atmosfera de paz, ou melhor, de busca de paz, um ar de quem não quer estabelecer verdades, dogmas, ou mesmo, parafraseando o próprio Marcelo Camelo: "não queremos vender atitudes" (o que lhe rendeu uma boa cabeçada no nariz!). É possível perceber que eles não estão a fim de se estabelecer como padrão de uma versão da vida. "Queremos fazer música e mostrar a nossa arte".
A partir desse encontro, me tornei um fã, interessado em ver e ouvir tudo que vem da banda, tentar entender os aspectos intrínsecos de sua obra e os detalhes de seus arranjos. E, um detalhe muito legal é que fazemos isso, eu minha mulher, junto com nossa filha, vivendo com ela e aprendendo a olhar também através dos olhos dela.
Ia me esquecendo de um detalhe importante: eles se parecem muito com nossa turma lá da Rua Pitangui: têm originalidade, bom humor, são do bem, tratam as pessoas com respeito, se gostam e adoram música de qualidade. Era assim a nossa turma lá da rua. Posso me lembrar de tudo hoje, nossas conversas até altas horas na esquina da rua Coronel Júlio Pinto, nossos violões tentando tocar músicas próprias, nossa amizade calorosa, engraçada, nossa juventude enérgica, nossos amores e paixões, nossos sonhos divididos, nossa raiva contra a maldade, nossa atitude de esquerda, nossas atitudes de rebeldia para com certo olhares "medíocres" da arte, nossas escolhas, sem censura, por ídolos de qualquer idade.
Se não expliquei porque gosto de Los Hermanos, deixa prá lá, isso pouco importa. O importante mesmo é viver com originalidade. Cada um que o faça a seu modo!
Carlos Wagner - 22/02/2006
Postado por Coutinho Sagrada e campos às Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006
sexta-feira, outubro 08, 2010
Consciência...
Carlos Wagner
08/10/2010
As mãos se atiram,
palmas, abertas,
alertas acesos,
escassos sentidos,
sofridos, sortidos,
só, tidos e havidos.
Feridos esforços da grande batalha,
transpor a muralha, que alta se impõe,
dos pensares em bloco,
dos sentires em ondas,
dos fazeres estranhos que transbordam,
afogam a inocência do meu eu culpado.
É preciso,
tomar em goles as ondas,
beber na taça amarga,
o karma instantâneo,
o líquido retorno de espúrias ações
que consciente me tornam
do sub-mundo humano,
burguês de por quês,
e respostas gritadas,
na geléia geral da cultura dos séculos,
desmascarada,
transbordam em nós,
nos tomam em goles de sofridos sabores.
Agora sei, me sabe bem, me sabe o mal,
Agora,
fugido pro Egito,
aguardo o momento em que o anjo me diz:
"sai agora, teu inimigo jaz morto por fim.
O trabalho deve começar em mim.
Carlos Wagner
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poema
terça-feira, outubro 05, 2010
Auto conhecimento...
"Momentos de exame e reflexão são essenciais para melhor compreender o que existe no interior de nosso ser. Porque, além de nossos pensamentos , sentimentos e motivações, descobrimos uma sabedoria universal que é condição para chegarmos ao silêncio interno. E para isso, espaço, calma e silêncio são imprescindíveis. Sem isso, é impossível percebermos o que é realmente importante."
Revista Pentagrama
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