Postagem de uma parte de um diálogo sobre educação entre Hermélio José e Célia Regina.
Quem quiser participar, por favor, não faça cerimônia!
Na escola em que trabalho, também falamos sobre a importância da educação de uma forma geral, como meio de se dar condições aos alunos para sua sobrevivência no mercado de trabalho. Particularmente, desde o tempo da faculdade, quando ainda era professora primária, dizia aos meus colegas e professores, que acreditava que a única forma de se alterar o rumo da nossa História, seria através da educação. Um professor ficou espantado, e perguntou se eu realmente acreditava nisso, o que defendo até hoje. Enquanto não investirmos pesado na educação, pode mudar o governo, pode mudar o partido, que continuaremos sub. Os cursos de magistério são fracos e os professores hoje não sabem muito além dos alunos. As salas de aula lotadas de alunos não significam que o nível de cultura tenha aumentado. Significa basicamente que os mesmos estão recebendo um certificado de escolaridade e não de educação. Temos o péssimo costume de copiar modelos estrangeiros, e não buscamos soluções práticas pra nossos problemas. Faz muito tempo que estou fora da sala de aula, mas as notícias que tenho são alarmantes. A sociedade mudou e as escolas continuam as mesmas. com agravantes. Os pais são outros, as famílias têm outras formas, e as escolas não alteraram seu papel e função nessa nova sociedade. Ainda não se leva em conta que os alunos também carecem de problemas afetivos e emocionais, que precisam de apoio como se fosse em casa, dá pra entender? As escolas devem ser uma extensão da casa. Além disso, precisam de conteúdo. precisam conhecer a natureza e suas ciências. Tudo isso, não dá pra exigir de um professor que não sabe nem quem foi Darwim, nem conhecer o mínimo de psicologia ou filosofia, o que é melhor. De um professor que não tenha um mínimo de vivência, pra não dizer conhecimento, artístico/musical. Há que se investir na educação dos professores. Não basta falar que o seu salário deve ser melhorado. Carecemos de levar mais a sério o ensino fundamental e médio. Pra isso precisamos de mão de obra super especializada: o professor.
Abração,
Célia Regina - SP - São José dos Campos
6 comentários:
Queridos amigos
Apesar que minha colaboração é muito setorial, mas não poderia me omitir nesta discussão.
Trabalho com Extensão Rural, serviço público de educação informal voltada prioritariamente para o meio rural. Nossa metodologia de trabalho, chamada MEXPAR, metodologia extensionista participativa para o Desenvolvimento Rural Sustentável. Esse trabalho parte da premissa que o agricultor ou agricultora têm uma identidade, uma cultura, um conhecimento, necessário para que a partir dele possa-se promover o desenvolvimento do potencial humano de cada comunidade rural ou de cada família ou de cada pessoa. Dialogamos com os agricultores trocando nossas experiências, nossos conhecimentos e nossas culturas. Portanto, não há pacote tecnológico que dê conta desta equação particular, sui generis. Cada comunidade é uma unidade com identidade própria e portanto, merece tratamento próprio.
Esta linha do pensamento pedagógico veio de Paulo Freire, Piaget, Pedro Demo e outros mais.
Existe uma modalidade de escola de ensino fundamental e médio aproxima-se desta linha que é a Escola Família Agrícola. A pedagogia da Alternância. Nestas escolas as crianças e jovens alternam períodos quinzenais na escola com outros juntos de suas famílias. Os serviços necessários para a manutenção da escola, como alimentação, limpeza, e outros são feitos pela comunidade escolar, inclusive pelos alunos. Tudo é discutido e dividido. Neste contexto, o jovem aprende a cozinhar, a lavar pratos, banheiros, a estudar, a produzir seus momentos de lazer e momentos de estudos, ou seja, a responsabilizar-se por sua vida, no intuito de tornar-se auto-suficiente, auto-responsável. São muitas unidades destas em Minas Gerais, especialmente no Vale do Jequitinhonha. Alguns alunos, hoje já são lideranças de trabalhadores rurais, professores nas escolas...
Vejo com bons olhos este modelo. Ele é muito prático e real, Tem a cara do Brasil, e forma líderes para continuar nossa libertação terceiro mundista.
Um abraço
Fio
Fio, hoje pude ler com mais calma seu comentário e, realmente, você fala de uma experiencia muito cativante e sintonizada com a linha pedagógica na qual eu acredito. Todo ser humano tem uma cultura, tem um saber. Esse saber tem um significado intrínseco à sua vida e à sua experiência. Tal saber precisa ser reconhecido, por quem se coloca como um colaborador que tem algo a ensinar, como também por ele mesmo que quer aprender. Tal saber deve ser conduzido a um processo de revelação de sua natureza. Ou seja, os alunos, os agricultores, os adultos, as crianças, precisam aprender a pensar e a refletir sobre suas práticas, resignificar seus saberes, colocá-los em confronto com outras hipóteses, outras formas de sentido.
O saber de "senso comum" não é "erro" simplesmente pelo fato de não ser "científico", representa uma hipótese a ser verificada. Leva os aprendizes à condição de poderem partir de algo, e dar o salto.
Pois é, acredito nisso, ninguém é uma página em branco, ou, ninguém precisa jogar tudo fora para poder aprender algo além.
Acredito que ser professor é ser capaz de pesquisar e buscar os caminho do aprender, em si mesmo e nos outros.
Wá
Caros Fio e Wá,
Fiquei feliz em saber dessa experiência que tem no meio rural. Fiquei até com vontade de me mudar e estar aí pra participar desse projeto também. Pena que na cidade, com uma clientela maior e diversificada, não se possa tomar a sua prática como modelo. Sei que existem alguns projetos independentes, ONGs e outros, que conseguem fazer o que realmente se propõe, istó é, levar um indivíduo a se tornar um ser pensante e que busque mais do que saber escrever o próprio nome, ou a ler mais que cartazes de propaganda. São poucos ainda, perto da multidão que vão no rodão, pela vida a fora.
Acredito que a prática de educar e alfabetizar seja uma prática constante. Na escola em que trabalho, na secretaria, na convivência diária com os que buscam ali alguma informação e/ou serviços da mesma, procuro dar uma pequena contribuição nesse sentido, já que toda a escola deve ter esse compromisso.
Também acredito que todos os saberes são significativos, e que os professores devem valorizar tudo que cada criança ou adulto tras/traz(?) de vivência e conhecimento, mas o que tem acontecido é que se perdeu a dimensão do sujeito que deve ser o profissional da educação. A ideologia virou seu avesso,entende? Usaram a idéia de que temos que valorizar os referenciais do aluno, em detrimento de valorizar a qualificação do professor. Dá pra entender onde quero chegar? Acredito que carecemos de profissionais mais qualificados na educação, e isso não significa apenas conhecimentos teóricos, mas profissionais realmente preocupados em contribuir pra ver o outro crescer enquanto ser humano.
Bju
Quem é?
não assinou...
Carlos Wagner
Oi Wá, não sei como usar esse negócio usando meu nome,
Célia Regina
Postado po Carlos Wagner
Enviada pelo Guinho
Educação clássica já era
Guinho
Bom dia amigos,
Espero estar usando o procedimento correto para enviar minhas msgs.
Primo wagner coutinho.
Da Célia Regina, do Zé, sobre educação, Comunico que ontem participei de um debate, dialogo (mentira, eh monologo, discurso de 1), na FAE UFMG, Faculdade de Educação, sobre currículos básicos, comum cbc historia. Debatedores de alto nível, mestres doutores da UFMG, mas lentos, pouco práticos e sem agressividade verborrágica. Isso não me seduz não me encanta. É o espelho da nossa educação, que não seduz e não encanta os alunos. Interferi e falei bem objetivo e no coração dos burocratas pedagogos demagogos. Falavam de conteúdos curriculares, dificuldades, mudanças, tradições criadas e mantidas quando interferi sem cerimônia sem esperar fila de inscritos.
Minha visão eh que a maior dificuldade que detecto não eh a resistência aos conteúdos orientados, mas a resistência dos professores a aceitarem a nova concepção pedagógica que eh emergencial, para atender as novas gerações, fora do modelo de escola clássica tecnicista ano 60, 70, mas que persiste ate hoje. Educação não é “achismos”. A nova realidade pede que acompanhemos a evolução de uma geração que recebe e processa informações super dinâmicas (de forma) em alta velocidade. os professores resistem e não acompanham, (Ficam) aulas passando matéria no quadro; pra que livros? Longos monólogos, conteúdos sem aproximar da realidade do aluno. A vez agora é de o aluno falar, criticar, interferir, construir seu discurso, e o professor mediador. Professor tem de ser provocador. ninguém agüenta lerdeza. O papel revolucionário do professor. Depois falo mais. Estou na escola, hora do recreio.
Bj primos, amigos, irmãos, amo vcs.
E o próximo encontro?
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