domingo, dezembro 17, 2006
terça-feira, dezembro 12, 2006
Ian e Anália
Ian - o último chegado... Anália, o início, a mater, dois polos, apontando para o centro, numa referência de cruzamento entre as duas linhas, traçadas por réguas que medem a vida. O começo e o presente início... Estamos felizes, e continuando um sonho, sabendo que nada é fácil. Mil coisas, muitos momentos e desafios, fios do destino, doces hinos e hostes, a vida se apresenta de forma veloz, marcante, riscando fundo e nos levando a caminhos diferentes, conectados naquele ponto central da reta traçada. Vamos lá, tudo está acontecendo como deve ser, nossos olhos se abrem e fecham também... Vamos lá, o sentimento é verde, é o sinal que nos dá passagem, mesmo que daltônicos, erremos o tom, porém, cantamos as cores e multi-facetas que pintam na tela do globo terrstre de nossos microcosmos, arcas e barcos que vão cortando as correntezas dessa água que é a vida, mares, rios, lagos, poças, enchurradas, goteiras, garrafas de elixir. E a música do Gil canta: "pela continuidade do sonho de Adão", "se oriente rapaz, pela simples razão de que tudo merece consideração". Vamos lá, lá já chegamos, e nem saimos do lugar...
12/12/2006
..
terça-feira, dezembro 05, 2006
A amizade é um amálgama fundamental...
E foram acontecendo coisas, muitas coisas.
A amizade é um amálgama fundamental para envolver os seres e dar a eles uma trajetória que pode ser a base da construção de um processo de alegria coletiva.
Disso, nós todos que fomos sendo agregados em torno da Pitangui 2128, Sagrada Família, nos constituimos como uma família, não sagrada, porém, humana, de uma humanidade fraterna, sólida, que até hoje, quando nos vemos, renasce um elã, um bom sentir que nos garante que Vivemos!!!
É isso aí! Quem duvida?!
A amizade é um amálgama fundamental para envolver os seres e dar a eles uma trajetória que pode ser a base da construção de um processo de alegria coletiva.
Disso, nós todos que fomos sendo agregados em torno da Pitangui 2128, Sagrada Família, nos constituimos como uma família, não sagrada, porém, humana, de uma humanidade fraterna, sólida, que até hoje, quando nos vemos, renasce um elã, um bom sentir que nos garante que Vivemos!!!
É isso aí! Quem duvida?!
domingo, dezembro 03, 2006
História de uma rua de meninos e meninas...
Ano de 1965...
Meu pai compra uma casa na rua Araripe, Bairro da Floresta...Ficamos por lá mais ou menos 6 meses e a família dos donos desfaz o negócio. Sentimentos de decepção a parte, foi a melhor coisa que nos aconteceu, pois, nos mudamos para a Sagrada Família bem rapidinho, para uma casa boa, em uma rua ainda limitada e sem calçamento ou pavimentação (quem te viu, quem te vê). Hoje uma lucura de trânsito. Outros tempos.
Foi aí que tudo começou, uma história de muitas histórias, muitas alegrias e tristezas também. Tinha eu 12 anos e estava sendo batizado na vivência de molecagem de rua. Até então, morávamos em um bairro popular, mais pobre. Nossos pais, com medo, não julgo se justificável, nos prendiam mais em casa.
Na Sagrada tudo mudou. Acho que meus pais relaxaram um pouco e nós também fomos crescendo, era mais difícil de segurar. Nós, irmãos e irmãs começamos a conhecer o pessoal do lugar. E aí, tem início uma história boa de contar. Tem alguém aí, a fim de contar uma pouco.
Eu tinha 12, o Zé 13, Rogério e Regina 10, Newton 9, Cláudia 7 e Valéria na rabeira, tinha só 2 anos.
Conhecemos o Angelo, o Ênio, o Ronaldinho, a Helaine, irmã do Ênio, o Betão, e a esse núcleo vieram muitos outros. Mais tarde, Alan, Kalil, Adão José, o Ló, Roberto Dias, o Fio, etc., e esta rede foi se estendendo e agregando outras tribos. O processo de crescimento de cada um foi trazendo uma vivência que se enriquecia e nós fomos acrescentando viagens, novas turmas, festas, músicas...
De cara, no natal de 1965 meu pai me deu um compacto duplo dos Beatles, Help. Tem início uma história de uma música pop que vai se sofisticando e, juntos, vamos também vivenciando uma certa sofisticação estética, ética, política e por aí vai... A música veio para ficar e nos construir.
Quem quer falar mais disso...
Tem alguém aí?
terça-feira, setembro 26, 2006
Meus Caminhos
Anália Coutinho Campos
Por onde andei nos idos de 30? Que caminhos percorri?
Percorri lindos e floridos caminhos!
Era sempre de manhãzinha. A estrada, estreitos trilhos de terra, entre moitas de capim-gordura. Até hoje tenho a sensação do roçar daqueles ramos, salpicados de orvalho, tal qual pedrinhas de gelo.
Esse caminho que percorria, todas as manhãs, levava a uma Chácara que meu pai possuía em Santo Hilário, pequeno arraial às margens do Rio Grande, no Município de Pium-i, antes, e hoje, Município de Pimenta, no Sudoeste de Minas gerais.
Saíamos, eu, minha irmã Loló e uma de minhas primas, Marina, acompanhadas de Tia Leopoldina.. Íamos nadar no pequeno córrego que ficava no terreno da Chácara. Nós o apelidamos, carinhosamente de "O Poço". Sua água era fria e cristalina; uma delícia o seu contato em nosso corpo jovem!
Naquela época, o tempo, no inverno era frio de verdade! Não existia, ainda, o ataque pernicioso do homem cortando árvores, poluindo águas e destruindo com isso, as nascentes dos rios e modificando as Estações do Ano...
Era uma verdadeira alegria quando saíamos de casa, antes do sol se levantar e percorríamos aqueles mil metros até o Poço. Passávamos por uma porteira e seguíamos pulando e cantando! A terra era vermelha e nossos chinelinhos ficavam da cor da terra.
Não nos incomodávamos com isso, nem com o roçar do capim-gordura em nossas pernas nuas! O cheirinho do mato molhado enchia nossas narinas de um perfume incomparável, perfume esse que até hoje não conseguimos encontrar em nenhuma loja de essências.
Outros caminhos maravilhosos percorremos... A ida às cachoeiras do Rio Grande, pela estrada de terra poeirenta na seca e barrenta, nas chuvas!
Essa estrada que ia em direção de Guapé, passava por uma serra e lá do alto avistávamos a cachoeira com suas águas espumantes, pulando de pedra em pedra parecendo querer chegar, depressa, a um importante lugar... E nossos olhos infantis se deslumbravam vendo, sem compreender, aquela beleza!
Mas o tempo passou. O progresso chegou, e os caminhos que percorri na infância foram cobertos pelas águas do Rio Grande e de seu afluente Capetinga, para a construção da Usina de Furnas, na cidade do mesmo nome.
Hoje, morando em Belo Horizonte, lá voltamos nas férias ou feriados, ao novo arraial construído ao redor do cemitério antigo, único lugar que não foi atingido pelas águas, pois fica num ponto bem alto da serra. Procuramos em vão encontrar os nossos caminhos percorridos na infância... Onde a Chácara, o Poço? Onde os trilhos estreitos, poeirentos, rodeados de capim-gordura, com gotinhas de orvalho como pedrinhas de gelo, a roçar em nossas perninhas desnudas? Onde a cachoeira com suas águas espumantes, - saltando de pedra em pedra, a procura de um misterioso lugar?
Desapareceram no roldão do Progresso... Foram cobertos, destruídos pelas águas dos Rios!
Anália Coutinho Campos
Por onde andei nos idos de 30? Que caminhos percorri?
Percorri lindos e floridos caminhos!
Era sempre de manhãzinha. A estrada, estreitos trilhos de terra, entre moitas de capim-gordura. Até hoje tenho a sensação do roçar daqueles ramos, salpicados de orvalho, tal qual pedrinhas de gelo.
Esse caminho que percorria, todas as manhãs, levava a uma Chácara que meu pai possuía em Santo Hilário, pequeno arraial às margens do Rio Grande, no Município de Pium-i, antes, e hoje, Município de Pimenta, no Sudoeste de Minas gerais.
Saíamos, eu, minha irmã Loló e uma de minhas primas, Marina, acompanhadas de Tia Leopoldina.. Íamos nadar no pequeno córrego que ficava no terreno da Chácara. Nós o apelidamos, carinhosamente de "O Poço". Sua água era fria e cristalina; uma delícia o seu contato em nosso corpo jovem!
Naquela época, o tempo, no inverno era frio de verdade! Não existia, ainda, o ataque pernicioso do homem cortando árvores, poluindo águas e destruindo com isso, as nascentes dos rios e modificando as Estações do Ano...
Era uma verdadeira alegria quando saíamos de casa, antes do sol se levantar e percorríamos aqueles mil metros até o Poço. Passávamos por uma porteira e seguíamos pulando e cantando! A terra era vermelha e nossos chinelinhos ficavam da cor da terra.
Não nos incomodávamos com isso, nem com o roçar do capim-gordura em nossas pernas nuas! O cheirinho do mato molhado enchia nossas narinas de um perfume incomparável, perfume esse que até hoje não conseguimos encontrar em nenhuma loja de essências.
Outros caminhos maravilhosos percorremos... A ida às cachoeiras do Rio Grande, pela estrada de terra poeirenta na seca e barrenta, nas chuvas!
Essa estrada que ia em direção de Guapé, passava por uma serra e lá do alto avistávamos a cachoeira com suas águas espumantes, pulando de pedra em pedra parecendo querer chegar, depressa, a um importante lugar... E nossos olhos infantis se deslumbravam vendo, sem compreender, aquela beleza!
Mas o tempo passou. O progresso chegou, e os caminhos que percorri na infância foram cobertos pelas águas do Rio Grande e de seu afluente Capetinga, para a construção da Usina de Furnas, na cidade do mesmo nome.
Hoje, morando em Belo Horizonte, lá voltamos nas férias ou feriados, ao novo arraial construído ao redor do cemitério antigo, único lugar que não foi atingido pelas águas, pois fica num ponto bem alto da serra. Procuramos em vão encontrar os nossos caminhos percorridos na infância... Onde a Chácara, o Poço? Onde os trilhos estreitos, poeirentos, rodeados de capim-gordura, com gotinhas de orvalho como pedrinhas de gelo, a roçar em nossas perninhas desnudas? Onde a cachoeira com suas águas espumantes, - saltando de pedra em pedra, a procura de um misterioso lugar?
Desapareceram no roldão do Progresso... Foram cobertos, destruídos pelas águas dos Rios!
sábado, setembro 02, 2006
O que é los hermanos?
Los Hermanos
Marco da nova música brasileira, Los Hermanos faz música sem conceito e sem regras. Só boa.Uma banda de rock alternativo que tem músicas gravadas por cantoras de MPB? Uma banda de MPB que faz rocks tão bons quanto os melhores momentos de bandas como Strokes? Uma banda brasileira, de nome latino, que já teve uma música gravada tanto por George Harrison como por artistas de forró? Uma banda de hardcore que faz referências a Tom Zé e toca com Belchior?
Los Hermanos não é uma banda fácil de classificar. E essa é uma de suas melhores qualidades. Formada pela dupla de compositores, guitarristas e cantores Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, mais o tecladista Bruno Medina e o baterista Rodrigo Barba, o quarteto (que geralmente se apresenta com o baixista Gabriel Bubu mais um naipe de sopros) é cheio de idiossincrasias."Quando pessoas se juntam, seja para montar uma banda, para casar ou para fazer um país, é por afinidade, pelo que há em comum. Mas, a partir disso, a riqueza é a diferença, o que um tem e o outro não, aquilo que pode mudar o olhar do outro", observa Amarante.
Juntos há quase dez anos, a banda passou por tantas mudanças em seus quatro discos que uma hora ficou claro:mudar é o seu natural. Com talento para composições, arranjos, letras e criatividade como há muito não se via, a banda se tornou espécie de marco: canções regravadas por outros artistas, dezenas de milhares de discos vendidos e shows lotados por todo o Brasil confirmavam, estava ali a maior banda do Brasil em muito tempo, e a maior banda da nova música brasileira.
"A música brasileira não tem nada de pureza, está tudo no olhar", comenta Amarante sobre as muitas diferentes influências que resultam na sonoridade da banda. "O brasileiro coloca tudo na mesma prateleira, não tem hierarquia. Isso é uma inocência valiosa, esse descompromisso, essa mistura é o que há de mais brasileiro. Nós não temos nenhuma obrigação de ser mais brasileiros do que já somos. As coisas boas têm essa incoerência, têm signos que se contradizem." Com seu álbum mais recente, "4", produzido pelo músico e produtor carioca Kassin, a banda parece ir em busca de destinos ainda mais amplos: novas sonoridades, novas experimentações, novas sensibilidades. "Quando a gente faz música, nunca parte de um conceito", explica Amarante. "As coisas acontecem de forma natural e o conceito a gente descobre depois. Eu quero deixar música pra mudar a vida das pessoas, pra ser apreciada no futuro? Secretamente sim, mas a gente não faz música assim, pensando nisso."
quinta-feira, junho 08, 2006
Ao Newton...
Ao Newton, reconhecidamente, um batalhador, sistemático e incansável. Sete vidas de gato, sete pulos para se safar, com malandragem. É isso aí, bicho. Sucesso na sua caminhada.
Parabéns.
Sete pontas apontam o infinito,
sete oportunidades infinitas, até que a raça humana aprenda a entender os sete dias do "trabalho de Deus".
Já dizia o Gilberto Gil que a Raça humana é uma Semana do Trabalho de Deus.
coutinho sagrada e campos
coutinho sagrada e campos
Apareça para dar uma olhadinha e participar com opiniões...
Seja bem-vindo...
Nós
Apareça para dar uma olhadinha e participar com opiniões...
Seja bem-vindo...
Nós
quinta-feira, junho 01, 2006
Sobrinhos...
segunda-feira, maio 29, 2006
quinta-feira, maio 25, 2006
quarta-feira, abril 12, 2006
Vou alí, fazer uma cirurgia e volto já...
Deixo um texto para quem quiser ler. "Ei, tem alguém aí?
10/04/2006
Cheio de decisivas razões para virar o jogo das tramas
Urdidas pelos séculos em meu céu,
Nuvens que sinto simples e certamente,
Cinco ou mais vezes, vezes muitas vezes,
Somando-se em uma longa colcha de peças raras, rasas e pró fundas,
Fundamentadas no meu sangue herança milenar,
Encarnadas mil vezes, transtornando-me em muitas ocasiões, ocasos e surgimentos dos acasos,
Mal percebidas pela minha razão cega, faca pouco amolada, amolada de tristeza,
Injuriada por saber que tudo está sempre se fazendo valer, rasgando com dor a alma pequena de mim mesmo,
E grito, pois sei que grandes horizontes se avizinham e a Alma maior que quer descer à minha existência,
"Ó Deus, não esperes mais!" Fico aqui a clamar,
Abra sobre mim a liberdade em asas, dos fortes,
Como o Cristo Solar, aceita-me no planeta Mãe, Maria substância solícita.
Sim fico meio ébrio a procurar a razão suprema que, sei, nasce quando morro todos os dias, no não ser búdico,
Gritando como um Gandi grandioso, que me envergonho quando sei que pequeno sou.
Ó Deus, não esperes muito, pois sei que deves me esperar antes de partir,
Sei que devo, nesta viagem estar presente, nesse expresso do silêncio da alma que, devota, sabe se abrir,
Transformar a Terra em Água, a Água em ar, e o Ar em Fogo, como um Espírito Livre, que é o que todos nós, entes humanos, devemos fazer,
Voar para a Liberdade.
Deixo um texto para quem quiser ler. "Ei, tem alguém aí?
10/04/2006
Cheio de decisivas razões para virar o jogo das tramas
Urdidas pelos séculos em meu céu,
Nuvens que sinto simples e certamente,
Cinco ou mais vezes, vezes muitas vezes,
Somando-se em uma longa colcha de peças raras, rasas e pró fundas,
Fundamentadas no meu sangue herança milenar,
Encarnadas mil vezes, transtornando-me em muitas ocasiões, ocasos e surgimentos dos acasos,
Mal percebidas pela minha razão cega, faca pouco amolada, amolada de tristeza,
Injuriada por saber que tudo está sempre se fazendo valer, rasgando com dor a alma pequena de mim mesmo,
E grito, pois sei que grandes horizontes se avizinham e a Alma maior que quer descer à minha existência,
"Ó Deus, não esperes mais!" Fico aqui a clamar,
Abra sobre mim a liberdade em asas, dos fortes,
Como o Cristo Solar, aceita-me no planeta Mãe, Maria substância solícita.
Sim fico meio ébrio a procurar a razão suprema que, sei, nasce quando morro todos os dias, no não ser búdico,
Gritando como um Gandi grandioso, que me envergonho quando sei que pequeno sou.
Ó Deus, não esperes muito, pois sei que deves me esperar antes de partir,
Sei que devo, nesta viagem estar presente, nesse expresso do silêncio da alma que, devota, sabe se abrir,
Transformar a Terra em Água, a Água em ar, e o Ar em Fogo, como um Espírito Livre, que é o que todos nós, entes humanos, devemos fazer,
Voar para a Liberdade.
quinta-feira, março 23, 2006
quarta-feira, março 01, 2006
Bernardo Monteiro
Em Bernardo Monteiro, bairro da grande BH/Contagem, passávamos dias de importantes vivências entre música e experiências da juventude. Foi tudo muito rico. Fins de semana mágicos.
Na casa de Adão José, Ló e avós...
Adão era "crooner" do "Liverpool Sound", um conjunto de festas.
Adão sempre foi um grande cara, gente que marcou demais a minha vida.
Sumiu o bicho! Cadê você, malandro? Te esqueço não, Cara.
Era muito bom passar os dias curtindo músicas, paqueras e outras "coisas".
Porém, havia muita filosofia, arte, papos até altas horas. Muito verde e mato. Como poderíamos esquecer a Caixa-dágua, lá em cima onde púnhamos o toca-fitas e sacávamos a maior acústica.
A curtição era o trem do subúrbio que tínhamos que tomar para chegar e voltar. Essa foto é histórica!
Vá
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
de Novos Baianos a Los Hermanos
Rua Pitangui, turma, arte, música, Beatles, Novos Baianos e, agora, "pode crer", Los Hermanos...sim senhor....
A vida surpreende; como no oceano, há ondas, correntes marítimas, ventos, fluxos, vida. Situações novas e inesperadas...
Uma situação interessante tem assustado certos amigos e certas pessoas que me conhecessem. Quero falar sobre isso e tentar dar alguma pista. Não porque eu me sinta obrigado a fazer isto por querer me justificar, ou porque esteja preocupado com a opinião das pessoas.
Na verdade, quando queremos dizer para alguém de nossos gostos, e esse alguém não entende a nossa ligação com aquilo e não se movimenta, de alguma forma, para pelo menos perceber algo desse nosso gostar, não há como faze-lo, principalmente se esse alguém não quer ver para sentir ou crer. Ainda mais quando já há uma opinião sem conhecimento. Isso acontece muito em relação à música. Tudo bem, música é gostar, é sentir, lembrar, se emocionar, balançar. Todos nós, de alguma forma, temos lá nossos "quereres e gostares" que podem parecer estranhos.
Escrevo, portanto, este texto, buscando, sem ansiedade, dizer porque Los Hermanos adquiriu tamanha importância e satisfação para mim. Grata satisfação, aliás.
Vamos lá! Em minha juventude, houve um momento interessante, lá pelos idos de 1972/73, quando nós, da turma da Pitangui, já envolvidos com a idéia de arte e música tão presente em nossas cabeças e corações, já curtidos de tanto empenho em ouvir e esmiuçar as músicas dos "Beatles", "Bob Dylan", "Gil, Caetano e Milton", "João Gilberto", “Jobim”, "Crosby, Stills, Nash and Young", e por aí vai, daquela leva incrível de músicos e compositores que aconteceu nos anos 60 e início dos 70, demos de cara com um grupo diferente que vinha da Bahia: Os "Novos Baianos". Alguns amigos nossos foram a um show no Mackenzie assisti-los. Levaram um gravador, daqueles antigos, mono, e registraram ao vivo. Depois ficávamos tentando entender aquele acontecimento em um show, todo cheio de detalhes e arranjos, alegrias, loucuras e tietagem.
Na verdade, já tínhamos escutado dois discos dos Novos Baianos e ficado muito admirados com a riqueza dos arranjos, dos detalhes, das harmonias, do samba, da alegria de levar uma proposta, e, principalmente, no meu caso, ficava admirado do lance da vida em comunidade. Fazer música e viver de forma livre, num sítio, retirando da convivência o motivo das canções. Isto tudo dava um resultado musical muito inovador, criativo e de um colorido diferenciado. É claro que isso tudo, associado à capacidade instrumental dos caras, misturando guitarras de rock, solos tipo Jimi Hendricks, Jime Page com violão bossa novista de Moraes Moreira, marcações de baixo soladas tipo Paul ou mesmo Cream, cantos regionais com solos de cavaquinho e bandolim. Puxa, era um som de dar muita vontade de fazer música também, e de levar a vida daquela forma.
Isso tudo trouxe um elemento incendeador para nós lá da Pitangui "and friends". Estudamos mais música, fizemos algumas músicas, participamos de festivais, deu vontade de criar e de ter a capacidade para tal.
Explodiu um mundo novo. É claro que tudo isso só enriquecia tudo aquilo que já escutávamos de outros artistas. Já citei lá em cima algumas vertentes que ouvíamos (é claro que vou esquecer muitos). Porém, quero fazer justiça a tudo que admirávamos e ouvíamos. Jorge Benjor, Led Zeppelin, Jimi, Rolling Stones, Noel Rosa, Luiz Melodia, João Gilberto, Baden Powell, Gonzagão, The Who, uma leva de grupos ingleses do final dos 60, Raul Seixas, Quinteto Violado e por aí vai..., sem falar na música erudita que amávamos, cada um a seu jeito, principalmente Bach, Beethoven e Mozart, alguns croncretistas e modernos. Éramos sócios do ICBEU - Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, e lá retirávamos discos emprestados e ouvíamos, líamos e discutíamos sobre a arte de cada um, as capas, as histórias.
Tínhamos também um tino muito crítico com aquilo que considerávamos "barango". Sim, essa expressão era nossa marca e ainda não era muito utilizada para caracterizar o "brega", o ruim, o pouco criativo e/ou nada inovador, aquilo que era uma pura cópia comercial e que não acrescentava nada. Por isso usávamos uma expressão que nos caracterizava na época, com aquilo que não "estava com nada": "tá por fora". Acho que éramos até muito drásticos. Lembro-me que, para mim, o maior ícone e representante do "tá por fora" era o Roberto Carlos em sua fase pós Jovem Guarda, romântico comercial. O cara havia parado na vida...! É claro que, olhando tudo isso a partir de hoje, tudo adquiriu uma dimensão bem diferente e minhas impaciências não são mais as mesmas.
Voltando à questão dos Novos Baianos, penso que, para nós da turma ali, acostumados a ouvir as sutilezas dos arranjos dos grupos ingleses, especialmente dos Beatles, acostumados a entender os detalhes com que os Mutantes e seu maestro Duprat destilavam nas faixas de uma fusão de rock com sons brasileiros e psicodélicos, com os discos minuciosamente harmonizados do Clube da Esquina, com o som que pintou na "Tropicália", ficamos delirantes e surpresos com a capacidade criativa que aquele bando de "moleques" com cara de "hippies doidões" tinham para fazer aqueles discos tão fortes e de qualidade inegável. É só escutar "Acabou Chorare", "Novos Baianos Futebol Clube". Disse um de nossos amigos, Carlinhos Ávila: se eles não fossem bons, João Gilberto não viria visitá-los com tanta honra.
Pois é, o que isso tudo tem a ver com o Los Hermanos?
Pois eu digo. Hoje, em pleno 2005, já meio cansado do mercado fonográfico e suas estratégias de venda e marketing, sou levado, por mera questão de relação pai-filha, a participar de um show da banda em Belo Horizonte. Antes havia escutado alguma coisa em casa mas minha atenção não havia sido despertada. O show em si ocorreu com muita força e participação efetiva da moçada, cantando música a música, numa vibração que não se excedia em arroubos descontrolados típicos de grupos de jovens em shows de rock. Saí com muito boa impressão do "conjunto da obra". Mas como ainda não conhecia as músicas, fiquei interessado em ouvir o disco, o terceiro da banda, "Ventura".
Coincidências da vida, fui levado a assistir outro show da banda em São João Del'Rey, no festival de inverno de 2004, e aí, tudo ficou claro, o mosquito que um dia me tocara com os Novos Baianos, repetiu a dose e me mostrou Los Hermanos por inteiro. Existe um ar no conjunto geral da banda que lembra aquela união, aquela alegria de fazer e viver música do grupo baiano. A preparação dos detalhes das gravações, os naipes de metais, os arranjos com objetivos específicos. As letras traziam um reflexão além das bobagens que alguns grupos de rock nacional trazem em seu trabalhos. Há vida inteligente ali. Há uma espécie de "crônica da vida" nas letras. Tudo isso foi ficando claro na medida em que eu, interessado que estava, fui ouvindo, percebendo e procurando os detalhes.
Como se não bastasse, como eu sou um incorrigível humanista, há também na banda e em seus músicos de suporte, uma atmosfera de paz, ou melhor, de busca de paz, um ar de quem não quer estabelecer verdades, dogmas, ou mesmo, parafraseando o próprio Marcelo Camelo: "não queremos vender atitudes" (o que lhe rendeu uma boa cabeçada no nariz!). É possível perceber que eles não estão a fim de se estabelecer como padrão de uma versão da vida. "Queremos fazer música e mostrar a nossa arte".
A partir desse encontro, me tornei um fã, interessado em ver e ouvir tudo que vem da banda, tentar entender os aspectos intrínsecos de sua obra e os detalhes de seus arranjos. E, um detalhe muito legal é que fazemos isso, eu minha mulher, junto com nossa filha, vivendo com ela e aprendendo a olhar também através dos olhos dela.
Ia me esquecendo de um detalhe importante: eles se parecem muito com nossa turma lá da Rua Pitangui: têm originalidade, bom humor, são do bem, tratam as pessoas com respeito, se gostam e adoram música de qualidade. Era assim a nossa turma lá da rua. Posso me lembrar de tudo hoje, nossas conversas até altas horas na esquina da rua Coronel Júlio Pinto, nossos violões tentando tocar músicas próprias, nossa amizade calorosa, engraçada, nossa juventude enérgica, nossos amores e paixões, nossos sonhos divididos, nossa raiva contra a maldade, nossa atitude de esquerda, nossas atitudes de rebeldia para com certo olhares "medíocres" da arte, nossas escolhas, sem censura, por ídolos de qualquer idade.
Se não expliquei porque gosto de Los Hermanos, deixa prá lá, isso pouco importa. O importante mesmo é viver com originalidade. Cada um que o faça a seu modo!Carlos Wagner - 22/02/2006
http://www.facom.ufba.br/pexsites/musicanordestina/novbaian.htm
http://www.loshermanos.com.br
terça-feira, janeiro 10, 2006
segunda-feira, janeiro 09, 2006
A rua Pitangui (no bairro Sagrada Família) é uma história a parte...Foi lá que, a partir de 1965 tem início o meu batismo de rua. Definitivamente. As primeiras ações, inocentes, porém, ações de rua. É uma história a ser contada por todos nós, daquele trecho alí entre Joquim Felício e Caldeira Brant.
Naquela época, ainda sem o asfalto que hoje dá lugar a um trânsito louco, ali jogávamos bola, corríamos e brincávamos de mil infantis loucuras. É preciso estarmos todos juntos para contar o que virava a rua nos momentos em que não estávamos na escola ou outros afazeres.
Angelo, Ênio, Ronaldinho, Robsom, Vá, Rogério, Zé grandão, betão. Depois foram chegando outros.
Foi um momento interessante...e nem dávamos conta de que estávamos em pleno início do regime militar...ou será que alguns já atinavam para isso...?
Histórias a serem contadas e lembradas.
Vá
Naquela época, ainda sem o asfalto que hoje dá lugar a um trânsito louco, ali jogávamos bola, corríamos e brincávamos de mil infantis loucuras. É preciso estarmos todos juntos para contar o que virava a rua nos momentos em que não estávamos na escola ou outros afazeres.
Angelo, Ênio, Ronaldinho, Robsom, Vá, Rogério, Zé grandão, betão. Depois foram chegando outros.
Foi um momento interessante...e nem dávamos conta de que estávamos em pleno início do regime militar...ou será que alguns já atinavam para isso...?
Histórias a serem contadas e lembradas.
Vá
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O lobo da estepe - Hermann Hesse
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