quinta-feira, março 01, 2012

Hermélio José

Hermélio José despediu-se. Finalmente se viu livre do corpo que honrou até aqui, e que gerou as experiências de uma vida voltada para o bem. Fica pra nós o exemplo, a força de seus atos, compromissos fraternos. 
Filho, irmão, esposo e pai, primo e amigo, zeloso, cidadão ético e dedicado, esteve, ao seu jeito, às vezes de forma brava ou impaciente, sempre a favor dos mais humildes. Quem o conheceu sabe o quanto o indignava a injustiça, e que a simplicidade era seu signo. 
Da minha parte, fica a admiração pelo irmão sempre à disposição para o auxílio, com o olhar meigo e atento.
Foi impressionante a dignidade de sua morte, suportando por um longo período, como um Iogue, os incômodos de uma doença implacável. Presenciei sua busca e anseios por uma compreensão espiritual das razões e da essência de sua experiência final. Segredou-me seu desejo de ter mais tempo para adquirir uma compreensão mais elevada. Esse tempo lhe será concedido numa outra lógica, estou convicto disto.
Vai com Deus, meu irmão. A morte do corpo não mata a vida da Alma nem da consciência. Num plano diferente deste mundo material te aguardam novas tarefas e irmãos muito amados para auxiliá-lo. Sua partida não rompe os nossos laços de amor. 
Esteja em paz e prossiga rumo ao Cristo Cósmico, nossa única razão de vida.


Carlos Wagner  






Segue o comentário da Roberta. De tão lindo, ganhou status de postagem em sequência...






 Roberta Lins disse...
A viagem do Zé Piano.

Olá família Campos!!!!!!
Sou uma das primas de vocês.
- Quem?
- Filha da Sonia Lúcia e do Bebeto.
- Ahhh...
- Qual das duas??
- A Fisioterapeuta.
- Ahhhh, a que atendeu o Zé??
- Esta mesmo.
- E a outra??/ Faz o que mesmo?
- A minha irmã? Sua prima também? É advogada.
- Ah é....e tem o Marcus Vinicius, ne?
- Tem sim, meu irmão. Marcus Vinicius.
- Hahhhh.
...................................
Dia 29 de fevereiro de 2012.

Pego o telefone e ligo pra minha mãe (Sonia Lúcia Campos Lins). Ela chora muito e quase não consegue falar. Parece uma criança.
- Mãe, não chora. Ele estava cansado de tantas limitações. Já cumpriu o seu caminho aqui....agora vai ficar saudável de novo.
- E minha mãe aos prantos: mas ele é meu primo amado. Somos como irmãos.... Quem vai me chamar de Lili Grande????? Todos os que eu amo estão morrendo.....
- E eu: mãe, em que você acredita? Acha mesmo que ele acabou?
- E ela aos prantos: não!! Mas não posso mais trocar e-mails com ele, receber suas cartas e nem conversar com ele mais.

...................................

Este preambulo é para justificar minha mensagem aqui, no blog da família, em memória ao amado Zé Piano.
...................................

E pra dizer que o tempo é curto demais....,
é pouco, principalmente quando esta passando.
Para dizer que o tempo nunca cabe todos os nossos sonhos e expectativas. Não cabe tudo o que gostaríamos de ter feito, visto ou dito. Não cabe nem o que já ficou para trás.
Tenho começado a sentir o tempo agora. E ele tem deixado marcas inexoráveis.
Minha pele é prova disso.
As perdas têm ficado mais frequentes e mais reais, talvez para lembrar o que realmente importa.

Lembro que quando era criança, uma das maiores perdas que lembro foi a de um primo. Lindo, jovem, saudável. Chegava a nossa casa sempre de bicicleta para jogar xadrez com meu pai. O que me lembro dele (já não sei mais se é verdade ou foi o tempo que o desenhou assim para mim) é que ele parecia com as imagens católicas de Jesus Cristo, com os cabelos longos e a pele dourada.
Rogério era o seu nome.

Agora vou falar do Hermélio José.
Zé Piano, para mim e meus irmãos.
Aquele primo lindo, enorme, inteligente....que ia a nossa casa quando éramos crianças e batia papo com meu pai e minha mãe.
Brincava com a gente.
Entrava em nosso quarto e arrancava no colo minha irmã que se escondia dentro do armário, Raquel, a advogada, que tem dois filhos lindos (Felipe e Daniel e é casada com o Marcelo).
E quando íamos a casa do Tio Hermélio e da Tia Anália, casa que achávamos que era mágica....pois a achávamos enorme, cheia de plantas, sempre cheia de gente bonita, de música, de livros, de vozes, de luz...
Era também a casa do Ze Piano. Onde, aliás, tinha um piano que ele tocava para nós e por isso a alcunha.
É.... a vida é curta. Parece ontem....

E mais uma lembrança doce:
adoro animais. E por isso, na minha infância tive vários deles: cães, gatos, passarinhos, peixes, papagaios, tartarugas. Aquelas tartaruguinha pequeninas que cabem na mão.
Minha mãe sempre me dava um casal e quando elas morriam, minha mãe repunha. Mas eu sempre sabia. Afinal, eram as minhas tartarugas. E como eram um casal, sempre tinham o mesmo nome. O nome do casal mais perfeito: Patrícia e Zé, Zé Piano.
E nem sei se eles sabiam disso.....

Fica então registrada ao Zé Piano e pelo Zé Piano, minha admiração e meu amor.
Gostaria de ter estado mais perto. De ter convivido mais....
Achei que ainda dava tempo.
Ainda assim, acho que ele é uma das pessoas mais interessantes que já conheci. Com sua generosidade, o coração cheio de amor a boca cheia de palavrões.

“Boa terra em teus pés, água o bastante em sua semente, bom vento para o teu sopro, fogo em teu coração e muito amor em teu ser.” (J.Y.Leloup)
Roberta Lins
12:45:00

E mais, do Célio Humberto Vasconcelos, essa poesia...
Obrigado Célio


Veio-me uma inspiração e saiu um acróstico em homenagem:
 
                        HERMÉLIO
                                                            CHV
Hoje já morri e deixei o aspecto  físico desta terra,
Espero, não como pessoa, continuar a subir a serra.
Renasceu em mim a ideia antiga da sutil libertação,
Meu irmão, calado, estimulou a  força  do  coração.
É uma oportunidade  em  direção ao núcleo central,
Luz  e  amor trazem uma  sublime irradiação astral.
Imensa  alegria  por receber convite na última hora,
Ordem invisível  é  este  mundo  onde  estou agora.
 
Abraços,
Célio.


8 comentários:

Max disse...

Sabemos que neste momento difícil as palavras pouco confortam, são etapas da vida que nos custam sempre aceitar, mas eternamente ficam as memórias e as infíndáveis recordações. As minhas sentidas e sinceras condolências à familia!
Max

Roberta Lins disse...

A viagem do Zé Piano.

Olá família Campos!!!!!!
Sou uma das primas de vocês.
- Quem?
- Filha da Sonia Lúcia e do Bebeto.
- Ahhh...
- Qual das duas??
- A Fisioterapeuta.
- Ahhhh, a que atendeu o Zé??
- Esta mesmo.
- E a outra??/ Faz o que mesmo?
- A minha irmã? Sua prima também? É advogada.
- Ah é....e tem o Marcus Vinicius, ne?
- Tem sim, meu irmão. Marcus Vinicius.
- Hahhhh.
...................................
Dia 29 de fevereiro de 2012.

Pego o telefone e ligo pra minha mãe (Sonia Lúcia Campos Lins). Ela chora muito e quase não consegue falar. Parece uma criança.
- Mãe, não chora. Ele estava cansado de tantas limitações. Já cumpriu o seu caminho aqui....agora vai ficar saudável de novo.
- E minha mãe aos prantos: mas ele é meu primo amado. Somos como irmãos.... Quem vai me chamar de Lili Grande????? Todos os que eu amo estão morrendo.....
- E eu: mãe, em que você acredita? Acha mesmo que ele acabou?
- E ela aos prantos: não!! Mas não posso mais trocar e-mails com ele, receber suas cartas e nem conversar com ele mais.

...................................

Este preambulo é para justificar minha mensagem aqui, no blog da família, em memória ao amado Zé Piano.
...................................

E pra dizer que o tempo é curto demais....,
é pouco, principalmente quando esta passando.
Para dizer que o tempo nunca cabe todos os nossos sonhos e expectativas. Não cabe tudo o que gostaríamos de ter feito, visto ou dito. Não cabe nem o que já ficou para trás.
Tenho começado a sentir o tempo agora. E ele tem deixado marcas inexoráveis.
Minha pele é prova disso.
As perdas têm ficado mais frequentes e mais reais, talvez para lembrar o que realmente importa.

Lembro que quando era criança, uma das maiores perdas que lembro foi a de um primo. Lindo, jovem, saudável. Chegava a nossa casa sempre de bicicleta para jogar xadrez com meu pai. O que me lembro dele (já não sei mais se é verdade ou foi o tempo que o desenhou assim para mim) é que ele parecia com as imagens católicas de Jesus Cristo, com os cabelos longos e a pele dourada.
Rogério era o seu nome.

Agora vou falar do Hermélio José.
Zé Piano, para mim e meus irmãos.
Aquele primo lindo, enorme, inteligente....que ia a nossa casa quando éramos crianças e batia papo com meu pai e minha mãe.
Brincava com a gente.
Entrava em nosso quarto e arrancava no colo minha irmã que se escondia dentro do armário, Raquel, a advogada, que tem dois filhos lindos (Felipe e Daniel e é casada com o Marcelo).
E quando íamos a casa do Tio Hermélio e da Tia Anália, casa que achávamos que era mágica....pois a achávamos enorme, cheia de plantas, sempre cheia de gente bonita, de música, de livros, de vozes, de luz...
Era também a casa do Ze Piano. Onde, aliás, tinha um piano que ele tocava para nós e por isso a alcunha.
É.... a vida é curta. Parece ontem....

E mais uma lembrança doce:
adoro animais. E por isso, na minha infância tive vários deles: cães, gatos, passarinhos, peixes, papagaios, tartarugas. Aquelas tartaruguinha pequeninas que cabem na mão.
Minha mãe sempre me dava um casal e quando elas morriam, minha mãe repunha. Mas eu sempre sabia. Afinal, eram as minhas tartarugas. E como eram um casal, sempre tinham o mesmo nome. O nome do casal mais perfeito: Patrícia e Zé, Zé Piano.
E nem sei se eles sabiam disso.....

Fica então registrada ao Zé Piano e pelo Zé Piano, minha admiração e meu amor.
Gostaria de ter estado mais perto. De ter convivido mais....
Achei que ainda dava tempo.
Ainda assim, acho que ele é uma das pessoas mais interessantes que já conheci. Com sua generosidade, o coração cheio de amor a boca cheia de palavrões.

“Boa terra em teus pés, água o bastante em sua semente, bom vento para o teu sopro, fogo em teu coração e muito amor em teu ser.” (J.Y.Leloup)
Roberta Lins

Coutinho Sagrada e campos disse...

Obrigado amigo Max pelas palavras sinceras. São elas que importam, nos trazem calor e consolo.

Coutinho Sagrada e campos disse...

Obrigado, gente, pela participação e carinho.

Coutinho Sagrada e campos disse...

Lindo, Roberta.

Cláudia Campos disse...

Wá, suas palavras são como um bálsamo!

Roberta, me emocionei tanto com tudo que você disse, senti tão verdadeiramente e como nunca a sua belíssima história com nosso queridíssimo irmão! Obrigada!

Silvana disse...

Silvana Coutinho
Tenho um primo chamado Zé. Digo tenho, no tempo presente, pq ontem ele começou a viver. Fechou os olhos aqui e os abriu, imediatamente, na casa do Pai, numa de suas muitas moradas que foi constuir prá nós. Sabemos que esse mundo aqui é apenas uma sombra, e que quando morremos é que, de fato, passamos a viver a verdadeira vida. Me consola saber que não me calei qto ao meu amor e qto ao amor de Deus por ele, a ponto de entregar Seu único filho, Jesus, para morrer em seu lugar para que, hoje, (ou ontem) ele pudesse ter vida abundante. Espero ser recebida por ele tbem, qdo chegar minha vez de ir. Até lá, meu querido!

Coutinho Sagrada e campos disse...

Lindo e serio, Silvana.
Carlos Wagner

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