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sexta-feira, setembro 14, 2012

Poetribulações


Poetribulações
Carlos Wagner

Poetribulções, na lata, é o que fica e cai no mesmo ponto,
perverso ponto de reflexos indigestos individuais, 
indivíduos "ais" de dores do Mundo,
num processo shopenhaueriniano de realismo.
A caminho, sem certeza, na erreza de curvas e retas,
atento, com o olho dos poros da pele eletrizados,
bebendo do que se apresenta aos sentidos alertas.
Abertas passagens para o ser em crise,
atrás de seu íntimo sentido,
essencial domínio do meu eu assustado.
Um menino medroso.

Carlos Wagner

sexta-feira, outubro 21, 2011

Pessoa

Da Minha Idéia do MundoFernando Pessoa
Da minha idéia do mundo 
                     Caí... 
Vácuo além do profundo, 
Sem ter Eu nem Ali... 

Vácuo sem si-próprio, caos 
De ser pensado como ser... 
Escada absoluta sem degraus... 
Visão que se não pode ver... 

Além-Deus! Além-Deus! Negra calma... 
Clarão do Desconhecido... 
Tudo tem outro sentido, ó alma, 
Mesmo o ter-um-sentido... 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

segunda-feira, julho 18, 2011

FLOR-DE-LÓTUS

Rabindrat Tagore

No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.

sábado, maio 07, 2011

Mãe...

Carlos Wagner 07/05/2011

Mãe, mater, mother, matriz de mim, meu jardim
minha cultura, onde brotei e cresci simples
pelas correrias da infância, pelas travessuras,
pelas agruras e ânsias de ver tudo indo bem...
Mãe, meu porto seguro, ouro outro que me dobrava,
me domava e me amava. 
Projetava em mim um homem menino,
voando por entre as cortinas de nossas histórias
acreditando em mim, mesmo quando intuía falsas falas
fiadas unhas de um gato medroso
olhando o mundo e achando-se poeta, na inocência de um não saber nada.
Mãe, seu dia é uma vida, construído em luta otimista.
Mãe, te quero grande no espírito da vida,
vivida com força de índia guerreira.
A saudade é um poema seu sobre o amor.
A saudade é um pouco de lembrança que entorna de mim,
e em torno de nós fica o olhar de órfãos que se encontram,
certos de que tudo foi bom,
foi muito bom!!!

Carlos Wagner

quinta-feira, abril 14, 2011

Incômodo

Carlos Wagner

Um incômodo, um velho cômodo de minha casa interior, em que adentrei, não sei que dia desses...
Algo foi mexido, dores avivadas, asas levantadas sobre meu ser escondido...
O Inconsciente fica de lá, martelando mensagens que eu não decifro,
frases, cestos de roupas mofadas, sujas, guardadas.
E o armário repleto, nem tenho coragem de vislumbrar nada assim tão detalhadamente,
sim, a mente talhada em pequenas tiras, retalhos de alguma novela "brega" de assuntos grotescos. Ou interessantes amores não vividos, ou vergonhas de besteiras ditas ou mesmo feitas...
Fico, fincado em meu ar de quem não está gostando nada da comida, e, com fome, come e come...
É tristeza, é decepção, é desistência, é afobação...é, sei lá o que resolvo que seja...
Fico quietinho, no fundo do cômodo, do quarto, da sala desse albergue barato.
Mas é certo, é opressão, é o coração inquieto, apertado, e os porquês nada revelam.
Só está claro o incômodo, só está clara a minha insatisfação.


Da alegria, fugaz, repentina, "lampejante", dela não me esqueço,
pois ela, como uma amiga fiel, não me deixa agarrá-la, não me deixa medí-la, nem buscá-la...
mas ela está sempre aqui, comigo. E isso me salva....!


Carlos Wagner

domingo, março 20, 2011

Rosa


Rosa

Carlos Wagner
20/03/2011
Procuro-te Rosa,
única, perfeita, Rosa das Rosas,
primeiro amor,
desconhecida grandeza, fincada em minha alma,
doendo no coração, por completa ignorância,
por completa inconsciência,
procuro-te rosa.
Da noite dos tempos, procuras a mim,
só chamas e clamas,
e eu não te vejo, não te entendo, não te alimento.
Em meus sonhos, sonho a ti, te vejo, estranha forma de doçura,
estranho perfume que já "fraguei", flagrando em solidão.
Procuro a ti, ó Rosa das Rosas,
opus de um concerto imenso que não compus,
mas que toco sem parar, ampliando os braços desejoso de te tocar.
Ó Rosa consolo,
amiga, gêmea de mim,
procuro-te,
mas sei que já me encontraste.
Estás logo à porta, devo transformar-me, transmutar-me,
devo abrir a casa para entrardes.
Vem viver em mim!!!!

terça-feira, março 08, 2011

ÀS MULHERES

Retomo aqui um pequeno poema-homenagem, que postei lá atrás.
A elas,
todas as  mulheres,
sem exceção...

Nesse dia que representa um minúsculo momento de reflexão sobre o que nossa civilização tem feito das relações de gênero.


às Mulheres


De repente uma homenagem....

Carlos Wagner - Abril de 2008



Tive de repente uma súbita visão,

Olhei e vi minha mãe,
Olhei de novo e vi minha filha,
Tornei a olhar e vi uma vizinha.



Encabulado, esfreguei os olhos.

Com olhos fechados, ouvi vozes.
Ouvi minha mulher,
Quis olhar,
Ouvi minha avó,
Sem entender, ouvi uma antiga professora.
Fiquei perplexo a pensar,
Minha memória avivou-se,
Pessoas importantes foram sendo lembradas..
Uma tia, uma amiga,
Uma mendiga que ontem me sorriu
E me ensinou um olhar.
Surgiu também o rosto e o corpo de uma mulher num anúncio de cerveja,
Também uma mãe e vários filhos, com rosto contrito a pedir dignidade.



Abri os olhos, corri para o espelho,

Pude ver um mosaico a me circundar,
Giravam imagens, percebi muitas mulheres,
Vi uma creche, vi uma maternidade,
Vi fábricas onde muitas mulheres teciam ao mesmo tempo em que eu as via amamentando,
Costuravam, urdiam planos e gerações.



Meu coração esquentou, surgiram percepções,

Abriu-se em mim um grande amplexo,
Quis abraçar o mundo, muitas pessoas,
Quis acolher muitos filhos e filhas,
Entendi que as mulheres aconchegam
Acolhem, cuidam, amam,
Engendram seres humanos.
As vi gerando a humanidade (essa mulher maior)
Compreendi que ela preserva as gerações.
Quis saber então por que nos chamamos “Homens”?
Talvez a arrogância masculina manipule e forje um Deus homem,
Masculina cultura.
Então, reforçado em mim mesmo,
Ansiei por um equilíbrio real de gêneros.
Vislumbrei um ente humano mais feliz



Carlos Wagner

sexta-feira, outubro 08, 2010

Consciência...


Carlos Wagner
08/10/2010

As mãos se atiram,
palmas, abertas,
alertas acesos,
escassos sentidos,
sofridos, sortidos,
só,  tidos e havidos.
Feridos esforços da grande batalha,
transpor a muralha, que alta se impõe,
dos pensares em bloco,
dos sentires em ondas,
dos fazeres estranhos que transbordam,
afogam a inocência do meu eu culpado.
É preciso,
tomar em goles as ondas,
beber na taça amarga,
o karma instantâneo,
o líquido retorno de espúrias ações
que consciente me tornam
do sub-mundo humano,
burguês de por quês,
e respostas gritadas,
na geléia geral da cultura dos séculos,
desmascarada, 
transbordam em nós,
nos tomam em goles de sofridos sabores.
Agora sei, me sabe bem, me sabe o mal,
Agora, 
fugido pro Egito,
aguardo o momento em que o anjo me diz:
"sai agora, teu inimigo jaz morto por fim.
O trabalho deve começar em mim.

Carlos Wagner

sexta-feira, setembro 24, 2010

hare ramos rare raros...

Carlos Wagner
24/09/2010

Hare agora, hare ramos, árvore cheia até as bordas, portas,
pencas de frutos, pencas de fracos impulsos de volitivas escolhas,
querer crescer para além de um mim pessoal.
Doses de amor, frascos, e frescas polpas dessas frutuosas frutas,
fragrâncias, cheiros de nós, górdios.
Lanço mão da espada...chega a hora de golpear,
hora, hare, hare, ora Cristo, Crishna, multiplas consciências, árduas decisões.
Assim deve ser!



sábado, agosto 14, 2010

Ar


O ar ficou vivo, movimentando-se em todas as direções,
O ar, ah! O ar vive, vejo agora, cheio de figuras as mais diversas,
O ar me vive por inteiro, o ar penetra a terra toda, desliza através de mim.
O ar guarda os mistérios, ele está elétrico, cheio de mensagens,
Ondas que vejo vindo e indo, múltiplas direções,
O ar está quente, mesmo aqui tão frio é o tempo,
Pode chover, molhar minha horta, emperrar minha porta,
Encontrar minha esperança quase morta,
O ar pode explodir, nele podemos respirar sensações,
Ódio, amor, simpatia, aversão.
O ar possui minhas memórias, nossas histórias, nossas muitas decepções,
Mundo afora, tempos idos, tempos novos, eras inteiras.
O ar seleciona fotografias, imagens de gentes, de guerras, de mortos que falam,
Andam por aí a nos atiçar as narinas para cópulas possíveis.
Mediúnicas luxúrias, poesias, cores em pinturas, sons em músicas,
O ar areja os ares, suspensas suposições, artimanhas, medos e preconceitos,
O ar articula os apocalípticos senhores do destino,
rearma os anjos do bem, o campo de batalha prefigura o armagedon,
atmos, feras, abrigos do ser-se e do desfazer-se.
O ar, está possuído de pólos em transe, daqui pra lá, de lá pra acolá e lás outros.
Estou sem ar, estou no ar, estou sem harmoniosas canções,
vestidas de esperanças.
Estou no ar das atmosferas estranhas.
Vislumbro, ao longe, um perto ponto de crise.
O ar traz as respostas no vento, ventre de uma senhora aquariana.
Salvem-nos os índigos, os cristais, os diamantes e a verdadeira Prata-ânimus.
O ar vai chover. Tem que ser assim. Eu vou enxugar minhas vestes, a festa será logo em seguida.
Carlos Wagner

terça-feira, junho 22, 2010

Escreveu, não leu...

Senso de texto e contexto: sensação de quase entender.
19/06/2010
Carlos Wagner

Vou escrever, escrever até ficar impresso em sangue nas tábuas de nossas memórias, akashas, pranchetas etéricas de nossas percepções extra sensórias, tudo aquilo que, estranho, não consigo nem entender, mas que deve ser apreendido pelas nossas narinas cérebro-auditivas, para certificar de que essas coisas nos sabem bem, ou mal. E mesmo assim, vamos dizendo, deixando de dizer, sem muita clareza de que tem que ser assim. Vamos vivendo sem muita certeza de que a dúvida nos enfrenta em cada esquina. Acaso ainda não pensamos nisso?

Vou escrever, escrever, verter, ver e ter dúvidas de tudo que tem que ser dito e escutado íntimo na cabeça, reverberando pelas nossas nucas de medos e cerebelos, bulbos e corações.

 Escrever, até ver onde a escrita se perfura na tábua inconsistente de matéria sutil, matéria que não é matéria, mas é algo parecido com anti-matéria, mater de éteres, mãe de matrizes, perfis e biotipos estranhos de um modelo infinito de coisas que, sem dúvida, vão se desfazendo em materialização, no ar, no armário das disciplinas espalhadas sem ordem, conteúdos de indisciplinas escolares, senso comum de escoladas simbologias de espécies não estudads e nada específicas. Vamos lá, vamos escrever, escrever para depois, nem sei, ler isso e aquilo.

Escrever, ler não sei, mas escrever, até alguém dizer que está tudo meio certo, meio e fim errados, "cerrados", "errertos", sei lá, sabe? Porque o certo se escreve por linhas tortuosas, ásperas, a espera de palavras que tocam a nossa dor de ouví-las lidas para nós que, muitas vezes, nem sabemos ler.

Escrever, escrever, excre-ler o que foi excre-tudo dito, dito e tido como falado, fadado, enfadonhos movimentos de pensamentos fixos na perspectiva infinitamente projetada da civilização soberba dos humanos. Tudo fá-los-á posicionarem-se diante das costas largas dessas praias piratas de nossos mares de palavras, encíclopes orgulhosos de nossas decorebas, onde quase nos afogamos enciclopédicos, antes de chegar lá, nadando, nada dando, nada dito, nada tudo solto, outonos pós verão. Será que veremos mesmo? É o começo do fim, o com-fim do fi-rin-fin-fin. Assim, confinados em nossas prisões, enfim, vou escrever, mesmo sabendo que, se escreveu e não leu, o pau virou palco de absurdos. É a vida viva vivida, dádiva da virada. Sim, porque tudo deve ser mudado. Pois do contrário, permanecerá a escrita, o tabu, tambor do tempo histórico, que bate, bate, bate, e marca o tempo e o compasso, ritmo da vida humana.

E o coração explode!
Carlos Wagner
  

quinta-feira, maio 27, 2010


Ser grande
Fernando Pessoa


Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Fernando Pessoa

sexta-feira, abril 16, 2010

Giratória conversa convexa se anexa...


Giratórios 
Carlos Wagner


Longo lá longe louco sufoco
bolo no lobo bobo no tolo
bala não cala mala não fala
fia na fila filha não falha
falta navalha farta na farsa
frente no frete flerte no flat
frota na folha fanta na fália
lento momento  relento rebento
esclama desgrama irrompe na rampa
rapina por cima por sina se afina
e mina essa fina abaixa essa crina
corrige que é hora demora sincera 
abafa esse berro encerra essa trama 
no erro do termo do terno e do ferro
do ermo vazio lugar que faz frio
firula enrolada embolado na fala
comendo escrevendo não lendo no lero
não leram não viram ouviram mas riram
saíram contentes com dentes à mostra
trocados em troncos em brancos os broncos
trancados sem trancas sem transas e transes
seus medos medidos mordidos feridos
seus lábios larápios sussurros errantes
seus trânsitos sítios cidades citadas
andaram excitados  gritaram por todos
os sábios os bobos os bofes e os bifes 
brandindo bandeiras suas dores humores
pesando pesares  mostrando penares
suas dores suas cores temores tumores
contaram seu causos beberam seus caldos
afogaram e fungaram dormiram e esqueceram
acordaram no zero selaram suas éguas
partiram mil vezes de novo no lombo  
Apagou o apoquento passou o momento
no longo devir, deviam de vez, ao invés, se lembrar
que longo, lá longe, se é louco outra vez.
Carlos Wagner

terça-feira, março 30, 2010

Hora agora



Hora agora
Carlos Wagner


Tarde, noite dos tempos, olhares obtusos,
confusos, parafusos, usos e rodas, fusos a fio,
pavios que curtos, iminência de avançadas horas,
horários e fusos, confusos,
usos em vícios, visgos em tudo,
invertidos ponteiros, apontam que horas? ora bolas...
Laços, nós górdios, sós, nós, cada um, cada dois, cinco, cada mil,
milhas e tempos do tempo.
Nós todos mexidos, mexericos, conversas noturnas,
imagens soturnas de imaginários globais,
proféticos alarmes, projetos de alardes,
fins de tudo, 
do mundo, do fundo, do raso e da razão,
razoáveis argumentos,
fermentos de um bolo, pós-modernos incrementos,
momentos,
mesmos relógios, girando e gritando,
alertando para confusos tempos onde a tampa se abre,
escancara as entranhas, estranhas essências,
emergências, elixires de medo, raiva, dúvida, lutas, desejos contritos,
confusas "querências", demências normais,
abusos de confusos saberes.
Tudo roda, tudo ronda, aqui e ali, um anseio,
e o fuso da bruxa, que fia, desconfio, mexe no tempo,
"kairós", desejos de um tempo fora do tempo,
pois o "kronos" é roda, é vício, de novo,
se vinga de mim, de mentira em mentira,
me tira do sério, risível pranto,
de pronto um momento,
lamento esse muro, lamento esse nó,
aperto no peito,
lamento entre nós,
eu e você e eles todos,
toldados por sombras, 
escondendo o Sol,
nascido mil vezes no alento da vida,
querendo vingar na primavera de uma Rosa Única.


Carlos Wagner

domingo, março 14, 2010

Sobre o pensar...

Pensamentos
Carlos Wagner

Pensamentos,
esculturas da consciência,
imagens vitais poderosas, rosas abertas de perfumes variados, cheiros e formas,
cores e sentidos, aspectos e forças.
Teus alentos para o bem ou para o mal,
bem parecem neutros,
porém, independente de o saber ao certo,
dedico-lhes meus atos mágicos,
me enredam ou me livram,
me impulsionam, sem culpa,
automáticas engranagens.

Acorda, minha consciência...
desperta em mim o juri,
levanta a apreciação precisa.
Avalia com justiça o caminho das forças,
o arregimentar das nuvens.
Vê se chuviscos, temporais ou tempos secos se avizinham!
O caminho, mesmo que inóspito à sua frente,
a travessia do deserto, aponta para a terra dos livres.
"Acautela-te, ó homem forte, pesquisador do real!
Sabei dos perigos de um retorno às "panelas do Egito" - são carnes os alimentos,
são éteres da natureza da morte -
Olhai em frente! Vê a vida do Universo da Vida.
Vê a escada do plano para Adamas,
Vê que a senda dos deuses engendra novas esculturas - Pensamentos Vivos da criação,
Liberdade!
Carlos Wagner

E Gil diz em Tempo Rei, tempo que já está aí...:

"Pensamento!

Mesmo fundamento
Singular do ser humano
De um momento, para o outro
Poderá não mais fundar
Nem gregos, nem baianos..."

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Rabindranath Tagore

"O Gitanja'li" - 28
Coleção Rubáyaát - Traduç~/ao de Guilherme de Almeida, 5ª edição - José Olympio, 1950

Tenazes são os obstáculos, mas dói o meu coração quando tento vencê-los.
A libertação é tudo o que desejo, mas tenho vergonha de esperar por ela.
Tenho certeza de que há em ti um tesouro inestimável, e que és o meu melhor amigo; 
mas não tenho coragem de varrer a quinquilharia de que o meu quarto está cheio. 
O manto que me cobre é o manto de poeira e morte; 
odeio-o, mas abraço-o com amor.
Pesadas são as minhas dívidas, 
enormes as minhas faltas, e a minha vergonha é secreta e grave;
mas quando venho reclamar o meu bem, 
tremo com medo de que seja atendida a minha súplica.

Tagore

quinta-feira, janeiro 14, 2010

É tarde...


...é tarde...
que da noite, oito toadas das muitas mutuas horas rasgadas,
das puras putas púritas, Anas e tantas outras abocanhadas
acanhadas e prontas,
vestidas de tudo o que se pode despir,
rir, ir a híbridos assuntos noite adentro,
trocando, trotando, trocentos e tantas vezes,
movimentos sucintos e sucessivos, uivos na noite.
Oito badaladas, bandas e lados, de todos os sentidos
ditos, toscos, cósmicos, cosméticos...
Que da noite, do alto se via, se ria, se media
pedaços e cacos de uma miríade de sentimentos
confusos e comprimidos dentro do cordato coração,
atormentado, atordoado, a dizer, "fica mais um pouco..."
mais um copo desse corpo de delitos, delícias, de ilícitas branduras.
Acorda, é hora, acordes em tons e compassos buzinam,
minha cabeça roda,
cantarola lembranças que da noite se lembrava,
da noite em que estive aí, estava aí,
apesar de, desnorteado, achar que não devia estar.
Tarde percebi, toleraste-me mentindo,
dizendo, "volta à tua rua, ao teu meio, à tua aldeia,
exorciza tua alma desse querer insano".
Acordei acordado, ensopado,
gemendo surdo, baixinho,
que da noite os sons são estranhos, entranhas e os vultos machucam,
as cores são pardas...
...é tarde!
Carlos Wagner

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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