domingo, outubro 05, 2025

Vento e Espírito




Vento e Espírito

Carlos Wagner
Estágios, passagens, processos
percepções esvoaçantes
o pensamento se fragmenta
não pousa e nem se repete
tão rápido, não se faz memória
como roupa que se troca
a cada agora
visto e me dispo
arisco, corro risco
Ora cisco, ora misto
insisto, como o vento
não sei ao certo quem sou
pois não entendo de estética
formas e nem costumes da moda
mas sei que sou
e outros me dizem, me pintam
se referem, julgam, me enquadram
quase capto o perfil
mas eu fico no sentido
dor, prazer, tensão, relaxamento
e sei que sou vento e espírito
esvoaço sem forma
busco a rota, a meta
Um ser em lótus, vislumbro
ancião, na gruta coração
observa manso, sem pressa
me espera há eões
tempo incalculável, incansável
me acena por eras
nos buscamos desde o início
sempre soube dele, desconfio
sem compreensão clara
da dimensão de seu Amor
Vento e Espírito

Ai de nós


 Ai de nós

Carlos Wagner
Aqui, ali ou álibi
habeas corpus
"Opus mundi"
"Intra corporis", corporativos
adendos , adentro e ardente
data vênia, dados inertes
descobertos, revelam ausência
infrequência, inconsciência
Insistência e tola inocência
Pré definitivas querelas
quer elas sejam
"in dubio pro reo"
pro céu ou fel
quer nunca delas se duvide
não protegem santos
nem culpados
ou dolosos atos desenhados
taquigrafados, combinados
mais que marcados no "akasha"
Memória inflexível
"Habeas" deuses néscios
eões e milhões de rebeldes
decaídas potestades
arcontes e agarrados
fatais prisioneiros
Carreiam espírito de contenda
deidades purgantes em hades
que julgam ser, si mesmos
algozes e escribas de leis de si
seus próprios "abogados"
doutores de causas frágeis
defensores ou "persecutors"
persecução ou, data vênia
executores de martelo infalível
Quem escapa?
Para além dessa região conflagrada
envenenada por maçãs e serpentes
bruxas, belzebus e sacis
Ali babás e ladrões
pastores, mestres e gurus
muito além desse jardim insano
nos chama, sim, fogo alto
uma única possibilidade:
um portal, já foi dito
de estrada e entrada estreita
Sua passagem não negocia
não pode haver bajulação
não anistia um sequer
não se evoca títulos
nem se compra com rezas e orações
os mitos são frágeis e friáveis
qual miragens de areia
Ninguém é santo ou demônio
são só prisioneiros inexoráveis
das grades de suas próprias ilusões
em trajes de reis ou
roupas rotas que mostram
suas orgulhosas humildades
de egos negociantes, pobres
Chegar ao portal...
antes mesmo
tudo precisa ser abandonado
exige a porta estreita
poderemos atravessar
e nenhum anjo ou deus barbudo
nos atravessará por benevolência
a chave da passagem, a senha
regula e orna com pureza
a pureza do ser/não ser!
E nós?
Somente quando "Sisifo"
abandonar sua amada pedra
e sua maldição!

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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