Ah! o amor,
que fruto estranho é esse que embriaga
tira-nos partes da razão
afoba-nos
remoça-nos
nos tira do controle
nos toma de gato-por-lebre
tira uma virgindade da inocência (pleonasmo)
mas é...mesmo assim
fundamento de tudo, base de tudo o que o homem faz
base dessa civilização cheia de contraditórios processos
cheia de ódio, seu irmão gêmeo,
ah! o amor, que só não se basta
carrega à tira-colo a reação a tudo que é ação,
carma e darma
bem e mal
bom e mau
noite e dia
morte e vida
medo e coragem
tudo duplo, enfim,
equilibrando uma vida polo-a-polo
começo meio e fim "ad infinitum",
Será esse o verdadeiro CARITAS UNIVERSAL?
Há dois amores?
Sinto que sim, sinto
sinto que cintos se partem, tempo poderoso, Rei, disse o Gil,
"vejam como as águas, de repente, ficam turvas!""Ensinai-me, ó Pai, o que eu ainda não sei,
transformai as velhas formas do viver",
ah! o amor, estranho ser entre nós, tão perdidos nessa estrada...
devorados pela esfinge por não termos decifrado seu enigma, seguimos...
todo garbosos, desconhecendo as chagas abertas em nossos corpos fatigados,
chorando, porém, pretenciosamente orgulhosos de nosso amor menor, incapaz de trazer a paz.
Que venha o despertador desassossego!
Wá