terça-feira, setembro 26, 2006

Meus Caminhos
Anália Coutinho Campos

Por onde andei nos idos de 30? Que caminhos percorri?
Percorri lindos e floridos caminhos!
Era sempre de manhãzinha. A estrada, estreitos trilhos de terra, entre moitas de capim-gordura. Até hoje tenho a sensação do roçar daqueles ramos, salpicados de orvalho, tal qual pedrinhas de gelo.
Esse caminho que percorria, todas as manhãs, levava a uma Chácara que meu pai possuía em Santo Hilário, pequeno arraial às margens do Rio Grande, no Município de Pium-i, antes, e hoje, Município de Pimenta, no Sudoeste de Minas gerais.
Saíamos, eu, minha irmã Loló e uma de minhas primas, Marina, acompanhadas de Tia Leopoldina.. Íamos nadar no pequeno córrego que ficava no terreno da Chácara. Nós o apelidamos, carinhosamente de "O Poço". Sua água era fria e cristalina; uma delícia o seu contato em nosso corpo jovem!
Naquela época, o tempo, no inverno era frio de verdade! Não existia, ainda, o ataque pernicioso do homem cortando árvores, poluindo águas e destruindo com isso, as nascentes dos rios e modificando as Estações do Ano...
Era uma verdadeira alegria quando saíamos de casa, antes do sol se levantar e percorríamos aqueles mil metros até o Poço. Passávamos por uma porteira e seguíamos pulando e cantando! A terra era vermelha e nossos chinelinhos ficavam da cor da terra.
Não nos incomodávamos com isso, nem com o roçar do capim-gordura em nossas pernas nuas! O cheirinho do mato molhado enchia nossas narinas de um perfume incomparável, perfume esse que até hoje não conseguimos encontrar em nenhuma loja de essências.
Outros caminhos maravilhosos percorremos... A ida às cachoeiras do Rio Grande, pela estrada de terra poeirenta na seca e barrenta, nas chuvas!
Essa estrada que ia em direção de Guapé, passava por uma serra e lá do alto avistávamos a cachoeira com suas águas espumantes, pulando de pedra em pedra parecendo querer chegar, depressa, a um importante lugar... E nossos olhos infantis se deslumbravam vendo, sem compreender, aquela beleza!
Mas o tempo passou. O progresso chegou, e os caminhos que percorri na infância foram cobertos pelas águas do Rio Grande e de seu afluente Capetinga, para a construção da Usina de Furnas, na cidade do mesmo nome.
Hoje, morando em Belo Horizonte, lá voltamos nas férias ou feriados, ao novo arraial construído ao redor do cemitério antigo, único lugar que não foi atingido pelas águas, pois fica num ponto bem alto da serra. Procuramos em vão encontrar os nossos caminhos percorridos na infância... Onde a Chácara, o Poço? Onde os trilhos estreitos, poeirentos, rodeados de capim-gordura, com gotinhas de orvalho como pedrinhas de gelo, a roçar em nossas perninhas desnudas? Onde a cachoeira com suas águas espumantes, - saltando de pedra em pedra, a procura de um misterioso lugar?
Desapareceram no roldão do Progresso... Foram cobertos, destruídos pelas águas dos Rios!

sábado, setembro 02, 2006

O que é los hermanos?

Los Hermanos
Marco da nova música brasileira, Los Hermanos faz música sem conceito e sem regras. Só boa.
Uma banda de rock alternativo que tem músicas gravadas por cantoras de MPB? Uma banda de MPB que faz rocks tão bons quanto os melhores momentos de bandas como Strokes? Uma banda brasileira, de nome latino, que já teve uma música gravada tanto por George Harrison como por artistas de forró? Uma banda de hardcore que faz referências a Tom Zé e toca com Belchior?
Los Hermanos não é uma banda fácil de classificar. E essa é uma de suas melhores qualidades. Formada pela dupla de compositores, guitarristas e cantores Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, mais o tecladista Bruno Medina e o baterista Rodrigo Barba, o quarteto (que geralmente se apresenta com o baixista Gabriel Bubu mais um naipe de sopros) é cheio de idiossincrasias.
"Quando pessoas se juntam, seja para montar uma banda, para casar ou para fazer um país, é por afinidade, pelo que há em comum. Mas, a partir disso, a riqueza é a diferença, o que um tem e o outro não, aquilo que pode mudar o olhar do outro", observa Amarante.
Juntos há quase dez anos, a banda passou por tantas mudanças em seus quatro discos que uma hora ficou claro:mudar é o seu natural. Com talento para composições, arranjos, letras e criatividade como há muito não se via, a banda se tornou espécie de marco: canções regravadas por outros artistas, dezenas de milhares de discos vendidos e shows lotados por todo o Brasil confirmavam, estava ali a maior banda do Brasil em muito tempo, e a maior banda da nova música brasileira.
"A música brasileira não tem nada de pureza, está tudo no olhar", comenta Amarante sobre as muitas diferentes influências que resultam na sonoridade da banda. "O brasileiro coloca tudo na mesma prateleira, não tem hierarquia. Isso é uma inocência valiosa, esse descompromisso, essa mistura é o que há de mais brasileiro. Nós não temos nenhuma obrigação de ser mais brasileiros do que já somos. As coisas boas têm essa incoerência, têm signos que se contradizem." Com seu álbum mais recente, "4", produzido pelo músico e produtor carioca Kassin, a banda parece ir em busca de destinos ainda mais amplos: novas sonoridades, novas experimentações, novas sensibilidades. "Quando a gente faz música, nunca parte de um conceito", explica Amarante. "As coisas acontecem de forma natural e o conceito a gente descobre depois. Eu quero deixar música pra mudar a vida das pessoas, pra ser apreciada no futuro? Secretamente sim, mas a gente não faz música assim, pensando nisso."

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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