sexta-feira, março 20, 2015

Enviado por Paulo F.



. Hannah Arendt,
o perdão e Israel

 O autor fala de Israel, mas a máxima poderia bem ser aplicada ao Brasil. Do Diário de Notícias de Lisboa Vingança ou perdão por Viriato Soromenho Marques Foram precisos dois milénios para que a categoria cristã de perdão fosse transportada da teologia para a política. O autor da proeza foi uma mulher, a filósofa judia Hannah Arendt. Ela explicou na sua obra magistral, A Condição Humana (1958), que o perdão é um remédio para a "irreversibilidade". Na ação os seres humanos produzem, mesmo sem o desejarem, resultados que podem ser terríveis para os outros, desencadeando uma dinâmica de ódio, previsível como uma lei natural ou um relógio suíço. A vingança prende vítimas e ofensores, cada um trocando de posições em cada etapa de retaliação, a um ajuste de contas infinitamente sangrento. As eleições em Israel podem ser sempre medidas por este balancear entre a vingança, que prende ao passado, e a remota possibilidade do perdão. A história de Israel e dos palestinianos tem sido a da previsibilidade da vingança. A mãe e seu filho, vítimas colaterais de um drone israelita contra Gaza. Jovens estudantes israelitas despedaçados por um bombista suicida numa paragem de autocarro em Haifa...O perdão em política, regressando a Arendt, significa desfazer as grilhetas do ódio, libertando "tanto aquele que perdoa como aquele que é perdoado" para a possibilidade de criar um futuro. O Likud e Benjamin Netanyahu, mergulhados num discurso de hostilidade racial, representam o prolongar da rotina da vingança, até uma qualquer implosão sem regresso. Do outro lado, a União Sionista, liderada pelo trabalhista Isaac Herzog, e a Lista Conjunta das quatro formações de árabes israelitas, representam a possibilidade de um diálogo novo dentro do próprio Knesset. Separando, como queria Theodor Herzl, a identidade cívica da religiosa, defendendo um Estado de Israel aberto a todas as crenças e origens nacionais, sem pulsão teocrática ou militarista. Talvez, começar por dentro uma rota para a paz.

Nenhum comentário:

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

ShareThis