terça-feira, junho 25, 2013

A partir de nós...!

Saiu no Alecrim


É verdade! A indignação é justa. Mas cada um que ponha a sua consciência à frente e saiba que mudamos o mundo mudando a nós mesmos! Pequenos deslizes éticos, pequenas artimanhas, mentirinhas, tudo isso forja um povo condescendente. Sempre achamos que podemos pegar leve e relevar possibilidades de que coisas erradas estejam acontecendo ao nosso redor. Furar fila em shows, em bancos, passar nossos documentos na frente, dar propina pra funcionário público, comprar simpatias com presentes, fingir estar com mais dor para ser atendido em hospitais e clínicas...jogar o lixo do nosso carro na rua, desobedecer sinais fechados, botar som super alto em carros e casas e festas, fazer passeatas e impedir a circulação do trânsito dizendo pra si mesmo que tem que ser assim, desconhecendo ou fingindo desconhecer que pode estar impedindo alguém de cumprir seus compromissos, e tudo em nome da NOSSA causa justa. E por ai vai. Quem quiser completar essa lista, ela pode chegar bem longe...!
É, temos que rever muitas coisas antes de sair achando que nossas reivindicações são os nossos direitos acima de tudo, até dos direitos dos outros.
Comece também por não vota só em amigos, em celebridades, em queridinhos da mídia, em radialistas, em presidentes de clubes, jogadores de futebol ou só por isso, etc...E em tudo, direção de escola, associação de bairro, condomínio, vereador, etc...Já estão falando até em botar o Joaquim Barbosa na presidência..só porque vem falando o que o povo quer ouvir, ou só porque fez o seu trabalho...Será que ele é tão justo assim???? É o santo da vez? Eu não sei! A história dirá!
Não esqueçamos também de que os interesses dos grandes e dos milionários, dos que detêm o poder, estão também sendo referendados por mídias corruptas travestidas de "liberdade de expressão", com interesses terceiros, nada confessáveis! Mídisa e rádios que só pensam em vender comerciais. Elas também gostam do poder, nem sempre o Democrático! Que dirá então dos empresários que corrompem o sistema, as pessoas, os políticos, intermediários...os jornalistas, os juízes, "and so on".
Pensemos nos brasileiros que acham que o "primeiro mundo" é que é a sociedade ideal, e a nossa, ah, a nossa é escória da escória da escória...!
E as religiões? Seus dogmas e ritos, seus mestres e santos, suas crenças e ídolos, devem preponderar sobre as outras confissões? Sua bíblia, seu Alcorão, seus evangélios, seus livros sagrados são mais sagrados do que os das outras religiões...E quando entram na política, será que não querem um mundo de concepção religiosa única e com uma única adoração?!? Será que não vão querer subsídios dos governos para seus próprios cofres?

Vivas às marchas, mas sejamos solidários e cuidadosos com tudo que é do outro, com os nossos semelhantes e diferentes, e com as nossas cidades, onde a vida deve ser cotidianamente vivida em batalhas pessoais dignas e duras!!!

Esse texto pode não ter fim...

segunda-feira, junho 24, 2013

Mais uma conversão...


Los Hermanos e a velha discussão sobre MPB

Com o aparecimento da bossa-nova de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto e, um pouco depois,  com o surgimento da jovem guarda de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia, houve uma cisão na música popular brasileira. A partir daí, o fundo de toda discussão sobre música brasileira seria se tal canção tinha mais ou menos poesia, se era mais ou menos apelativa para as massas, se continha requinte na composição ou se era simples e superficial. Não é difícil, ainda hoje, você se pegar defendendo um dos lados em uma discussão que tem 50 anos. Em alguns casos, como o meu, por exemplo, você pode se pegar trocando de lado de uma hora para outra.
Eu odiava Los Hermanos. Eu nunca havia ouvido Los Hermanos. Eu odiava mesmo os fãs de Los Hermanos, porque eles são fundamentalistas como os fãs de Geraldo Vandré, e eu não ia perder tempo ouvindo algo que eu considerava uma besteira, uma atitude exótica e pós-utópica de jovens aspirantes a intelectuais como eu. Todas as pessoas que eu julgo inteligentes gostavam deles, mas eu resistia bravamente, afirmando que era uma música desnecessariamente hermética, incompreensível. Mas aos poucos eu fui ouvindo, e fui simpatizando, música atrás de música,  com eles. Aos poucos, já me sentia mais seguro para emitir opiniões como “Marcelo Camelo é melhor compositor que Rodrigo Amarante”, revelando, aqui, a velha discussão “poesia bossa nova versus atitude rock”. Tudo sempre volta ao mesmo ponto, desde os festivais.
Quem é mais alienado, Camelo ou Amarante? Quem compõe melhor? Por que eles têm fãs que os seguem feito uma seita, uma religião? São perguntas que me faço, cabisbaixo com meus fones de ouvido. Eu pensava nos festivais, na bossa nova, no Chico Buarque, na jovem guarda, na pilantragem de Wilson Simonal, no samba rock do Jorge Ben, na Tropicália, no rock dos anos 80 e depois vinha aquele vazio. Eram muitos os caminhos para sonho nenhum. E eu pensava que já era hora de sair da análise formal das canções e voltar a pensar em velhos dilemas, porque a obra dos LH não passará incólume na história da música popular brasileira; até um ranzinza como eu já havia percebido isso.
A resposta era clara, mas a dificuldade de compreendê-la é porque não voltamos os olhos para os antigos dilemas. Ora, se a música brasileira foi rachando à medida que a História foi rachando, era óbvio que o entendimento da história de nossa música popular baseava-se em um mundo bipolar, dicotômico, extremista. Nossa visão sobre a produção artística ainda é o “alienado” versus“engajado”, o “poético” versus “popular”, termos antigos que atrapalham em certas aplicações. Por exemplo: é inviável considerar LH uma banda alternativa por estar fora dos tentáculos das gravadoras, porque você desconsidera que há discussões amplas sobre a obra. Quando alguém é alternativo ninguém comenta nada. O artista é alternativo. Ponto. E Los Hermanos é uma unanimidade, pelo menos nas classes A B, e mais entre os jovens, assim como um velho garoto de olhos azuis, autor de “A banda”, e lá se vão 40 anos. Por isso, só podemos compreender a breve mas impactante obra dos Hermanos se fecharmos  alguns dilemas ideológicos do século XX. Porque eles têm a poesia e o requinte do Chico Buarque, a delicadeza e o falar baixo de João Gilberto, a energia explosiva da jovem guarda, o espírito carioca e malandreado de Simonal, o flerte do rock com o samba de Jorge Ben, as letras nonsenses da Tropicália e o despojamento do rock brasileiro dos anos 1980. São pós-tudo porque beberam em todos. Há várias maneiras de se fazer MPB e eles preferiram todas elas.
De alguma maneira, conseguiram reunir a complexidade de uma geração que não soube que sonhos deveriam ser abraçados e que, portanto, não abraçaram nenhum. Ao menos, nenhum sonho do seu tempo. Os jovens de esquerda, liberais, cultos, o adoram. Os mais fechados e conservadores o respeitam. Não importa: eles foram a trilha sonora de uma história sem fatos. Há muito amor por aí na gente de vinte e poucos anos e a sensação é a de que esse amor só foi dado sob as músicas dos LH. Agradeçam aos barbudos não ter sido uma década tão em vão assim…
Arquivado em Música

sábado, junho 08, 2013

Escrevi...

Escrevi...
Carlos Wagner

Escrevi que estava na minha cabeça uma ideia nova sem me perguntar onde vai parar a minha tristeza com o humano. Escrevi, e não pude ler nas páginas do meu olhar interior que as coisas sempre ficam entre o ontem e o amanhã, e que o agora é muito rápido e eu não consigo captá-lo quase sempre.
Escrevi que as letras vão ficando rebeldes pra não seguir na ponta do lápis aquilo que eu quero falar...Quem lê o que eu nem consigo dizer?
Quem se preocupa com a vida que nem sempre é uma porta de saída dos mundos sombrios da rotina sem piedade que nos acomete no dia a dia, e que descobrimos, lá na frente, que está tudo por um fio...está pra arrebentar e se perder no espaço sideral aquilo que é mais precioso na nossa existência...o saber claro, mas quase imperceptível, que nos salva da vida sem amor...
Como diz a canção, "o Amor está no ar...". 
Então basta respirá-lo...e encher a cabeça com essa substância revolucionária que apaga os pensamentos com os quais o meu  ego se identifica e por isso acha justo permanecer no ordinário percurso de vida com sentido duvidoso.
Chô, vida besta!
Escrevi que li nos livros vários que a vida é mais do que simplesmente estar vivo, se safando das armadilhas e dos buracos éticos que sempre nos assaltam e que nos levam a uma volta funda no fundo das nossas culpas...
Escrevi e quero ser alfabetizado nessa escrita de mim mesmo, para saber o que o Amor sabe, o que o Anjo de olhos mortos do começo sussurrou em meus ouvidos da alma...
Escrevi em letras garrafais mensagens que lancei em garrafas ao mar...alguém poderá lê-las...Não importa como nem quando, não importa nada. Só importa achar a porta de saída desse Show de Truman!
Carlos Wagner

sexta-feira, junho 07, 2013


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por zcarlos ferreira em 06/06/13 22:30
http://www.amigosdepelotas.com.br/uploads/imagens/YSjAiD.jpg 
Esperança para muitos de dias melhores na política no Brasil, a provável candidata à Presidência Marina Silva viu-se envolvida numa polêmica ao dizer que o pastor e deputado Marco Feliciano é criticado “por ser evangélico e não tanto por suas posições política”. Face às reações, a ex-senadora foi obrigada a esclarecer melhor sua frase, mas fica a questão sobre o que significa mesmo ser evangélico e em que medida certos líderes religiosos tem a ver com os atos e as palavras de Jesus. O pastor Feliciano oferece pistas valiosas para uma tentativa de resposta. Especialmente pela eloquente metáfora de um crime virtual que ele publicamente cometeu.
Numa de suas prédicas contra a santidade aparente dos fariseus, Jesus diz que todo o oculto será um dia proclamado dos telhados. Graças à hoje quase divina onipresença de celulares que filmam, esse tempo de onisciência parece ter chegado.
E foi assim que alguns canais de televisão puderam reproduzir uma cena estarrecedora. Durante um culto, o pastor e deputado Marco Feliciano, todo vestido de branco, lamentava não ter estado presente na morte de John Lennon para desfechar mais três tiros no corpo caído: um pelo Pai, outro pelo Filho e o terceiro pelo Espírito Santo. Microfone numa das mãos, revólver imaginário na outra, chegou a encenar para os fiéis como seria o seu ato.
A cena, deprimente, desperta em cristãos mais sensíveis ao que importa a necessidade de rever algumas facetas do explosivo crescimento midiático e comercial de certos grupos evangélicos, e de fazer isso em termos estritamente – evangélicos.
Uma dessas facetas é a relação com o dinheiro. O evangelho de Jesus é claro e radical ao pregar o desapego das riquezas deste mundo – “não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro”. No entanto, recentemente a revista norte-americana Forbes colocou seis dos nossos mais combativos líderes evangélicos entre os homens pessoalmente mais ricos do Brasil. O que não é de estranhar, tal a criatividade e fervor com que o pecado da simonia, ou venda de favores divinos, é praticado em cultos onde a conta bancária da Igreja rivaliza em citações com os versículos sagrados. Neles, os fiéis são constantemente estimulados a fazer suas ofertas, “mas só se Deus lhes pedir isso no fundo dos seus corações, diz o pastor com voz melíflua, como se aquelas vidas já tão vulneráveis estivessem em condições de ficar mal com Deus também.
Outro ponto igualmente delicado nessas igrejas mundanamente tão vitoriosas é a questão do poder. Em várias passagens o evangelho é claro ao dizer que o Reino de Jesus não é deste mundo – “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” é a mais conhecida expressão dessa verdade. Quando, depois da partilha dos pães, quiseram fazê-lo rei, Jesus “fugiu dali para o outro lado do lago”. No entanto, entre nossos líderes evangélicos mais creditados na Forbes, é intensa a participação no jogo político- partidário do país, não como cidadãos, mas acintosamente em nome dos votos do rebanho, formando avidamente bancadas evangélicas como se delas, por força de lei, devesse vir uma salvação que, como o evangelho insiste, é de outra ordem. Qualquer pessoa verdadeiramente religiosa sabe que não é pelo poder, dinheiro, milagres grotescos e truques de marketing que o reino de Deus avança.
Evangelho quer dizer boa-nova e alguns empresários da fé mal desconfiam que, com sua fixação em dinheiro e poder, estão apenas reproduzindo o pior da Igreja Católica em outras eras. Foi ao unir-se ao Império Romano no século IV que ela se desfigurou a ponto de passar séculos sofrendo toda a sorte de interferências mundanas em sua real missão. Foi vendendo indulgências para construir grandes templos que em Roma que ela deflagrou, e mereceu, a Reforma Protestante. A mistura de religião com poder civil sempre se revelou receita infalível de guerras e perseguições sem fim e nem é preciso ser um grande estudioso para constatar o quanto, na história da humanidade, o pecado e a dúvida mataram muito menos do que certo tipo pureza e de fé.
Triste perceber também o quanto essa militância política de líderes evangélicos em nada revela aquela chama sagrada dos grandes profetas de Israel que não temiam enfrentar os poderosos em nome dos mais fracos e mais pobres. O mal, para os eleitos da Forbes, nunca está nas estruturas injustas, corruptas e opressoras. Nenhum deles vai morrer como o pastor Martin Luther King morreu pelos direitos dos negros, ou sofrer como o bispo Desmond Tutu sofreu apoiando Mandela contra o apartheid, ou levar uma bala no coração em pleno altar como Dom Oscar Romero durante a sangrenta ditadura de El Salvador, ou ter de fugir do Brasil como fez a Irmã Giustina por ousar encarar a elite de São Gabriel da Cachoeira que estuprava meninas índias. Por pouco ela não tem o mesmo destino da Irmã Dorothy no Pará.
Enfrentar as injustiças dos poderosos pode pegar mal para o negócios e depois, diria o Pastor Feliciano, aquelas meninas eram apenas umas indiazinhas, não eram negras nem homossexuais. Melhor, então, chutar beatle morto. Melhor lutar para impedir que seja aprovado no Brasil esse grande responsável pela injustiça, a miséria, o analfabetismo, a alta da inflação, a falta de saneamento básico, o descontrole dos gastos públicos e o desmatamento ilegal : o casamento gay.
Jesus se refere a essa magnificação da irrelevância para encobrir o que importa quando diz que os fariseus são mestres em “coar mosquitos e engolir camelos”.
Vale lembrar, no entanto, que, silenciosamente, muitas igrejas evangélicas bem sabem que nada tem de evangélico esse uso de Deus para excluir e perseguir quem quer que seja, ou aquele tipo de pureza que precisa do impuro para brilhar, combater, explorar ou, vestido de branco, matar.
Esses arroubos de ira falsamente sagrada são úteis apenas na medida em que nos lembram algumas verdades bem comprovadas na prática: que nada é mais tóxico do que uma pureza infeliz, que o nazismo era, em última análise, uma forma de pureza e que não precisa esperar muito para constatar que todo o moralista extremado alguma está escondendo, aprontando ou levando por fora.
Mas é reconfortante pensar que nada disso vem do evangelho. Nas palavras e nos atos de Jesus, a fronteira entre o bem e o mal nunca se passa entre raças, seitas, partidos ou opções sexuais, mas pelo coração de cada um, diariamente. O que ele mais pedia aos seus seguidores não deveria vir de fora, das aparências e conveniências sociais, mas de dentro, do coração . E eram coisas bem simples e libertadoras: um amor tão indiscriminado como o sol e a chuva que igualmente vivificam a horta dos santos e dos pecadores; um amor tão eficiente como o do bom samaritano que recolhe (e não chuta) o esquecido à beira da estrada; um desapego radical aos deuses deste mundo, dinheiro, poder e vaidades; uma confiança, nas difíceis, semelhante à dos pássaros do céu e dos lírios do campo; e, principalmente, trabalhar todos os dias e todas as formas pelo advento do Reino de Deus, um reino de fraternidade e paz, a cujo serviço estão, ou deveriam estar, as organizações religiosas em seu nome formadas.
.oOo.
Carlos Moraes é jornalista, escritor e formado em Teologia. Publicou, pela Editora Record: Como ser feliz sem dar certo e outras histórias de salvação pela bobagem, Agora Deus vai te pegar lá fora e Desculpem, sou novo aqui.
No Sul21

Todos novos em Capetinga

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Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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