domingo, dezembro 16, 2012

Cântico de Natal


De Wellington Kalil
Querido Irmão Carlos Wagner, mais que poeta, que vem de lá onde a poesia é incrustada com as cores e as armas da pedra de jade, bem-aventurado das terras de Poetribulações, eu também te saúdo “com o olho dos poros da pele eletrizados “ que linda aliteração essa aí, e ninguém vê? Ninguém consegue ver o que o poeta diz, nem o que a poesia quer dizer: “bebendo do que se apresenta aos sentidos alertas/ Abertas passagens para o ser em crise...”, isso sim é cante barra pesada , a palo seco, como diria João Cabral de Melo Neto, eu toquei a palavra cortante como se fosse o êxtase de uma guitarra, e pensar que mal começamos a viver, e mal sabemos o que está “atrás de seu íntimo sentido”, gosto de ler o que você faz, gosto muito de dedilhar o desenho que suas cordas projetam, ainda que para isso se tenha que entender o “essencial domínio do meu eu assustado./ Um menino medroso”. Que bom podermos moldar o canto com o éter, misturar vento, fogo, terra  e a libido das águas, façamos enquanto é tempo, o quanto pudermos. Então, eu envio o meu cântico: 
CARTA DE NATAL-
Enfim distintos parceiros inesquecíveis amigos sedentos alcoólatras do impecável álcool da palavra e deste trânsito em que faço jus às bem traçadas linhas rebentos do punho matemático desta máquina que ora me assiste
Onde não se desatam dúvidas como nos meus sentimentais garranchos
Através do qual (punho matemático) aproveito para chapar os meus protestos de um Feliz Natal e Próspero Ano Novo como manda o figurino
Faço votos de que o tenhais desfrutado enquanto fruto de boas festas como se fosse carnaval ou um dia de clássico de futebol  
Informo-vos que logo voltaremos ao ângulo da realidade daqui a pouco a casa caiu
                        Fogos de artifício a dança crocante das especiarias na ampola pop dos lábios mesas amendoadas castanholas de beijos e abraços cobertura de sonhos e sorrisos doces assados dourados de dar água na boca serão cinzas cinzas e nada mais
                        Que nada sobreviverá ao buraco negro das vaidades restará talvez um enfadonho clip caseiro no eclipse total de coisa engavetada quiçá impossível de ver rever ouvir
Mas por favor não ignorem o que solenemente e do fundo da minha desconhecida alma eu deixei escapar como um Feliz Natal é que eu me entrego numa poção de cauim com enredo de benjoim onde sangra um rock’n’roll banhado em flechas com zanga de curare
Talhado no venerável alfanje de minha querida mãe Iansã mulher de Xangô
Era tudo o que eu queria era o presente que me redimia
Sinceramente, 
Wellington Kalil 

Um comentário:

Coutinho Sagrada e campos disse...

Lindo, lindo, meu irmão!!!

Todos novos em Capetinga

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Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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