sexta-feira, dezembro 30, 2011

"Aquela mulher" e "Formiga"

Aquela mulher (meu bom exemplo)
Cláudia Patrícia
(Para Anália)
Aquela mulher tinha sonhos
tinia
querelas com a vida escassa
a engrandecia todo dia
todo dia
não parava
não gemia
Aquela mulher pelejava e curtia
Aquela mulher tinha sonhos
de repente
eu era um desses sonhos.
Como eu poderia, então, deixar de sonhar
viver-arquitetar?
Aquela mulher vive em mim
e muito além de mim.






E mais:





Formiga
Cláudia Patrícia
Ando pelas ruas buscando encontrar a casa onde viveu minha mãe, na esperança de nela enxergar alguma marca do que foi sua passagem por aqui. Uma luz e sua sombra entre paredes, uma rachadura no muro que ela, certamente, um dia tentou remendar, uma letra escrita com um caco de telha, seu rosto atrás da janela...
“Cidade muito boa”, dizia. Nunca concordei totalmente. Sem ela, definitivamente. Busco um banco pra escrever estas linhas. A praça é feia e suja, e o verde dos bancos é apenas tinta sobre concreto. Mesmo entre muitos, quem é daqui reconhece os forasteiros, a quem olham com espanto. Ao menos, eles ainda guardam essa capacidade.
É certo que, se eu pudesse, faria do entorno destes canais um lugar aprazível, como se de uma Amsterdam tropical se tratasse. Como possivelmente foi um dia, com sua bela vegetação ribeirinha, frondosa, natural, agreste... Se eu pudesse, salvaria este rio, faria esta gente ver quão belo ele é, implantaria em sua pele uma vontade, uma mania, um ideal inexorável de cuidar dele e amá-lo, o que seria o mesmo. É claro que manteria os seus pitorescos quiosques pintados de verde à sombra de suas margens, um pouco mais limpos, talvez, e menos pobres de tudo, mas sem que perdessem sua autenticidade e seu charme, e somente para fazer jus ao rio renascido. “Cidade muito boa”, eu mesma diria.
Mas a cidade é porca, as pessoas são porcas, e minha única esperança é de que todo esse descaso e inconsciência não se instalem na mágica Capetinga (Santo Hilário), “muito boa”, sob cujas atuais águas nasceram oito belas mulheres, filhas de Maria (Dona Cota) e João, dentre elas, minha mãe, “muito boa” e cheia de luz!

sábado, dezembro 24, 2011

Natal



Natal
 Tereza Neumam
Fortaleza



Não obstante o homem estar,
No presente, como há eões,
Em peregrinação constante
Entre o passado e o futuro,
Entre o material e o espiritual,
Entre a ilusão do velho e a ilusão do novo,
Entre o sonho do que foi
E o sonho do que será,
Urge que nasça o verdadeiro homem,
E que nele tudo isso transmutado seja!...
Que da exclusão parta para a inclusão,
Que do dividido e da subtração
Em que o eu impera, passe
Para o somatório e a multiplicação
Que somente a Alma gera!
................................................................................................
Não obstante o homem
Estar no presente, como há eões,
Pelas polaridades dividido,
Da eternidade assim subtraído,
Urge que, através de toda a diversidade
Conseguida e tão intensamente revivida,
À unidade chegue em auto-realização;
E para isto, hoje, no Campo, todas
As possibilidades aí estão!
.................................................................................................
Urge que abramos o caminho para isso,
Urge que silenciemos e transmutemos
A diversidade de dentro através do fora,
A diversidade do fora através do dentro;
Urge que assim a unidade partilhemos,
No silenciar de dentro para fora,
No silenciar de fora para dentro;
Urge que do sonho nasça a Realidade,
Que do velho Adão, peregrino até então,
Surja o novo Adão, nasça o novo Homem,
Realidade vivente perante a qual,
Todas as nossas realidades perecem
No esquecimento do não ser!
..................................................................................................
Saudemos, portanto, o nascimento do Novo Homem,
Do filho de Deus, do filho do homem,
De Jesus em nós mesmos,
Para que a Humanidade enfim,
Verdadeiramente também possa fazê-lo!
Que o Natal, possa assim,
Se efetivar em cada um de nós!!!

                                                                Jarinu-SP, 19/12/2003
                                                                     Tereza Neumam

domingo, dezembro 18, 2011

e-mail de poeta

 Kalil, me desculpe, mas vou postar seu e-mail, que é pura poesia...
Com certeza!!!


Juntamente, segue sua poesia, um presente... "Num arranjo arrojado
De tal modo celebrando a nossa madrugada"...lindo também, meu mestre.
Valeu, POETA. Abraços
Carlos Wagner
18/12/11

Caro Poeta Carlos Wagner, 
boa noite,
como a maioria do povo brasileiro eu detesto ler tanto quanto escrever, ser poeta é pior ainda, malditos sejam os poetas e suas rascantes assinaturas que trazem à luz nossos piores pesadelos e nos ensinam a cicatriz, amuleto que batalha em nós, com intenção de morte, aquilo que é morte, não obstante, às vezes me perco em algum poema, enquanto Belo Horizonte não acaba. O que virá a seguir, foi selecionado pela Editora Scortecci, e faz parte da Antologia do II Concurso de Poesias da Revista Literária. A propósito, bem-aventurada seja a sua Verve quando diz: “...de dar o salto para o novo ovo de uma explosão de nova vida... Então descambas para a espera nervosa, nervosos lábios aos gritos lançando-se aos ritos, mitos, mil tons”, já  valeria a leitura de tão inteligente e charmosa poesia que vc intitulou “A Hora Do Agora”, mandou bem,  recomendo aos brasileiros e brasileiras.

Nesta hora, declino o meu Blues, conforme entendimento numa fria encruzilhada perto da não menos fria Ouro Preto, de hum menor poeta ao poeta maior:

MERA MADRUGADA 
Kallil

Ontem
Desde hoje de manhã até ontem de madrugada
Eu me buscarei perdido em teus delírios
            E mais perdido ainda quando por fim olvidar
            Um coração batendo coração com coração
            Madrugada adentro
Quando enfim chegar ontem finalmente
Antevejo um  bouquet garni vinhos violinos flores tintas flautas agridoces
Brotos de bambu e um punhado de arroz no grão acolhedor das mãos
O tapete persa reencarnado aqui e ali como se fosse aqui e ali
Ao som de cítaras indianas e pandeiros ciganos
Num arranjo arrojado
De tal modo celebrando a nossa madrugada
E
De repente bem menos que de repente
Um sol inverso brilhará outrora com toda aurora que lhe resta
Única chama acima embaixo e ao derredor
Nosso amor de madrugada
Oh
Doce amada diamante negro bendita brasileira
Quando afinal ontem vier
De algum déja vu chegar
Misturando a minha carne fraca à sua palavra fêmea
Rasgada poesia que eu trago apensa ao peito
            Ontem de madrugada
            Eu morrerei de amor

Wellington Kallil
             


sábado, dezembro 03, 2011

Dilma e os militares....

Foto inédita mostra Dilma em interrogatório em 1970
A vida quer coragem (Editora Primeiro Plano), do jornalista Ricardo Amaral, chega às livrarias na primeira quinzena de dezembro. A foto abaixo, inédita, está no livro que conta a trajetória de Dilma Rousseff da guerrilha ao Planalto. Amaral, que foi assessor da Casa Civil e da campanha presidencial, desencavou a imagem no processo contra Dilma na Justiça Militar. A foto foi tirada em novembro de 1970, quando a hoje presidente da República tinha 22 anos. Após 22 dias de tortura, ela respondia a um interrogatório na sede da Auditoria Militar do
Rio de Janeiro.
http://www.youtube.com/watch?v=s6ZnnaCxAhg&feature=player_embedded

Lô - Horizonte Vertical
Novo disco!!!

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Cruzada do Papa Inocêncio III - 1215

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-ultima-sessao-do-iv-concilio-de-latrao#more


A última sessão do IV Concílio de Latrão

Do Opera Mundi

Hoje na História: 1215 - Papa Inocêncio III pede nova cruzada e intensifica perseguição aos hereges

Com o fim do IV Concílio, aumentou a repressão a grupos opositores de Roma 
p>O papa Inocêncio III preside a última sessão do IV Concílio de Latrão em 30 de novembro de 1215. Este novo concílio ecumênico foi o quarto a ter lugar no palácio romano de Latrão. Resultou na condenação dos cátares e dos valdenses; na proibição de criar novas ordens religiosas; na manutenção da discriminação contra os judeus; na aparição do termo “transubstanciação”. De resto, o papa apela por uma nova cruzada. Todavia, seria seu sucessor, o papa Honório III quem a organizaria dois anos depois e que acabaria em fracasso.
Até 1184, a ação de reprimir a heresia na Itália era problema dos bispos nas áreas afetadas. O III Concílio de Latrão (1179), que discutira a incidência da heresia, dirigiu sua atenção parao sul da França. No entanto, em 1184, o papa Lúcio III e o imperador Frederico Barba Ruiva encontram-se em Verona e juntos condenam os cátares, patarinos, valdenses, humiliates, os Pobres de Lyon e outras seitas.  
Foi Inocêncio III (1198-1216) quem pressionou para que a ação papal tivesse maior âmbito. Enviou uma torrente de cartas sobre heresia aos arcebispos e bispos e aos governantes seculares. Ele via a reforma da Igreja como necessidade básica. Em 1215, o IV Concílio de Latrão reafirmou a legislação pontifical ainda em vigor.
Em seu primeiro cânone, o concílio aprovou a doutrina baseadanas tradicionais profissões de fé, que foi porém emendada para contemplar as presentes heresias. O terceiro cânone especificou os procedimentos contra os heréticos, Outros cânones tocaram no tema da heresia de várias formas.
Por ocasião da morte de Inocêncio a Igreja já mobilizava suas forças contra a heresia, faltando apenas a Inquisição papal, para o que os precedentes já estavam estabelecidos.
Seria excomungada e anatematizada toda heresia que se levantasse contra a sagrada, ortodoxa e católica fé. Seriam condenados todos os hereges, fosse quem fosse. “Ele têm distintas faces, mas suas caudas estão atadas juntas na medida em que se parecem em sua arrogância. Que esses condenados sejam levados às autoridades seculares para a devida punição.”
Se fossem clérigos seriam primeiramente privados de suas ordens. Os bens do condenado seriam confiscados se foremlaicos e, se clérigos, seriam aplicadas as leis da ordem da qual recebiam o estipêndio. Aqueles que fossem apenas suspeitos de heresia seriam tocados pela espada do anátema, a menos que provassem sua inocência por uma apropriada purgação, levando-se em conta as razões da suspeita e o caráter da pessoa. Se a excomunhão persistisse por um ano seriam condenados como hereges.
Se um senhor temporal, demandado e instruído pela Igreja, negligenciasse em depurar seu território dessa "imundície herética", estaria sujeito à excomunhão. Se se recusasse a dar satisfação dentro de um ano, a questão será levada ao supremo pontífice que poderá declarar seus vassalos livres de prestar-lhe lealdade e tornar a terra, após a expulsão dos hereges, disponível para ocupação pelos católicos.
Também estavam sujeitos à excomunhão os crentes que homiziassem, defendessem ou apoiassem os hereges. Qualquer pessoa que, após ter sido indicada como excomungada, se recusasse a prestar satisfação dentro de um ano, seria acoimado de infame e não poderia ser admitido em órgãos públicos, nem escolher outros para a mesma função ou prestar testemunho. Não teria a liberdade de manifestar a última vontade nem de receber herança.
Se fosse um juiz, suas sentenças não teriam vigência e casos não poderiam ser levados ao seu julgamento; se advogado, não lhe seria permitido defender ninguém; se notário, os documentos por ele autenticados não teriam valor algum; se clérigo, que fosse destituído de qualquer função ou benefício.

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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