segunda-feira, outubro 31, 2011

Fernando Pessoa


Meu pensamento é um rio subterrâneo
Posted on março 25, 2007
Fernando Pessoa in Poesias Ocultistas
 
Meu pensamento é um rio subterrâneo.
Para que terras vai e donde vem?
Não sei… Na noite em que o meu ser o tem
Emerge dele um ruído subitâneo
De origens no Mistério extraviadas
De eu compreendê-las…, misteriosas fontes
Habitando a distância de ermos montes
Onde os momentos são a Deus chegados…
De vez em quando luze em minha mágoa,
Como um farol num mar desconhecido,
Um movimento de correr, perdido
Em mim, um pálido soluço de água…
E eu relembro de tempos mais antigos
Que a minha consciência da ilusão
Águas divinas percorrendo o chão
De verdores uníssonos e amigos,
E a ideia de uma Pátria anterior
À forma consciente do meu ser
Dói-me no que desejo, e vem bater
Como uma onda de encontro à minha dor.
Escuto-o… Ao longe, no meu vago tacto
Da minha alma, perdido som incerto,
Como um eterno rio indescoberto,
Mais que a ideia de rio certo e abstrato…
E pra onde é que ele vai, que se extravia
Do meu ouvi-lo? A que cavernas desce?
Em que frios de Assombro é que arrefece?
De que névoas soturnas se anuvia?
Não sei… Eu perco-o… E outra vez regressa
A luz e a cor do mundo claro e atual,
E na interior distância do meu Real
Como se a alma acabasse, o rio cessa…

terça-feira, outubro 25, 2011

A hora do agora

Toda hora é hora de dar o salto para o novo
ovo de uma explosão de nova vida...
Findas infinitas, tácitas vindas de um vir a ser radical,
radicado em minhas memórias do por vir...
Essa é a promessa, peça de uma engrenagem
miragem concreta daquilo que nos espera,
que se espera ou exaspera,
eras e meras grandezas de tempos incontáveis,
contados em lendas em lentas articulações e evoluções.
Toda hora é, ora bolas, horário do tempo eterno, termo estranho,
que marca no relógio da impaciência de quem sabe que o tempo não para
para o às vezes desejado descanso.
Então descambas para a espera nervosa, nervosos lábios aos gritos
lançando-se aos ritos, mitos, mil tons de lamúrias sem respostas.
Toda hora é obra, e cobra seu cumprimento.
Toda hora posso mudar o tempo do relógio desses tempos de hoje,
templos de forasteiros, 
viajamos em busca da hora certa, 
ou certa hora mais que incerta.
"Enceta tua viajem", me diz a magia,
"aceita o incerto de toda hora ser a hora da obra certa. 
segue teu rumo!!!"

Carlos Wagner

sexta-feira, outubro 21, 2011

Pessoa

Da Minha Idéia do MundoFernando Pessoa
Da minha idéia do mundo 
                     Caí... 
Vácuo além do profundo, 
Sem ter Eu nem Ali... 

Vácuo sem si-próprio, caos 
De ser pensado como ser... 
Escada absoluta sem degraus... 
Visão que se não pode ver... 

Além-Deus! Além-Deus! Negra calma... 
Clarão do Desconhecido... 
Tudo tem outro sentido, ó alma, 
Mesmo o ter-um-sentido... 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

segunda-feira, outubro 03, 2011

Novo Mural no facebook...

Criamos um novo "Mural", no facebook, espaço para que nossas trocas possam ser mais efetivas e visualizadas.
Aqui, neste blog, propriamente, procuro exercer uma prática de escrever, ler e reler textos interessantes, criar novos textos em múltiplas linguagens e estabelecer um campo como um espaço onde nossas ideias possam ser veiculadas.
Estejam sempre à vontade para participar, aqui ou alí.
Deixe seus comentários.

http://www.facebook.com/pages/Coutinho-Sagrada-e-Campos-f%C3%A9rteis/221483291248909?v=info#info_edit_sections

Carlos Wagner

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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