quinta-feira, maio 17, 2007

Fim do Los Hermanos?

Outro dia o Pedro, meu sobrinho, me perguntou: "E aí, tá muito triste com o fim do Los Hermanos? Cê tá de luto?"
Respondi: Pra quem já viu e viveu o fim dos Beatles, isso é fichinha.
Mas dá para fazer uma reflexão mais aprofundada sobre essa coisa de "perder" ídolos. Fui longe e pensei nos momentos em que pude sentir essa coisa da perda, da morte, do fim de namoro, da despedida de que vai para longe. É claro que existem dores mais fortes do que outras, principalmente aquelas ligadas a perdas irreversíveis, como a morte por exemplo. E no meu caso, e de muitos de nós, a partida súbita do Rogério. É muito dura a experiência da morte.
Porém, vivemos todo os dias a morte de alguma forma, na descontinuidade das coisas. Nós queremos que muitas coisas durem, principalmente aquelas que são boas, simpáticas e prazerosas. Talvez a nossa incapacidade de viver o presente nos leve a esse tipo de desencontro. Estamos de tal forma ligados ao passado, à experiência boa ou ruim, que deixamos de verificar com plenitude as coisas do "agora". Ficamos, quase sempre, ou querendo preservar o prazer, ou evitar a dor já vivida e conhecida. Vivemos, então, agora, ligados no passado e projetando o futuro. Abdicamos do "agora".
É claro que o que foi bom, seria bom viver de novo. Mas para isso precisaríamos estar nas mesmas condições em que estávamos quando vivemos aquela experiência. Como isso é impossível, tudo será sempre novo, seremos sempre outros, e as experiências nunca se repetirão.
Deveríamos, portanto, estar prontos para o sempre novo, mesmo que eles se referissem a coisa do passado. Uma música, por exemplo, a cada momento que a escutamos, obtemos emoções novas, percepções novas, como se a lente que nos permite enxergar, sempre providenciasse novos olhares, porque assim o é.
Por isso, não importa se os Beatles acabaram, o Led Zeppelin, os Novos Baianos e, é claro, o Los Hermanos mesmo. O que importa é que a obra desses artistas está aí para apreciarmos, já não pertencem a eles e podemos ouvi-las sempre, ou não!
Finalmente, perceber o fluxo das coisas é perceber a morte e a vida, a todo momento. Um leite que entorna, um ónibus que perdemos, um objeto que alguém rouba, uma derrota de um time amado. Uma criança que nasce, um olhar de flerte, uma amizade que se inicia, uma chuva que refresca. Lá e cá, há sempre fluxo, entradas e saídas.
Quero então, "by the way", encerrar este texto com a letra de uma música do Marcelo Camelo, LH, que diz:
"Quem acha que perder é ser menor na vida, quem sempre quer vitória, esquece a gloria de chorar",
e também do Rodrigo Amarante, LH, "então, tentar prever, serviu pra eu me enganar", Lulu Santos e Nelson Mota, "nada do que foi, será, do jeito que já foi um dia", e é claro, George Harrison, "All things must pass." e Mário quintana, "Todas as coisas passarão, Eu passarinho"
Até qualquer agora,

2 comentários:

Je´ Mie disse...

Olá!
Sim, as perdas existem e, sem elas, a vida seria outra coisa - não sei se melhor ou se pior mas, definitivamente, outra coisa.
Obrigada pela visita e volte sempre, gostei muito do que vi aqui
Emy

Coutinho Sagrada e campos disse...

Emy, obrigado também pela visita. Conversamos mais por aí...
Carlos Wagner

Todos novos em Capetinga

Todos novos em Capetinga
Olha aí o pessoal lá de antes...

O lobo da estepe - Hermann Hesse

  • O lobo da estepe define minha personalidade de buscador

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